segunda-feira, 22 de junho de 2009

Canudo dispensável


Bob Woodward e Carl Bernstein


Alex Ferraz

Bob Woodward e Carl Bernstein são considerados nos Estados Unidos, e em boa parte do resto do mundo, os jornalistas mais famosos do século XX (quem duvidar, vá ao Google, digite os nomes deles e leia nos sites americanos). Claro! Eles fizeram um perfeito trabalho de investigação jornalística e acabaram derrubando o homem mais poderoso do mumdo, o então presidente Richard Nixon, no célebre caso Watergate.

Bob e Carl, imortalizados em livro e no filme "Todos os Homens do Presidente", eram (não sei se continuam...) repórteres do jornal Washington Post.

Ah, sim: não eram formados em jornalismo!

Aliás, nos Estados Unidos, onde a liberdade é levada a sério para os cidadãos (embora para o resto do mundo, muitas vezes, os amercianos pensem diferente, vide as ditaduras que já financiaram na América Latina, inclusive aqui, não é preciso ter diploma algum para trabalhar em jornal.

Quando lá estive, certa vez, a convite do Departamenbto de Estado, premiado por reportagem que fiz em A Tarde, ainda ecoava na Bahia a greve de fome que fiz com mais três jornalistas em defesa do direito de colegas muito mais antigos que nós, que viviam exclusivamente do bom jornalismo que praticavam e praticam até hoje, que estavam na mira do Sinjorba para serem simplesmente defenestrados das redações, porque não eram diplomados. Na época, eu cursava da Faculdade de Comunicação da UFBA.

Pois bem: lá nos States, dentro da sala do editor chefe do Washington Post, perguntei ao diretor da Faculdade de Jornalismo da Universidade de Washington o que era necessário para ser jornalista nos EUA. E ele respondeu: "Basta escrever bem e estar sóbrio na hora de pedir o emprego."

Voltando ao Brasil: Nelson Rodrigues, talvez um dos maiores jornalistas que este país já teve (além de formidável dramaturgo), não tinha diploma.

Portanto, acho uma bobajda sem par essa discussão em torno do diploma. Aliás, sem querer ser agressivo com os novos, a quantidade absurda de erros, inclusive de conceituação, que boa parte dos estagiários tem cometido nas redações, hoje, é de espantar!

Em tempo: a exigência do diploma para jornalista foi obra da ditadura militar. Foi em 1969, quando os generais de plantão em Brasília resolveram impedir que intelectuais diversos (artistas, escritortes, poetas etc.) tivessem acesso aos órgãos de imprensa para criticar o governo.

E POR FALAR...

E por falar em imprensa, vejam vocês que o deputado federal Emiliano José (PT), jornalista que trabalhou como meu repórter na Tribuna da Bahia quando eu, precocemente, já exercia a Chefia de Reportagem aos 21 anos de idade, está agora querendo ressuscitar a falecida Lei de Imprensa, morta e muito bem morta pelo STF. Emiliano quer "liberdade com responsabilidade" (responsabilidade esta que seria medida pelo poder), mas parece esquecer que o regime militar, que o prendeu e torturou por ele ser comunista, criou a Lei de Imprensa exatamente para calar os jornalistas mais críticos. Lamentável, deputado, lamentável...

5 comentários:

  1. Ex-deputado, caro jornalista, ex-deputado.Pena que para ele isso rime a ex-democrata! Longas e tortuosas as vias que levam ou nos mantêm no poder!

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  2. Alex, eu, que admirava, até agora, Emiliano, estou chocado. Tinha-o em conta de outro tipo de pessoa e até enaltecia suas qualidades quando alguém o criticava.
    É, não sobra ninguém, mesmo, quando se trata de agarrar-se às benesses do poder.

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  3. A única defesa plausível para o diploma era a questão da manutenção da autonomia do jornalista.
    Mas de uns tempos prá cá essa autonomia virou sinônimo de sobrevivência... e jornalista agora faz tudo que o "senhor de engenho" mandar. Vide as revistas semanais, as grandes redes de TV, etc.
    PS.: Vcs têm idéia de que os comentários só podem ser feitos por quem tem conta no Google ? Por que não deixaram uma opção para "Anônimo"... além de possibilitar a não identificação nesse modo não precisamos estar "logados" em nenhum servidor.

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  4. Aqui, Tony Pacheco, respondendo a consulta de Alex Ferraz:
    Sim, é preciso ter conta Google para postar comentário aqui.
    O Google, que terá servidores em navios ancorados em ÁGUAS INTERNACIONAIS, segundo soube, faz isso de propósito.
    Será o DONO das comunicações no futuro. O GRANDE IRMÃO de que Orwell nos falava em 1984. Deverá ser em 2014 ou 2024...
    Enquanto o futuro não vem, o seguidor do blog tem mesmo que abrir uma conta Google para participar direto ou, então, mandar um e-mail. Aí não tem que ter conta Google.

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Se vai acusar alguém nominalmente, identifique-se e anexe as provas. Não vamos pagar indenização na Justiça por acusações que não fizemos.