quinta-feira, 30 de abril de 2009

Sarney, Lula, ditadura e general Newton Cruz



Sarney Político Profissional Esperto

Alex Ferraz

Enquanto dá geladeira vagabunda para o povão entrar de vez numa fria (devolver a dignidade, levando as pessoas a terem empregos, saúde e segurança públicas, quem há de?), o presidente Lula, que durante muito tempo posou de esquerda e enganou a muita gente (inclusive a mim, que, pasmem, fiz campanha para ele em 2002!), tem se aliado ao que existe de mais abjeto na direita brasileira, se é que existe alguém nessa direita que não seja abjeto.

Está agora morrendo de amores por José Sarney e sua filha, Roseana, governadora imposta do Maranhão com o aval do TSE.

Para os que têm memória fraca, vou lembrar aqui um episódio que mostra muito bem quem é Sarney, e cuja recordação me foi despertada pela excelente memória do jornalista Sebastião Nery, em comentário feito na Rádio Metrópole FM, aqui de Salvador.

Nery lembra que no dia em que a Emenda Dante de Oliveira, estabelecendo eleições diretas para presidente da República, foi votada pela primeira vez, o famigerado general Newton Cruz, montado "em seu cavalo mussolínico", nas palavras de Nery, desfilava pelas ruas de Brasília chicoteando jornalistas, batendo até em carros e ônibus, mandando esvaziar os coletivos que traziam pessoas para a manifestação pró diretas e deu até tapa na cara de deputados.

Era a expressão selvagem da danação a que chegou a ditadura militar, nos seus estertores.

Dentro do Congresso, Ulysses Guimarães fazia belíssimo discurso em nome da democracia e rejeitando a selvageria dos últimos generais de plantão, enquanto, vejam bem, Sarney se escondia! Isto mesmo. Trancado em seu gabinete, não teve coragem de dar as caras no plenário e, além disso, manipulou votos a ponto de a emenda acabar sendo vetada, mas foi aprovada mais tarde, como se sabe, em outra tentativa.

Mas é este o Sarney, na época do PDS, partido da direita brasileira.

E é este o mesmo Sanrey que hoje cai nas graças de Lula e de deputados que, graças à coragem do saudoso Dante de Oliveira e seus correligionários, não correm mais risco de tomar tapa na cara (embora boa parte deles mereça um soco dos eleitores).

Aliás, se dependesse de Sarney, Lula jamais teria chegado à Presidência da República. Nem Collor, nem FHC...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Ele "viu uma entrevista"

Tony Pacheco

Quando você se perguntar sobre as razões pelas quais o desemprego está crescendo de modo assustador; por que as estradas estão esburacadas, os portos assoreados, as escolas sem professores, o narcotráfico criou um Estado paralelo no Brasil, a corrupção em todos os três poderes estar desenfreada, você precisa apenas prestar atenção ao discurso do poder. E o poder é o Presidente da República.
Ouvi, hoje pela manhã, uma entrevista de rádio com o presidente Lula sobre a ameaça de uma epidemia de gripe suína no mundo e suas implicações no Brasil.
O que eu esperava era ele dizer que convocou o ministro da Saúde, os diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e os responsáveis pelo controle epidemiológico e foi informado sobre tais ou quais medidas concretas para livrar o Brasil de mais um problema. E, aí, anunciar o que ele decidiu fazer...
Mas, não. Ele apenas disse estar "tranquilo" por que ele "viu uma entrevista" (sic) com "um diretor da Anvisa" (sic) e ficou "convencido" (sic) que não há motivo para pânico.
Todos sabemos que estas notícias viajam pelo mundo apenas para manter as pessoas em estado de suspense a fim de que elas acreditem que precisam de autoridades para salvar e dirigir suas vidas. Contudo, espera-se sempre um pouco mais de um homem que dirige uma das 10 maiores economias do planeta.
É por estas e por outras semelhantes que vivemos nesta epidemia de dengue em pleno século XXI.

terça-feira, 28 de abril de 2009

O todo poderoso



Nós nem mosquitos sabemos matar

Alex Ferraz

O inegável sucesso político/eleitoral de Lula lhe subiu à cabeça.

O homem destrambelhou! Acha-se o próprio Messias.

Já deu uma de economista quando fez a análise da crise financeira, então ainda no nascedouro, afirmando que não era tsunami coisa nenhuma, mas uma "marolinha."

Agora, faz mais duas afirmativas peremptórias: o Brasil está preparado para combater a gripe suína e Dilma não tem mais nenhum problema de saúde.

A julgar pelos efeitos desastrosos que a "marolinha" vem causando ao País, sugiro que todos passem a usar máscaras e que a ministra Dilma Rousseff se interne novamente,com urgência, para exames diários.

Esse Lula!

Salvador, Salvador, Terra de Muita Dor


Lixão da Rua Pedro Américo, ligação entre o Fórum e a Creche da AMAB.



O lixão no Campo da Pólvora: 27.4.2009, 18 horas.

Ricardo Líper


Toda vez que tenho de ir para casa, passo por esse monte de lixo. Toda vez que saio de casa, também. Há anos. Mas não só eu: juízes, advogados, gente que frequenta o Fórum, os filhos dos servidores do IPRAJ que vão para a Creche da AMAB e outros órgãos da Justiça no Jardim Bahiano. Só a LIMPURB não passa no lixão.
Existe epidemia de dengue. Moro no Centro da cidade em um bairro considerado de classe merda, desculpem, classe média. Ninguém toma providência. Além de sacizeiros por todos os lados e assaltantes de moto. Que qualidade de vida, hem?!
Depois querem transformar esta cidade num pólo turístico: venham, venham ver nossos montes de lixo em frente ao Fórum da cidade!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Tenho lá as minhas dúvidas...




Lula em campanha por sua candidata Dilma, agora com um plus eleitoral...



Tony Pacheco

O câncer linfático da ministra Dilma Rousseff desperta em qualquer ser humano (ou melhor, em quase todo ser humano) um misto de pena e solidariedade, que é uma marca de nossa espécie.
No entanto, ela é um ser político e como todo ser político sabe que até mesmo sua doença será interpretada politicamente. E nem ela nem seus confrades do PT podem, em hipótese alguma, se chatearem com isso.
Se fosse uma líder religiosa que só transitasse em obras beneméritas, como salvar crianças com câncer, portadores de vírus HIV, flagelados pelas cheias ou pelas secas e coisas que tais, teria a unanimidade da Nação.
Contudo, é uma candidata à Presidência da República e, por isso, está sendo alvo de uma desconfiança por parte de muita gente.
Porque, veja o amigo internauta, está ficando cada dia mais difícil para o Sr. Lula da Silva fazer o seu sucessor. Ou melhor, sucessora. A própria Dilma.
A crise econômica mundial, que ele pensava que ia ser uma “marolinha” no Brasil, virou uma tsunami brutal que está liquidando postos de trabalho, fechando as portas de muitas empresas e enxugando outras, além de ter feito sumir o crédito fácil que havia na economia há pouco mais de seis meses.
Num quadro desses, será difícil ou quase impossível o PT fazer o sucessor de Lula. Daí que o apelo emocional para uma candidata com doença tão nefasta, assume ares de golpe eleitoral.
Quem negar isso ou é burro ou é mal-intencionado. Ponto final.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Agora, vai!



Gilmar (STF), Sarney (Senado), Lula (Presidência) e Temer (Câmara): nossos gloriosos líderes

Tony Pacheco

Quando vi na revista "Veja" (quanta redundância!)a foto histórica de Gilmar Mendes, o ínclito presidente do Supremo Tribunal Federal; de José Sarney, presidente do Senado Federal, uma figura que é uma lenda viva; de Luís Inácio Lula da Silva, Presidente do Brasil e admirado até mesmo pelo "dono do mundo" Barack Obama; e Michel Temer, presidente da Câmara dos Deputados, juntos, em Brasília, acertando um "Pacto pela República", senti um frio correr pela minha espinha.
É emoção demais. E senti ainda o peso histórico da cena, não apenas pelo que representa a história de vida destes próceres, mas porque a revista "Veja" apoiou o "Pacto" dizendo que é o início de uma nova era.
Agora, eu vi, agora, vai!

Quem governa, afinal?

Alex Ferraz

Lula já bateu o recorde de viagens internacionais, que pertencia a FHC. Jaques Wagner vai no mesmo ritmo. No Palácio do Planalto, a lista de compras de alimentos, principalmente carnes, daria para empanturrar a pobre África por um bom tempo (para não falar nos nordestinos, à mercê da seca).

Mas é assim mesmo.

Há muito tempo, coisa lá de 1980 e poucos, assisti a um filme - do qual, perdoem-me os leitores, já não recordo mais o nome - com uma cena que ficou para sempre na minha memória: em uma mesa enorme, executivos de uma grande multinacional norte-americana se reúnem e o chefe deles discursa. A certa altura, diz: "Vocês pensam que quem governa os Estados Unidos é Ronald Reagan? Não! Quem governa os americanos é a General Motors, a Texaco, a IBM, os grandes bancos..." Bem, creditemos à dita crise internacional a decadência de alguns nomes e setores citados,mas a verdade é que o verdadeiro governo continua nas mãos de quem comanda o dinheiro e, com ele, comanda quem finge comandar.

Isto posto, fica claro que os governantes são meros fantoches, alguns metidos a engraçadinhos e fazendo piadinhas cretinas com tudo, ignorantes, cheios de metáforas e jogando no lixo o seu passado de "defensor dos racos e oprimidos"; outros, como foi FHC, posudos, cheios de currículo, mas nem por isso menos títeres.

Funciona assim: os grandes empresários observam os candidatos e, junto com especialistas em marketing e coisas que tais, escolhem aquele no qual vão investir pesado. Aí, o sujeito é eleito (pode dar zebra, mas é raríssimo, e fiquem certos que Lula não foi uma zebra!) e tome-lhe mordomia. Palácio, muita carne para churrasco (ou algo mais sofisticado, dependendo do gosto e nível cultural de cada um), um avião novo em folha, inteirinho, para viajar mundo afora "em busca de novos investimentos para o país, a fim de gerar emprego e renda", e uma grana violenta, não declarada, que transforma qualquer retirante da seca em bilionário em quatro anos (ou menos!).

Bem, a missão política dessa marionete é prometer ao povo coisas que não serão cumpridas e receber o ovo na cara quando houver protesto. Enquanto isso, especialistas, estes, sim, frios e calculistas, governam a economia sob a ótica cruel e realista do capitalismo. Então, quando eu ou você xingamos Lula, Meirelles dá risada, e Lula sai para passear, para aliviar o estresse tomando umasduas a bordo deum luxoso Airbus.

Isto não acontece só no Brasil, tampouco só com Lula, e muito menos apenas em nível de Planalto. Se é que vocês me entendem...
Bem, quanto aos parlamentares, em todos os níveis, o processo é mais ou menos o mesmo. Daí que mesmo os mais radicais "defensores do povo" acabam mudando de atitude quando chegam lá. E diante do escândalo das passagens, já vi não escapa ninguém.

E continuemos nesse teatro,cuja platéia, pelo menos no Brasil, na sua maioria não tem dinheiro nem para pagar o ingresso. Pelo contrário, recebe bônus para assistir à peça calada.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Salvador, Salvador, terra de muita dor!


A telefonia nos trata como antas

Ricardo Líper

Tudo aqui muda para não funcionar. Até há bem pouco tempo, o 102, o número das informações telefônicas, era uma beleza. O atendente achava o número, às vezes até por pequenas indicações dadas por nós. Eu próprio ficava admirado quando eles diziam certinho o número. Mas, alegria de pobre dura pouco! Em pouco tempo os atendentes não sabem os números mais óbvios. Agora piorou: você ouve uma secretária eletrônica pedindo a você para teclar o número para telefone comercial ou particular. Depois pede para você isso e aquilo e nunca entende o que você diz. Enfim, se você tiver pressa, vai sair prejudicado. Algum picareta deve estar ganhando dinheiro vendendo essa tecnologia imprestável que só faz torturar as pessoas que ligam. Ou as celebridades dessas empresas quando se reunem mostram a incapacidade total de gerir o que dizem conhecer.
Resultado, eu não ligo mais para o 102. Nossa qualidade de vida nessa terra de muita dor é cada vez mais uma merda. E não se tem a quem apelar. O povo se conforma, não faz nada e o governo não tá nem aí e muitas vezes participa da bandalheira.

terça-feira, 21 de abril de 2009

DIA DA TERRA



Na fazenda irrigada na Paraíba e...



... na fábrica iraniana de automóveis na Venezuela vão 90% da água doce do planeta.



O ambientalismo é um diversionismo

Tony Pacheco

Nunca fui bem visto pelos meus amigos ambientalistas, porque nunca fiz de minha carreira jornalística um aríete em defesa do chamado meio-ambiente, pois aqui vai mais um balde de merda pra eles jogarem em minha cabeça.
Para mim, ambientalismo é alienação, para nos desviar da verdadeira questão, que é o capitalismo. A luta é pela mudança radical do modo de produção capitalista por um outro. Seja lá o que este “outro” for.
E começo por uma questão prosaica: hoje, Dia Mundial da Água ou Dia da Terra, a imprensa mundial saiu com esta “denúncia” – “Os moradores do entorno do Lago Paranoá, em Brasília, estão consumindo 1.000 litros de água por dia, por pessoa, enquanto que na Namíbia, no Sul da África, cada ser humano só consome 1 litro de água por dia”.
Não parece uma coisa absurda? Estes brasilienses não parecem uns perdulários canalhas?
Só o que os ambientalistas “esquecem” (amnésia seletiva) é que o consumo pessoal de água, chamado residencial, é responsável por menos de 10% do total de água doce consumidos no mundo. Eles fazem questão de “esquecer” que 70% da água consumidos no planeta são utilizados pela agropecuária (irrigação e animais). Outros 20% são utilizados pela indústria, a maior parte, e pelo comércio.
Então, a luta não é contra os habitantes de Brasília que consomem 1.000 litros per capita e, sim, contra os empresários do agronegócio, da indústria e do comércio que utilizam 90% da água doce do planeta para produzir TVs de plasma, máquinas de lavar, roupas que saem da moda em questão de segundos, automóveis que mudam um farol e condenam o do ano passado ao lixo, iPods e todas estas bugigangas pelas quais os homens se matam de trabalhar todos os dias para ter em suas casas.
Em resumo: é o modo de produção capitalista, que não produz o que precisamos, mas, sim, produz objetos que somos forçados a consumir por uma massiva campanha de lavagem cerebral em nível mundial.
É o nosso modo de vida burguês que está destruindo o mundo. Não é o banho que você toma em casa mais demorado.
Não adiantará ABSOLUTAMENTE NADA você tomar um banho de apenas 2 minutos em sua casa, se a LG quintuplicar sua fabricação de TVs para atender os mercados indiano, chinês, brasileiro e russo; nem a Toyota ficar fabricando um carro de farolzinho diferente daquele do ano passado.
É o capitalismo a questão. E é bom que ele esteja em crise em todo o planeta neste dia exato para que os ambientalistas tentem mudar o seu foco, porque quem caça baleias não é dona Raimunda do Calabetão e, sim, os empresários japoneses e noruegueses que criaram uma indústria capitalista baseada em caça à baleia.
Dããããã!!!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

DVDs de suspense.


A Tortura do Silêncio

Ricardo Líper

Muitas pessoas me pedem indicação de o quê locar quando estão procurando filmes nas locadoras. Para não decepcioná-las vou indicar alguns filmes cujo critério é ser um bom divertimento de suspense. Tem um filme de Hitchcock pouco visto que merece atenção. Tortura do Silêncio, Chave Mestra pode ser considerado terror. Repare: estou recomendando filmes pouco vistos, fora dos grandes momentos do cinema.12 homens e uma Sentença, A Dama Enjaulada merece sua atenção. Depois darei mais algumas dicas. Espero que gostem.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

A volta ao mundo em um mandato


India e Brasil competindo em miséria

Alex Ferraz

O governador da Bahia, Jaques Wagner, vai fazer mais uma viagem internacional. Segue para Índia, Inglaterra, França e Holanda. Da Índia, diz ele, trará "uma mineradora ou uma siderúrgica"; na Europa, fará contatos para voos diretos para Salvador e parcerias relativas à Copa do Mundo de 2014.

Bem, na Índia o governador poderá aliviar um pouco a consciência ao ver que, por incrível que pareça, há pessoas no mundo vivendo em condições ligeiramente piores do que aquelas enfrentadas pela população das favelas de Salvador e dos recônditos da zona rural baiana.

Quanto à Europa, sugiro que o governador, em vez de gastar seu precioso tempo "incrementando laços comerciais" ou "fazendo parcerias" (dois eufemismos que os políticos adoram para designar o puro e simples turismo com o dinheiro público), procure saber por que não há assaltos a ônibus, muitas vez com mortes, em Londres, Paris ou Amsterdã; por que as pessoas podem sair às ruas sem o pânico de serem assassinadas na próxima esquina, por bandidos ou pela Polícia; por que a maioria absoluta da população, mesmo com toda crise, não tem que dormir preocupada se terá comida na mesa na manhã seguinte; por que o transporte público funciona de forma exemplar; por que, enfim, as pessoas são tratadas com mais respeito e dignidade?
Se o governador conseguir aprender um pouco observando esses "pequenos" detalhes, pode esquecer siderúrgicas indianas, voos ingleses e parcerias francesas. Trará para o Brasil uma bagagem que justificará o gasto do nosso dinheiro.

Boa viagem, Wagner! Mas volte logo! Lembre-se que o sr. tem um estado para governar...

Dossiê: AUTOMÓVEIS

C300: este é o padrão de design moderno: cara de mau, muita chapa e vidros pequenos. Herança do Hummer.

O Hummer, usado na Primeira Guerra do Iraque, é o padrão que todos seguem hoje: muita chapa e pouco vidro. Segurança é tudo num mundo sitiado.


Tony Pacheco


E, de repente, o presidente “O Cara”, do Partido dos Traíras, colocou a indústria automobilística como a tábua de salvação da crise brasileira. Tirou uns pontinhos percentuais no IPI dos carros e as montadoras só repassaram, exatamente, o que o governo retirou de IPI. Não deram um tostão de redução de seus lucros, ao contrário das montadoras de todo o mundo, que fizeram reduções drásticas no preço dos seus produtos.
É o velho esquemão do empresariado brasileiro, que a indústria automobilística estrangeira aprendeu direitinho: tirar dinheiro do governo, cobrar preços exorbitantes e ganhar nas duas pontas.
E é por isso que fizemos um dossiê para você que, eu sei, não vai resistir e comprar um carro zero, mesmo levando ferro no preço e nos juros exorbitantes.
Vamos falar de nossos carros de um jeito que você não lerá em nenhuma revista especializada ou em cadernos de automóveis.

DOS MOTORES

O caso mais emblemático dos motores que equipam os carros no Brasil é o do antigo Ford Corcel II (a meninada, que não conheceu este carro, coloque lá no Google Imagens e veja). Quando da primeira fase do Proálcool (anos 1970/1980), o Corcel II a álcool fazia até 12 quilômetros com um litro do combustível vegetal.
Hoje, o motor mais vendido na Ford, o 1.6, que equipa Fiesta, EcoSport e Focus, também movido a álcool (pode-se usar gasolina, mas quem tem dinheiro pra isso?), não consegue fazer mais do que entre 6 e 7 quilômetros por litro.
Isto é, parece que nossas montadoras são plantadoras de cana.
A Chevrolet e a Fiat levaram este negócio de vender motor ultrapassado às últimas consequencias e usam os mesmos motores em seus carros. Os 1.4 e 1.8 que estão sob o capô do Corsa e do Meriva são os mesmos que equipam Palio, Palio Weekend, Idea, Strada e Dobló. Todos fabricados por uma empresa chamada Powertrain. E olhe que são dois motorzinhos beberrões. O 1.8 na versão Adventure da Weekend, por exemplo, sofre para conseguir fazer 5 quilômetros com um litro de álcool. Consumo igual ao da Ford Explorer V8 americana, um carro com mais de 2 toneladas e meia e mais de 230 cavalos.
A Volkswagen tem um mesmo motor há quase 30 anos. Vem recauchutando ele e mudando de nome fazendo sopa de letrinhas.
Os que são econômicos, que são os 1.0, não merecem nem consideração, pois são péssimos em desempenho e responsáveis pelo fumacê nas grandes cidades e por grandes aborrecimentos em ladeiras e, pior, incapazes de fazer ultrapassagens seguras nas estradas. São feitos para ficar presos nas cidades.
E, para nosso azar, até a Honda, chegada ontem ao mercado e que poderia ser a salvação do consumidor brasileiro, resolveu avacalhar com tudo e botou no belíssimo Honda Civic um motor que consome tanto que é o rei das reclamações dos leitores de revistas e sites especializados.
É um resumo do que são os motores dos carros “nacionais”.
Vai encarar?

DO DESIGN


Das quatro grandes montadoras do Brasil (Fiat, Chevrolet, Volkswagen e Ford), responsáveis por cerca de 80% dos carros vendidos aqui, somente a Fiat e a Ford têm, atualmente, carros de grande vendagem com design que acompanha o de suas matrizes no Primeiro Mundo. É o caso do Punto da Fiat e do novo Focus da Ford.
Para saber, hoje em dia, se o carro é moderno ou vai mudar daqui a pouco, basta olhar a área envidraçada: se tiver janelões é porque o projeto é antigo.
Padrão do moderno design de automóveis hoje em dia foi estabelecido pelo Hummer americano: janelas pequeníssimas, frente com aspecto robusto e muita chaparia, que leva o consumidor a pensar que o veículo vai protegê-lo contra a violência nas grandes cidades do mundo.
Vejam o caso do Gol da Volks. O novo tem janelinhas pequeníssimas, na linha do Hummer e de veículos importados para barões, como o C300 da Chrysler e o Fusion da Ford: cara de mau e muita chapa e pouco vidro.
Na contramão, os “carros-cristaleira-da-vovó” vendidos por aqui, tem vidro que não acaba mais: da Fiat – o Uno Mille, o Dobló, o Palio, o Idea; da Chevrolet – o Celta e o Astra, a velhíssima S10; da Volks – o Gol IV, Golf, Saveiro, Polo; da Ford – o Ka, Fiesta, Ranger.
De carro para classe média baixa (os 1.0), não tem nenhum de design avançado. Só velharia.
Classe média média tem Gol V e Punto.
Classe média alta tem Civic, Corolla, Focus, Línea e Vectra.
E, para terminar, as montadoras locais insistem em vender aqui carros que já saíram de linha lá fora e vão dar prejuízos aos consumidores locais na hora de trocar: Golf, Polo, Astra, Vectra, Stilo, Dobló, Mégane, já estão uma ou mais gerações à frente do design vendido aqui.
Vai encarar?

RAIMUNDA AO CONTRÁRIO

A tradição machista diz que quando uma mulher tem corpão e um rosto horrível ela é Raimunda: feia de cara e boa de b... bondade.
Com os carros à venda no Brasil está acontecendo o contrário. Os designers começam desenhando a cara do carro com entusiasmo, desanimam um pouquinho na lateral (o perfil) e entregam a traseira para o estagiário do estúdio acabar. Literalmente.
Veja se o leitor concorda comigo. Exemplo 1) o Peugeot 307 Sedan. A frente é deslumbrante. O perfil é legalzinho, embora os janelões sejam antiquados. Mas a traseira é medonha, com lanternas erradas e o corte do porta-malas equivocado. Exemplo 2) o Honda CRV. A frente é arrojada. A lateral é mais ou menos. A traseira é medonha. Parece que não sabiam como terminar o carro e entregaram: “Ah, arredonda aí, bota um enfeite embaixo e deixa quieto!” O resultado é horrível. Exemplo 3) Peugeot Escapade. A SW francesa tem uma frente legalzinha na nova versão 207. O perfil é harmonioso, embora as janelas grandonas sejam antigas. Mas a lanterna traseira em forma de vírgula mal-feita (dizem que é um bumerangue...) é “uó do borobodó”. Exemplo 4) Novo Ford Focus. A frente é passável. Até arrojada. A lateral é digerível (as janelas podiam ser menores). Mas aí o estagiário falou: “Bota a traseira do antigo Mondeo. Eu acho legal!” E não é que a Ford atendeu ao menino!? Um claro sinal de “déjà vu”.
E a pergunta que fica é: por que pagamos tão caro por carros tão feios?

ALGUNS TOQUES NA COMPRA

a) Anúncio por trás...
Carros cujo anúncio em revista, TV, jornal, Internet só aparece a traseira... desconfie. Procure ver a frente dele antes de se decidir, pois se a fábrica tem vergonha da carinha da criança, não é você que vai colocar o “mininu” dentro da sua garagem, né mesmo?

b) Bonitinho e ordinário
Mas o pior é o que acontece com a motorização. De três em três anos todos os modelos recebem uma “guaribada” no visual, como recentemente a linha Palio, a linha Gol, o “novo” Vectra Hatch...
Mas não mexem nos motores, alguns com mais de 20 anos de projetados. Resultado: motores beberrões de gasolina e álcool.

c) Preço de imóvel
O Brasil tem os carros mais caros do mundo. Ninguém da “mídia especializada” fala nisso. A Ford, por exemplo, só porque mudou a frente do Focus, resolveu cobrar 15 mil reais a mais. O Focus Hatch custava 40 mil e agora vem a 55 mil. E o motor sequer é flex, numa contramão brutal. Só funciona a gasolina.
Com R$55 mil a pessoa compra um apartamento de 2 quartos. Pior é que nos EUA, o mesmo carro não chega a R$30 mil e na Argentina (pasmem!) custa R$44 mil.
Ninguém merece!

d) Compre um imóvel
Se você tem dinheiro disponível, compre um imóvel. Sem querer julgar ninguém, mas julgando (e muito!), é bizarro ficar andando de carro bonito e pagando aluguel.

domingo, 12 de abril de 2009

Somos um povo pacífico. E só levamos ferro!

Alex Ferraz

No bar, enquanto uns almoçavam e outros apenas bebiam, a TV bradava os conflitos na Tailândia, em prol da renúncia do premiê Abhisit Vejjajiva.
Tiros, bombas gás, carros virados, enfrentamento com a polícia, o cenário clássico, enfim.
Ai, um cidadão claramente humilde, trabalhador da Limpeza Pública, engole o último trago da cachaça, vira-se para o povo no bar e brada, orgulhoso:
- Ainda bem que isso não acontece no Brasil.
Festeja o fato de sermos um povo pacífico, que só vai às ruas se o time for garfado na final do campeonato.
Ah, sim: um povo pacífico em cujo país são assassinadas 50 mil pessoas por ano.
Pano rápido!

Certo dia, no Colégio Carneiro Ribeiro...

Alex Ferraz

O aluno do curso noturno chegou ao Colégio Estadual Carneiro Ribeiro, ali na Ladeira da Soledade, em Salvador, às 19h30.
A primeira aula era de Português.
A professora entrou e começou a papear com a garotada, em tom de quem estava meio cansada. Atrás dela, o quadro mostrava inúmeras fórmulas matemáticas.
Um aluno pergunta:
- Professora, a senhora não vai apagar o quadro?
E a professora:
- Não, meu filho. É que vim direto do trabalho (!) para aqui e não passei em casa para pegar a esponja e o "pilot", para escrever...
Fecha o pano rápido.

sábado, 11 de abril de 2009

A farsa da "autonomia" da Câmara Municipal de Salvador


Alex Ferraz

Os vereadores de Salvador estão agitados. Protestam contra uma agressão sem precedentes à sua autonomia. Nossa! Será que está havendo alguma tentativa de cooptação dos nossos altamente independentes e vigilantes edis para a aprovação de algum projeto escuso? Estariam os vereadores de Salvador sendo cerceados no seu direito (e dever!) de fiscalizar a administração da cidade pelo prefeito? Ou será que forças do mal engendram uma desmoralização pública do parlamento municipal, com o objetivo de fazer com que interesses econômicos mandem e desmandem na primeira capital do País?

Nananinha! Os edis estão revoltados com o Ministério Público porque o órgão impediu o trem da alegria que contrataria 41 novos assessores, aumentando as despesas da Câmara em mais de R$ 2 milhões, em tempos de ditas vacas magras da falada crise.

Choramingam os edis de Salvador que estão sendo atingidos na sua autonomia. Mas que autonomia, senhores? Autonomia para melhorar seus próprios ganhos e de amigos? Ah, sim...Por que autonomia para barrar absurdos do PDDU, que liberou a orla de Salvador para uma muralha de concreto que em breve acabará com o que resta de brisa nesta bela cidade, ninguém teve. Fizeram um festival de teatro para engar os bobos, realizando "debates" em menos de uma semana, varando madrugadas com a "preocupação" com o PDDU, mas, no fim, aprovaram bonitinho. Tudo.

Temem perder a autonomia! Essa é mesmo boa! Tiveram (ou têm) os senhores autonomia para levar a sério a investigação sobre o assassinato do servidor público Neylton Souto, morto com requintes de tortura dentro da sede da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador? Foi (e é!) um escândalo sem precedentes, mas sobre o qual colocou-se a pedra do cinismo e da amnésia oportunista e criminosa.

Têm, os senhores vereadores, autonomia para investigar o cartel dos postos de combustíveis de Salvador, que praticam o mesmo preço e ai de quem sair da linha? Possuem autonomia, os vereadores de Salvador, para investigar seriamente o péssimo funcionamento da saúde pública municipal ou das escolas da capital baiana?

Não. E nunca se importaram com essa falta de autonomia, porque ela, certamente, significa a porta aberta para auferir vantagens que só são acessíveis aos que se calam diante do poder executivo e aceitam tudo que emana dos palácios de governo ou de setores privados fortes, mesmo com meia dúzia de parlamentares fingindo espernear.

Mas, sim, a falta de "autonomia" atinge em cheio os brios dos vereadores da capital quando lhes impede de legislar em causa própria.

Viva o Ministério Público! E que nossos vereadores aprendam de uma vez por todas que não são pagos a peso de ouro para deixar a cidade virar uma Casa de Mãe Joana, enquanto elaboram centenas de projetos para dar titulo de cidadão, medalhas e mudar nomes de ruas.

Me batam um abacate!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Dois filmes para a família na Semana Santa

Tony Pacheco


Em plena Semana Santa, com toda a família reunida para celebrar o Senhor Morto em volta de muita moqueca de vermelho e caruru, nada melhor do que dois filmes que mostram as delícias dos relacionamentos familiares.




“Parente... é Serpente” (Parenti Serpenti)
Itália - 1992, 96 min


Uma típica família italiana se reúne na casa da nonna para a ceia de Natal. Separados pela distância e estilos de vida diferentes, tudo transcorre em clima de festa. No entanto, as verdadeiras personalidades de cada um dos irmãos vão sendo expostas e minam, aos poucos, o clima festivo. Há, por exemplo, a irmã hipocondríaca e intrometida; a outra é frustrada por não ter filhos, e um dos casais tem uma filha adolescente e comilona que sonha ser bailarina, não falta o “gay oficial” da família. O que resta da fraternidade familiar vai por água abaixo quando o velho casal anuncia que quer morar com um dos filhos. A partir daí, começa um autêntico jogo de empurra, já que ninguém quer arcar com a responsabilidade. Assim, o mestre italiano Mario Monicelli, que dirigiu clássicos como “O Incrível Exército de Brancaleone”, destila seu humor cáustico e corrói a base da família tradicional italiana, numa comédia para se rir e refletir.
Elenco: Alessandro Haber, Marina Confalone, Cinzia Leone, Eugenio Masciari, Monica Scatinni, Paolo Panelli, Pia Velsi, Renato Ceccheto, Tommaso Bianco
Direção: Mario Monicelli
Gênero: Comédia
Extras: Menu Interativo Animado, Seleção de Cenas, Acesso Direto às Cenas, Seleção de Idiomas, Ficha Técnica, Curiosidades, Biografia do Diretor, Filmografia do diretor.
País: Itália
Formato de Tela: Fullscreen
Áudio: Dolby Digital 2.0





“A Rainha Margot” (La Reine Margot)


Este filme trata dos conflitos na família real francesa no séc. XVI, e mostra quão ingênuas e mal-intencionadas são as definições de família que nos tentam impingir. Quando os interesses aparecem, não tem mãe certa nem filhinho do papai que se sustente.

Aqui, um resumo de Arthur Prado Netto comentando o caso "A Rainha Rainha Margot". Vamos lá.

“Psicanálise e História

"É apenas após o reconhecimento do historiador pelo que a psicanálise tem de potencial para explicar o comportamento grupal e a interação contínua entre mundo e mente, que ele pode sentir-se pronto para incorporá-la aos seus métodos de investigação e integrá-la à sua visão do passado."
(Peter Gay)

“Um dos acontecimentos que nos fazem pensar na ação do inconsciente no curso da história é o da "Noite de São Bartolomeu" e de toda a conjuntura que lhe é contemporânea. E o que pôde suscitar essa reflexão foi a análise de um filme que, não obstante esteja nos limites do ficcional e do não-ficcional, possui um forte sentido histórico. Tomemos como exemplo, agora, o filme “A
Rainha Margot”, vislumbrando mesclas do contexto histórico e psicanalítico dos fatos evidentes nos primórdios da Idade Moderna, quando a Europa convivia com a ascensão da burguesia e com a consolidação do absolutismo. Baseado no livro de ficção “La Reine Margot”, de Alexandre Dumas, publicado em 1845, o filme traz uma versão realista da história, revelando a psicologia das personagens, seus atos e gozos sexuais desregrados.

“Durante o século XVI, precisamente no ano de 1572, católicos e protestantes se enfrentavam em uma guerra civil intermitente. Nesse contexto, a rainha Catarina de Médici e Jeanne D’Albert, com o objetivo de consolidar a paz e estabelecer uma aliança entre os Valois (protestantes) e os Bourbons (católicos), firmam o casamento de Marguerithe de Valois e Henri de Bourbon (rei de Navarra).
“Numa visão psicanalítica, a família real sofria a ausência da Lei de Interdição (ou seja da Lei do Pai). A figura materna, ora representada por Catarina, vivenciava uma relação incestuosa, uma vez que não havia a presença do Pai (aquele que controlaria as pulsões sexuais), representando uma "mãe-fálica", aquela que exerce uma postura forte no exercício do poder, acarretando a ausência do "feminino". Entretanto, ela alimentava uma forte ligação com seu filho, Anjou, que faz extrapolar o limite do Édipo imaginário, exercendo o amor incestuoso e real. Há também comportamentos sexuais perversos dos sujeitos masculinos; tratando-se de uma outra estrutura (a "perversão"), na qual o desejo é tomado de modo diferente na sua dialética com o falo, ou seja, o desejo é colocado como imperativo de gozo ( um "imperativo superegóico").
“O amor , no contexto real da corte, era algo que não se podia demonstrar, um meio fácil de poder atingir o outro através do sujeito apaixonado. Toda liberdade que se tinha disponível para o sexo entrava em contradição com a forma de amar, pois o amor só poderia existir no âmbito familiar. O personagem La Mole, por exemplo, sempre insinuou a beleza e a liberdade do amor em Navarra, visto que, naquele reino de poder, era perigosa a relação amorosa entre ele e Margot, sendo este sentimento comparado à morte (a forma encontrada para destruir alguém). Outro momento importante no filme que representa o que afirmamos acima é o que trata do amor de Henri de Bourbon por Charlotte, que no decorrer da história só não lhe trouxe a morte devido a interferência de Margot que o salva do beijo envenenado e afirma: "aqui não se pode demonstrar a quem se ama; esta é a forma que eles acham para te destruir, com quem se dorme". Seria o amor sinônimo da morte?
“Margot encontra-se perdida entre o seu casamento imposto e as questões graves refletidas no "feminino". Seu comportamento sexual predominante é o de se oferecer como objeto, a exemplo do ocorrido em sua noite de núpcias — ela doa-se ao seu amante e diante da frustração obtida pelo "não", sai às ruas numa "busca de homens", assumindo um comportamento sexual, em geral, masculino: o da procura, da caça ao prazer. Ela aparece entre o "masculino" e o "feminino", consequência de pertencer a uma família de homens com estruturas homossexuais. Parece que é interdita redimida ao amor, até que se apaixona por La Mole (protestante), ao qual se entrega, a princípio apenas como objeto de prazer. Entretanto, o verdadeiro amor transforma-a em "sujeito", em alguém apaixonada e capaz de enxergar os limites e as contradições de sua família, confrontando-se, então, com sua mãe e evidenciando o ódio entre ambas. O amor a retira da posição de objeto desvalorizado no qual o gozo assume a dimensão permanentemente masoquista e a torna sujeito, pois a metáfora do amor exige também a posição de sujeito desejante. Dessa forma, Margot tem vislumbres de algo do real que outrora não identificava em sua relação com os irmãos.
“Apenas distante da família, Margot poderia amar. A morte de La Mole traz a dimensão do seu amor ao nada, assumindo, ao final, a forma de fetiche: a cabeça do amado é preservada, conservada, fetichizada como objeto significante do desejo. E então, ela parte para Navarra, onde lhe seria permitido amar. A incriminação de La Mole por Catarina traz o preço a ser pago por ela ter violado a "lei do amor", pois se tornara sujeito imperativo, acentuando, como já foi dito, a rivalidade e o ódio entre ambas. Tal ódio é demonstrado claramente pelos atos de Catarina que desejava, a todo custo, destruir a feminilidade de sua filha.
“O Rei Carlos IX apresenta, como todos os irmãos, uma carência paterna intensificada, percebida em sua relação com Coligny e, posteriormente, com o seu cunhado Henri de Bourbon (apresentando traços de homossexualidade). Encontrava-se diante do poder supremo, e o seu amor por Marie era algo velado, sendo apenas revelada a existência de sua amante e filho bastardo a Henri de Navarra no instante em que se estabelece uma grande amizade entre ambos.”

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Novela: Crônicas de Cretinolândia. Cap. 2

Capa do livro sobre "Roubo e Genética" do Dr. Epaminondas




Ricardo Líper
Uma das maiores autoridades acadêmicas de Cretinolândia é o Dr. Epaminondas. Chefia departamentos importantes, é doutor e pós-doutor. Manda como um marajá na única Universidade de Cretinolândia. "Sou da área de saúde", como diz, em um português imitando o de Portugal. Na realidade, seu forte é a genética. Seu grande projeto era mostrar que os cretinos, habitantes de Cretinolândia, devido descenderem diretamente de ladrões perigosos da Europa, eram corruptos e roubavam compulsivamente. Desde os garotos que vendiam cafezinho até os mandatários. E, aí, ele se incluía, revelando, com uma sinceridade desconcertante, que através de tráfico de influência recebia fortunas por pequisas que nunca terminavam e eternas bolsas de pesquisas dos órgãos acadêmicos do país. Aliás, os genes da corrupção eram seu grande argumento para explicar a roubalheira desenfreada no país. Em conferência no Brasil, em uma grande Universidade de S. Paulo, quase foi expulso porque queria estender a pesquisa também ao Brasil, alegando que os nossos antepassados eram degredados também. Com a sala tumultuada, argumentava que a genética se metia em explicar tudo, desde a crença em Deus até pederastia, porque não o roubo? Com explicar o motivo de um sujeito que tem emprego, come bem, dorme bem, político de renome ou professor prestigiado de um Universidade pública roubar? Não conseguir parar de roubar? Ficava, em pé, debruçado na mesa, olhos esbugalhados. Hem? Hem? Hem? Colérico, voz de gigante, ameaçava dar o nome de professores, acadêmicos de nome, brasileiros cantados em prosa e verso, arrolados na sua pesquisa sobre corrupção acadêmica. Inédita no mundo. Termo cunhado por ele, corrupção acadêmica, para estender suas pesquisa aos DNAs de seus colegas na América Latina. "Nos nossos países é genético" - gritava se referindo ao roubo - "É genético."

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Faça como o governo. Não gaste.



Tony Pacheco

Depois de prorrogar a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos automóveis, que fez o mês de março o de maior venda na história da indústria automotiva do Brasil, o governo Lula/PT, como Deus, "achou bom", e resolveu estender o “benefício” aos fogões e geladeiras. Depois virá, claro, à torradeira, ao secador de cabelo e por aí vai...
O mais curioso é que o governo está na ânsia de que mantenhamos a economia funcionando, comprando tudo como se não estivesse acontecendo nada no mundo.
Mas, quando se trata do dinheiro do próprio governo, Lula já cortou as despesas com educação, saúde e segurança públicas, justamente os setores em que somos campeões, não é verdade? Campeões em mau desempenho na avaliação dos alunos de nossas escolas. Campeões em filas de atendimento nos postos de saúde e na má distribuição de medicamentos aos mais necessitados. Campeões na quantidade de assassinatos de pobres, pretos e brancos, por parte de quadrilhas e de policiais pertencentes a grupos de extermínio, além, claro dos traficantes, que já fincaram um país dentro do país, onde eles controlam tudo.
E Lula, diante disso? Avisou aos prefeitos e governadores que vão ter que apertar o cinto. Claro, os que forem do PT apertarão uns dois furinhos a menos. Mas o resto? O resto vai se lenhar sem o repasse do Fundo de Participação dos Estados e Municípios. É sempre bom lembrar que, no Brasil, que se diz uma república federativa, de federação não temos nada: mais de 60% (vale dizer, 6 em cada 10 reais arrecadados) dos impostos são do governo federal, os outros 40% ficam divididos entre 27 estados (incluindo aí o DF) e mais de 5.500 municípios. É mole ou quer mais?

JOGO DE ESPERTO

Enquanto Lula mantém a economia em funcionamento com o dinheiro de nossas compras de carros e geladeiras, se livrando de migalhas de alguns impostos, como o IPI, vai poupando o dinheiro dele, ou seja, o dinheiro do Tesouro Federal.
É o contrário do que estão fazendo todos os países do mundo. É um jogo de esperto. Nos EUA, Barack Obama já meteu mais de 10 trilhões de dólares na economia para mantê-la funcionando. Isto equivale a 5 PIBs do Brasil (Produto Interno Bruto ou conjunto das riquezas produzidas num ano por um país) . Lá, o governo sabe que ele é o único capaz de reerguer a economia, pois é quem tem dinheiro em caixa.
Aqui, não. O governo Lula/PT acha que pode nos engabelar mandando gastar nosso suado dinheirinho e ficar com o dele em caixa, para continuar a gastança sem controle em benesses usufruídas pelos mesmos de sempre (além, claro, dos sagrados juros da dívida pública, que faz a alegria dos banqueiros daqui e d’além mar...) e fazendo caixa para a campanha eleitoral de 2010.
Como ex-estudante de Economia da UFJF e da UFBA, acho que tenho um conhecimento pequeno, mínimo mesmo, neste setor e posso dar duas dicas.

DUAS DICAS PARA SEU BOLSO

Se você tem um bom dinheiro poupado e é empresário bem sucedido ou tem emprego estável (?), e para este dinheiro você não tem nenhum gasto imprescindível em vista, está chegando a hora de comprar alguma coisa bem baratinho: os imóveis, automóveis e todo tipo de bugiganga eletrônica vão baixar mesmo. Têm que baixar, pois o dinheiro já começou a faltar no mercado e quem não baixar preço - na real - não sobreviverá.
Então, espere só mais um pouco, pois os imóveis e os carros vão baixar mais ainda. Veja que a Chevrolet acabou de anunciar, ontem, que quem comprar seus carros terá a garantia de recompra dos mesmos, pelo mesmo valor da nota fiscal, quando daqui há um ano, o cidadão resolver mudar para um mais novo. Isso já foi feito aqui há alguns anos com o Golf da Volkswagen, quando a crise bateu feio.
Então, se você tem muito dinheiro poupado, continue guardando mais um pouquinho, pois os preços vão baixar mais.
Segunda dica: agora, se você tem pouco dinheiro ou nenhum e seu emprego não tem estabilidade (a maioria da população), é melhor não comprar nada, pois cada centavo que economizar agora vai lhe salvar daqui a alguns meses. E se meter em crediário sem saber se estará trabalhando o mês que vem, é esparro. Se inclua fora disso.
Não vá no canto-de-sereia do Sr. Lula. Pelo contrário, faça como ele, poupe seu rico dinheirinho. Ele poupa para a campanha de sua candidata. Você poupa para sobreviver à tsunami.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Casamento entre pessoas do mesmo sexo e Uganda

Protesto em Uganda debaixo de ameaças
Já na Suécia...





Ricardo Líper


Na Suécia, a partir de maio, será permitido dois homens ou duas mulheres se casarem. Casamento mesmo. Já em Uganda é crime ser homossexual, assim como em muitos países africanos e asiáticos, notadamente os islâmicos, mas também os cristãos. Mas, então, eu me pergunto: o que os movimentos negros daqui e do mundo inteiro dizem a respeito? Nunca li uma declaração a respeito de nenhum deles. Ao contrário, eles mantêm um respeitoso silêncio quanto ao assunto. Seria de suma importância que os movimentos antirracistas se pronunciassem a respeito dessas leis homofóbicas e fascistas desses países africanos. Calando, contribuem para o martírio de muitas pessoas e, em alguns casos, até execuções. Lamentável. Que fique muito bem registrado essa postura dos nossos movimentos negros para que no futuro não venham dizer que não agiram assim. O fascismo, o oportunismo e a falta de caráter das pessoas não têm cor.

sábado, 4 de abril de 2009

Ave, Marconi!

Uma singela homenagem a Marconi de Souza, jornalista, advogado e malhado

Tony Pacheco



No “Jornal da Metrópole” da última sexta-feira, só deu Marconi de Souza, meu ex-colega de Redação.
Corajoso, intelectualmente superior à média de nossa profissão, autêntico em suas opiniões, é óbvio que uma pessoa como Marconi não tem um fã-clube numerosíssimo.
Eu, confesso, sempre fui seu fã, embora ele não faça questão nenhuma disso.
Na própria sexta-feira, encontrei-o vindo do Fórum Ruy Barbosa. Elegante, terno e gravata, muito mais jovem do que da última vez que o vi há seis anos no jornal onde trabalhávamos. E, aí, uma digressão: o que mais me dá prazer é encontrar ex-colegas que melhoraram, apesar dos anos, tanto fisicamente quanto emocionalmente e por aí vai. Fico triste quando vejo a decadência, seja ela de que espécie for, embora saiba que a decadência é inexorável.
Sorridente, vindo em minha direção, fiz questão de parar o carro e cumprimentei Marconi com entusiasmo. Ele está, realmente, muito melhor do que era.
Ave, Marconi, poucos homens podem se dar ao luxo de dizer a verdade e se você tem esta oportunidade, não se preocupe com a covardia dos seus críticos (aliás, isso eu nem precisava dizer aqui).

P.S.: Mas, aqui pra nós, aquela revelação de que o primo mandava funcionário do próprio jornal para investigar o outro primo, dono da rádio, é realmente de lascar. Só me fez lembrar de dois filmes que recomendo neste sábado aos internautas: “Parente é Serpente” e “Rainha Margot”. Ambos estão em qualquer locadora e mostram, exatamente, aquilo que Marconi denunciou. Em tempo: os filmes não são chatos.

Crônicas de Cretinolândia. Capítulo 1.

Local aprazível da ilha de Cretinolândia...




Ricardo Líper



Cretinolândia é um país pequeno, instalado em uma ilha, entre o Brasil e Portugal, no meio do Atlântico. Foi descoberta pelos portugueses quando Cabral vinha descobrir o Brasil. Pouca atenção deram os navegadores a essa ilha inóspita, de difícil acesso, varrida por tempestades constantes. Nem os degredados queriam vir para ela. Matavam-se antes. Para colonizá-la, tiveram de selecionar os piores para ocuparem a ilha, os anistiando de todos os crimes. Os ladrões mais reincidentes foram os que nela aportaram. Conseguiram fazer uma pequena vila, seu único agrupamento humano. Cretinópolis, como era chamada, tornou-se a capital. Descobriram, os cretinos (quem nasce em Cretinolândia é cretino), uma enseada com uma praia parasidíaca escondida por pedras e vegetação. A geografia e a natureza do lugar são também cretinas. Essa colônia ficou esquecida durante muito tempo por Portugal. O Brasil ficou independente e a coroa portuguesa esqueceu dela mais ainda. Os cretinos pouco ligavam. Ganhavam dinheiro abrigando piratas e fazendo contrabando. Mas orientados por um grupo de piratas ingleses declararam a independência. Os portugueses mandaram duas naus armadas para dizimar a todos. Entretanto, a ilha estava tendo uma epidemia de dengue hemorrágica e a armada portuguesa foi dizimada pela doença. Os cretinos que sobreviveram à epidemia saquearam os navios formando assim, com as armas apreendidas, o primeiro exército de Cretinolândia. Por isso que na bandeira de Cretinolândia está, com destaque, o mosquito da denque.
(Continua).

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A prioridade é poder e mordomia

Ficaram de bocas fechadas


Alex Ferraz

Notei que os ditos petistas radicais colocaram o rabinho entre as pernas. Por conta da coluna que escrevo diariamente na Tribuna da Bahia (Em Tempo), até um ano e pouco atrás recebia e-mails encolerizados de petistas me xingando e apelando para comportamentos pessoais meus que não são segredo para ninguém (daí eu dizer que os otários gastaram sua raiva à toa, hehehe).

Mas, voltando aos xiitas, parece que o bicho pegou. Estão caladinhos porque viram que a casaca do chefe virou de vez.

Depois de pedir aos trabalhadores para não reivindicar aumento salarial e preocuparem-se com as empresas, Lula anunciou cortes no Orçamento para enfrentar (sic) a crise. E cortou onde, pessoal? Na segurança pública, na saúde pública, na educação pública.

O menosprezo dos governantes por esses setores, no Brasil, é histórico. Lula não fez nada de novo. E o pior é isso: o governo da mudança deu continuidade aos governos da lambança. Sem educação, segurança e saúde públicas, este país será sempre a mesma merda.

Eis porque fico com vergonha quando vejo o presidente brasileiro saracoteando em palácios europeus, ao lado de líderes de países onde, embora também existam corrupção e alguma violência, os cidadãos têm uma vida incomparavelmente mais tranquila e segura do que a dos brasileiros condenados a viver aqui.

Mas enquanto corta gastos essenciais para qualquer sociedade civilizada, o governo petista esbanja no circo armado para tentar eleger Dilma Rousseff: o Planalto detonou cerca de R$ 1 bilhão somente com empresas de eventos (podem consultar o Diário Oficial da União), no ano passado, para promover peças teatrais de mau gosto como o programa "Minha Casa, Minha Vida", esses frankesteins publicitários gerados pelos marqueteiros de plantão, que costumam dar gargalhadas imaginando a cara de otário do povo babando com a encenação. Uma bilhão de reais!

Para não falar nos cartões de crédito corporativos, que, depois daquele escândalo, voltaram com toda força com gastos até 450% maiores do que os da época de dona Benedita & Cia.

NÃO ACREDITO!
Corta para Salvador, trânsito: esse motorista de ônibus que provocou o acidente no qual morreu uma médica, na Orla de Salvador, é um mentiroso. No depoimento, chorou, falou com voz fina, disse que "desmaiou", o sindicato da categoria fez a maior pressão, inclusive intimidando a imprensa etc. etc.

Não como nada desse reggae! Dirijo em Salvador diariamente e sei exatamente como a maioria desses facínoras do volante age. Utilizam o tamanho do seu veículo para intimidar, coagir os outros motoristas, e, não raro, é claro, provocam uma tragédia.

Mas como todo covarde (todo escroto é um covardão, podem apostar!), quando se veem diante de um acidente grave (ainda mais envolvendo uma médica, porque com gente "comum" acontece a toda hora e não tem tanta repercussão...), afinam a voz, choram, viram uns santinhos.

É a mesma coisa daquelas quadrilhas que sempre aparecem em Brasília, no Congresso e vizinhança. Na hora da CPI, é um chororô. Ninguém garante as calças que veste, nem mesmo para dizer "sou culpado".

Voltando aos motoristas, o curioso é como eles ficam quietinhos e dirigem civilizadamente quando à sua frente vai uma viatura polícia, um carro oficial qualquer ou carrões particulares dentro dos quais eles supõem estar as únicas pessoas que merecem respeito. Respeito coisa nenhuma! É, mais uma vez, medo, covardia. Porque quem é retado mesmo bota pra f...em cima de qualquer um, né? Leonardo Pareja, lá do inferno, que o diga!

Gostosíssimo!!!

"Quéta, quéta!" Não é o entregador. Vou falar do sabor da pizza.


Tony Pacheco


Não é nada disso do que vocês estão pensando! Kkkkkkkkkkkkkkk!
Estou falando de um restaurante que não está no roteiro dos estrelados de Salvador e que, no entanto, tem uma das cozinhas mais gostosas desta cidade. Trata-se da cantina Napoletana.
Enquanto fui empresário musical e assessor de estrelas da música baiana com meu amigo Clécio Max, tínhamos que frequentar, por dever de ofício, os restaurantes do Circuito Helena Rubinstein. Aqueles restaurantes situados entre a Contorno, a Barra e a Pituba, onde se come pouco e a conta dá um susto ao final, mesmo quando o cliente ganha 100 mil reais por mês.
Mas, mesmo naquela época, nunca deixei de (sempre que o curtíssimo tempo disponível permitia) frequentar os restaurantes Off Circuito Helena Rubinstein. E, ontem, indo jantar com o escritor, dramaturgo e professor da Ufba Ricardo Líper na Cantina Napoletana, pedi uma pizza de frutos do mar e fiquei, novamente, encantado com o lugar.
O ambiente lembra uma varanda dos fundos de uma casa do Sul da Itália. Muito aconchegante. Os donos são uma baiana e seu marido italiano, e os atendentes são os filhos e um grupo de amigos que nos tratam superbem, como em nenhum restaurante estrelado se consegue.
No almoço eles têm um buffet de saladas, massas, carnes e até um inusitado arroz com mariscos que é imperdível. À noite é pizza, napolitana de verdade.
E tudo por um preço que não provoca indigestão!
Ah, em tempo: eu paguei minha conta no restaurante. Sempre paguei. Nunca troquei assessoria de imprensa por comida. Pode ser que um dia troque. Espero que não precise.
É bom lembrar isso para os coleguinhas não pensarem que estou elogiando a Cantina Napoletana para bater um rango de graça. Kkkkkkkkkkkkkkkk!

P.S.: a Napoletana fica na Rua da Mouraria. Para chegar lá de carro, você usa a Av. Joana Angélica (descendo ou subindo, tanto faz) e entra na Rua da Mangueira (aquela ruazinha onde está a Faculdade de Turismo Olga Mettig). Ao final da Rua da Mangueira, dobre à esquerda e entra no Largo da Mouraria. Siga pela esquerda da praça e dobre à esquerda de novo. Siga em frente como se fosse voltar para a Joana Angélica e você verá, do lado direito, a Napoletana, bem ao lado de uma locadora de vídeos.