O Hummer, usado na Primeira Guerra do Iraque, é o padrão que todos seguem hoje: muita chapa e pouco vidro. Segurança é tudo num mundo sitiado.
Tony Pacheco
E, de repente, o presidente “O Cara”, do Partido dos Traíras, colocou a indústria automobilística como a tábua de salvação da crise brasileira. Tirou uns pontinhos percentuais no IPI dos carros e as montadoras só repassaram, exatamente, o que o governo retirou de IPI. Não deram um tostão de redução de seus lucros, ao contrário das montadoras de todo o mundo, que fizeram reduções drásticas no preço dos seus produtos.
É o velho esquemão do empresariado brasileiro, que a indústria automobilística estrangeira aprendeu direitinho: tirar dinheiro do governo, cobrar preços exorbitantes e ganhar nas duas pontas.
E é por isso que fizemos um dossiê para você que, eu sei, não vai resistir e comprar um carro zero, mesmo levando ferro no preço e nos juros exorbitantes.
Vamos falar de nossos carros de um jeito que você não lerá em nenhuma revista especializada ou em cadernos de automóveis.
DOS MOTORES
O caso mais emblemático dos motores que equipam os carros no Brasil é o do antigo Ford Corcel II (a meninada, que não conheceu este carro, coloque lá no Google Imagens e veja). Quando da primeira fase do Proálcool (anos 1970/1980), o Corcel II a álcool fazia até 12 quilômetros com um litro do combustível vegetal.
Hoje, o motor mais vendido na Ford, o 1.6, que equipa Fiesta, EcoSport e Focus, também movido a álcool (pode-se usar gasolina, mas quem tem dinheiro pra isso?), não consegue fazer mais do que entre 6 e 7 quilômetros por litro.
Isto é, parece que nossas montadoras são plantadoras de cana.
A Chevrolet e a Fiat levaram este negócio de vender motor ultrapassado às últimas consequencias e usam os mesmos motores em seus carros. Os 1.4 e 1.8 que estão sob o capô do Corsa e do Meriva são os mesmos que equipam Palio, Palio Weekend, Idea, Strada e Dobló. Todos fabricados por uma empresa chamada Powertrain. E olhe que são dois motorzinhos beberrões. O 1.8 na versão Adventure da Weekend, por exemplo, sofre para conseguir fazer 5 quilômetros com um litro de álcool. Consumo igual ao da Ford Explorer V8 americana, um carro com mais de 2 toneladas e meia e mais de 230 cavalos.
A Volkswagen tem um mesmo motor há quase 30 anos. Vem recauchutando ele e mudando de nome fazendo sopa de letrinhas.
Os que são econômicos, que são os 1.0, não merecem nem consideração, pois são péssimos em desempenho e responsáveis pelo fumacê nas grandes cidades e por grandes aborrecimentos em ladeiras e, pior, incapazes de fazer ultrapassagens seguras nas estradas. São feitos para ficar presos nas cidades.
E, para nosso azar, até a Honda, chegada ontem ao mercado e que poderia ser a salvação do consumidor brasileiro, resolveu avacalhar com tudo e botou no belíssimo Honda Civic um motor que consome tanto que é o rei das reclamações dos leitores de revistas e sites especializados.
É um resumo do que são os motores dos carros “nacionais”.
Vai encarar?
DO DESIGN
Das quatro grandes montadoras do Brasil (Fiat, Chevrolet, Volkswagen e Ford), responsáveis por cerca de 80% dos carros vendidos aqui, somente a Fiat e a Ford têm, atualmente, carros de grande vendagem com design que acompanha o de suas matrizes no Primeiro Mundo. É o caso do Punto da Fiat e do novo Focus da Ford.
Para saber, hoje em dia, se o carro é moderno ou vai mudar daqui a pouco, basta olhar a área envidraçada: se tiver janelões é porque o projeto é antigo.
Padrão do moderno design de automóveis hoje em dia foi estabelecido pelo Hummer americano: janelas pequeníssimas, frente com aspecto robusto e muita chaparia, que leva o consumidor a pensar que o veículo vai protegê-lo contra a violência nas grandes cidades do mundo.
Vejam o caso do Gol da Volks. O novo tem janelinhas pequeníssimas, na linha do Hummer e de veículos importados para barões, como o C300 da Chrysler e o Fusion da Ford: cara de mau e muita chapa e pouco vidro.
Na contramão, os “carros-cristaleira-da-vovó” vendidos por aqui, tem vidro que não acaba mais: da Fiat – o Uno Mille, o Dobló, o Palio, o Idea; da Chevrolet – o Celta e o Astra, a velhíssima S10; da Volks – o Gol IV, Golf, Saveiro, Polo; da Ford – o Ka, Fiesta, Ranger.
De carro para classe média baixa (os 1.0), não tem nenhum de design avançado. Só velharia.
Classe média média tem Gol V e Punto.
Classe média alta tem Civic, Corolla, Focus, Línea e Vectra.
E, para terminar, as montadoras locais insistem em vender aqui carros que já saíram de linha lá fora e vão dar prejuízos aos consumidores locais na hora de trocar: Golf, Polo, Astra, Vectra, Stilo, Dobló, Mégane, já estão uma ou mais gerações à frente do design vendido aqui.
Vai encarar?
RAIMUNDA AO CONTRÁRIO
A tradição machista diz que quando uma mulher tem corpão e um rosto horrível ela é Raimunda: feia de cara e boa de b... bondade.
Com os carros à venda no Brasil está acontecendo o contrário. Os designers começam desenhando a cara do carro com entusiasmo, desanimam um pouquinho na lateral (o perfil) e entregam a traseira para o estagiário do estúdio acabar. Literalmente.
Veja se o leitor concorda comigo. Exemplo 1) o Peugeot 307 Sedan. A frente é deslumbrante. O perfil é legalzinho, embora os janelões sejam antiquados. Mas a traseira é medonha, com lanternas erradas e o corte do porta-malas equivocado. Exemplo 2) o Honda CRV. A frente é arrojada. A lateral é mais ou menos. A traseira é medonha. Parece que não sabiam como terminar o carro e entregaram: “Ah, arredonda aí, bota um enfeite embaixo e deixa quieto!” O resultado é horrível. Exemplo 3) Peugeot Escapade. A SW francesa tem uma frente legalzinha na nova versão 207. O perfil é harmonioso, embora as janelas grandonas sejam antigas. Mas a lanterna traseira em forma de vírgula mal-feita (dizem que é um bumerangue...) é “uó do borobodó”. Exemplo 4) Novo Ford Focus. A frente é passável. Até arrojada. A lateral é digerível (as janelas podiam ser menores). Mas aí o estagiário falou: “Bota a traseira do antigo Mondeo. Eu acho legal!” E não é que a Ford atendeu ao menino!? Um claro sinal de “déjà vu”.
E a pergunta que fica é: por que pagamos tão caro por carros tão feios?
ALGUNS TOQUES NA COMPRA
a) Anúncio por trás...
Carros cujo anúncio em revista, TV, jornal, Internet só aparece a traseira... desconfie. Procure ver a frente dele antes de se decidir, pois se a fábrica tem vergonha da carinha da criança, não é você que vai colocar o “mininu” dentro da sua garagem, né mesmo?
b) Bonitinho e ordinário
Mas o pior é o que acontece com a motorização. De três em três anos todos os modelos recebem uma “guaribada” no visual, como recentemente a linha Palio, a linha Gol, o “novo” Vectra Hatch...
Mas não mexem nos motores, alguns com mais de 20 anos de projetados. Resultado: motores beberrões de gasolina e álcool.
c) Preço de imóvel
O Brasil tem os carros mais caros do mundo. Ninguém da “mídia especializada” fala nisso. A Ford, por exemplo, só porque mudou a frente do Focus, resolveu cobrar 15 mil reais a mais. O Focus Hatch custava 40 mil e agora vem a 55 mil. E o motor sequer é flex, numa contramão brutal. Só funciona a gasolina.
Com R$55 mil a pessoa compra um apartamento de 2 quartos. Pior é que nos EUA, o mesmo carro não chega a R$30 mil e na Argentina (pasmem!) custa R$44 mil.
Ninguém merece!
d) Compre um imóvel
Se você tem dinheiro disponível, compre um imóvel. Sem querer julgar ninguém, mas julgando (e muito!), é bizarro ficar andando de carro bonito e pagando aluguel.
bizarro!!!
ResponderExcluiro “rei” deve ter dado uma espacadinha das catacumbas de Paris...
bizarro!!!
ResponderExcluiro “rei” deve ter dado uma espacadinha das catacumbas de Paris...
vá convencerum brasileiro a desistir de um carro novopor causa de um apartamentyo. eu quero ~e prova.
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