quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Holocausto na saúde pública

Alex Ferraz

Está por merecer imediata intervenção do Ministério Público e a atenção do Conselho Regional de Medicina da Bahia, além do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed), o absoluto caos instalado nos postos de saúde da Prefeitura Municipal de Salvador.

Ironicamente bem equipados no que tange a enfermeiras, dentistas e alguns equipamentos, esses postos não têm...Médicos! São diversas as unidades fechadas por falta do principal profissional, apesar dos salários de até R$ 7 mil oferecidos.

Para os poucos que ainda atendem com presteza, é necessário enfrentar uma fila cruel, que começa de madrugada e cujo atendimento é encerrado, muitas vezes, sem que ninguém consiga marcar consulta! Há o caso, emblemático, de um cidadão bastante idoso que levou 38 dias peregrinando até conseguir marcar uma consulta. Há também diversos episódios em que os atendentes simplesmente não conseguiram ler o exame solicitado pelo médico, devido àquela boçalidade de "letra de médico", ou seja, rabiscos ininteligíveis.

Existe um telefone, 160, que fica tocando uma musiquinha irritante e, nos raros momentos em que atendem, o cidadão marca atendimento sem saber para quê. É uma tragédia, enfim.

Fico a matutar, a partir da frase de um amigo sobre a situação ("Vacinam as pessoas quando crianças para matá-las por falta de atendimento médico após adultas"), que extrema perversidade leva os governos, em todos os níveis, a fazer vista grossa para uma questão crucial como a do atendimento médico público de urgência, principalmente se levarmos em conta que somos um país onde a maioria da população não pode pagar plano de saúde e muito menos médicos e hospitais particulares? Seria pura incompetência? Recuso-me a crer. Acho que é maldade mesmo. Talvez a maldade esteja em roubar o dinheiro que deveria ser aplicado na saúde pública ou transferí-lo para setores supérfluos, como Copa do Mundo etc.

NO ENTANTO...

Mais indignado ficou ao ver o governo do Estado, na Bahia, como inusitada presteza, socorrer hospitais particulares com mais de uma dezena de milhões de reais, porque eles fizeram birra, fecharam as emergências e pronto! Ora, senhores, esses hospitais ganham fortunas! Qualquer atendimento passa do milhar de reais e só é feito com o famigerado depósito. Ou então, o cidadão morre. Em vez de socorrer hospitais privados, o governo da Bahia deveria mostrar que realmente somos uma terra "de todos nós" e, junto com a prefeitura, melhorar imediatamente o atendimento público de saúde. Mas como estão politicamente brigados, repete-se o cruel quadro do carlismo, do quanto pior melhor no município (para o governo).

Não se pode falar em mudança quando o quadro de saúde pública é relegado (como sempre foi, inclusive em governos anteriores, tanto municipais, como estadual e federal) a último plano, quando pessoas morrem sem UTI. E não dá para dizer que é preciso tempo para resolver isso. Trata-se de questão prioritária, mais importante do que ponte para Itaparica, do que Complexo Viário Dois de Julho, do que estádio de Pituaçu, do que milhões de reais para o Esporte Clube Vitória, do que centenas de milhões de reais para fazer propaganda enganosa de obras que nunca começam (a estrada Conquista/Itambé é um exemplo), do que postes bonitinhos e sinaleiras eletrônicas, do que Stock Car, do que o buraco sem fim do metrô que jamais fica pronto etc.

Ou não seria a vida dos cidadãos uma prioridade. Se não, não sei mais sob que regime social sobrevivemos. Aliás, sei do que estamos nos aproximando: de um novo holocausto. Hitler vive, aqui e alhures.

RESPONSABILIDADE DOS MÉDICOS

A Associação Bahiana de Medicina (ABM), o Conselho Regional de Medicina (Cremeb) e o Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed) não podem ficar calados diante deste descalabro. Aliás, a bem da verdade o Sindimed é o único que se manifesta, às vezes. No entanto, as outras entidades, muito preocupadas com seu espírito de corpo, fazem vista grossa para a situação, assim como o Ministério Público.

Quanto aos médicos, devem ter a consciência de que, quando fizeram o juramento de Hipócrates (ou seria de hipócritas?) concordaram que iniciavam ali uma profissão que tem muito de dedicação, embora, é claro, tenham que ganhar para sobreviver. Mesmo assim, sete mil reais por mês nos postos municipais, por exemplo, é um salário nababesco para a pífia média nacional!

Veremos até onde irá a maldade dos governantes e boçalidade de boa parte dos médicos diante da desgraça que se abate sobre as pessoas que tiveram a infelicidade de nascer em um país que teria tudo para ser uma grande potência, mas vem sendo governado, desde 1500, por bestas feras que jamais pensam na nação, mas somente em locupletar-se. E ai incluo todos, sem qualquer exceção honrosa, porque honra não há.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Eu odeio pedras portuguesas


Pedras portuguesas: é assim que elas acabam ficando poucos meses depois de instaladas nos passeios.

tony PaChEco

Fui almoçar, hoje, com o coordenador de Comunicação da secretaria da Prefeitura na qual presto serviços e tive que deixar meu carro no estacionamento em frente ao restaurante do TCA (uma delícia de comida, por sinal). E, aí, passei em frente a um prédio público (segundo Alex Ferraz, é o Tribunal de Contas dos Municípios – eu não sei - ), ali no Campo Grande, que está em fase de recuperação, na confluência de Araújo Pinho e João das Botas. E o que vi: a calçada está sendo construída com pedrinhas portuguesas.
Sim, aquelas pedras que ficam desniveladas e causam acidentes horríveis para quem tem a infelicidade de passar sobre elas.
Como tive uma fasceíte plantar (inflamação na planta dos pés), aquele tipo de passeio é um suplício. Pior é que estamos em Salvador, Bahia, Brasil e não em Copenhague, na Dinamarca, e estas pedrinhas são colocadas com total assimetria e desnivelamento, o que, vale dizer, uma mulher que passe com seu salto alto, poderá sofrer severíssima queda ou, no mínimo, quebrar o salto.
Um idoso que passar no local, poderá torcer o pé de forma cruel.
Uma grávida poderá tomar um tombão que colocará em risco seu bebê.
É o tipo de calçada para pessoas superjovens com saúde nota 1.000, o que não é o caso de boa parte da população.
E, à primeira chuva, as pedras deslocam e vão na enxurrada, criando aqueles buracos horrorosos.
É por isso que gosto pra cara... daqueles passeios em concreto escovado com detalhes em granito que a Prefeitura colocou na Barra. Lisos, planos, perfeitos. Bonitos e impecáveis para quem gosta de andar, tenha 5 anos de idade ou 105 anos. Seja homem ou mulher.
E, aí, eu pergunto: por que insistem em fazer calçadas com estas ridículas pedrinhas portuguesas?
É pra me sacanear (sendo megalômano)?
É para sacanear os idosos?
É para sacanear as mulheres?
É para sacanear as grávidas?
É para sacanear os deficientes físicos?
E, o mais engraçado, o passeio está sendo construído junto da clínica de ortopedia mais famosa da cidade, o COT.
É ou não é uma cidade-piada-pronta esta nossa Salvador?

Rir é o melhor remédio


Se mal não fizer e pode fazer bem, faça.


Ricardo Líper

O moralismo tomista é engraçado. Se rir é o melhor remédio, qualquer risada é risada. Perguntei a uma dessas pessoas, tidas como muito otimistas e adepta dessas coisas todas como perdão incondicional etc., se rir dos outros também valia? Ela possivelmente não tinha atentado para as contradições de normas inflexíveis. E aí veio com o moralismo. Rir dos outros não pode. Ela está certa, por um lado, mas é ingênua por outro. Rir dos outros, "mangá" dos outros, apelida-los, fazer piada com os outros deve fazer bem sim, porque o corpo não identifica a origem do riso, o que interessa é o riso. Li que se você fizer apenas a careta do riso o cérebro o interpreta como riso e funciona da mesma maneira que se andar rindo à toa. Portanto, fingir que está rindo é também bom para a saúde. Entretanto, que motivo temos para rir vivendo em uma natureza aleatória e caótica, sem sentido e numa sociedade brutal, capitalista, onde todo mundo quer explorar os outros, os passar para trás, roubá-los para comprar, em geral, bugigangas.
Bem, sorrio com comédias, piadas. Eu não rio das vítimas, sou solidário a elas. Só rio dos seus algozes, quando não posso fazer coisa pior.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Perdoar ou não perdoar


Uma obra prima da literatura

Ricardo Líper

Circula com certa frequência e está virando moda que se a pessoa não perdoar os outros, adoece. Talvez até seja certo. Entretanto, desconfiado como sou, sempre questiono algumas dessas premissas que misteriosamente surgem nos órgãos de divulgação.
Primeiro, essa idéia de perdoar é uma idéia do Cristianismo. Idéia essa para os adeptos, mas não para os chefes da Igreja, ou Igrejas, porque na Inquisição e em outros momentos, a Igreja Católica pode demonstrar que o perdão nunca ocorreu. Nunca perdoou ninguém, muito pelo contrário, colocou todos na fogueira.
Não sei se médicos se pronunciam a respeito de não perdoar ser a causa de doenças terríveis. Mesmo que alguns apoiassem, seria irrelevante. Existe muita diferença entre médicos e cientistas. O cientista é, por exemplo, Fleming, que descobriu a penincilina. Médico, principalmente na atualidade, é um indivíduo preocupado em enriquecer porque é médico, decepcionado com essa perspectiva, estressado, agressivo, despeja, quase sempre, sua situação frustrante nos clientes. Ele pode até matar com a penicilina nas mãos, devido à pressa, à superficialidade dos seus procedimentos. O que alimenta o poder dos médicos e teorias como essa do perdão para todos, é que podem acontecer coisas com as pessoas e elas ficam em pânico.
Ir dormmir e não acordar, por exemplo. Médicos dirão coisas, como as rezadeiras também diziam. Se você acordar pode ter um sintoma bobo e depois de ir a seis médicos, ser de fato, uma doença séria, que nenhum deles vai resolver.
Gripe está matando, a comum, imagine... Aí aparece alguém e diz que se não perdoar vai ter câncer, morte súbita e todos os terrores possíveis. E sua autoestima fica como? A pessoa lhe humilha, é má, lhe agride gratuitamente, lhe persegue e você perdoa? Agora tem que perdoar com medo de ficar doente?
Então, em Israel, deveria ter um monumento a Hitler com os dizeres: "nós lhe perdoamos". Ou eu estou errado? Agora, não aconselho ficar remoendo a raiva. Está vendo que esse site também é de autoajuda. Nao tenha receio. Autoajuda é ótimo. Quem é contra são os acadêmicos, a maioria deles malucos ou sem caráter. Cuido deles outro dia. A vingança, bendito seja o Conde de Monte Cristo, é um prato para se comer frio. Não tem sentido se perder tempo com idiotas e doentes mentais que nos agrediram. Pensar neles, sentir raiva, é perda de tempo. Agora, quando eles passarem por perto ou a vida lhe presentear os colocando em suas mãos, chegará a hora da justiça divina, a sua. Sem estresse, sem nada que possa alterar sua pressão, sua divisão celular. Mostre o respeito que tem por si mesmo em uma ode à sua autoestima. As pessoas precisam aprender a respeitar as outras. E só aprenderão quando compreenderem que inimigos, por mais aparentemente simplórios que possam ser, são sim uma grande empecilho na vida. E para não tê-los, tem que respeitar o próximo. Se você não souber tratar seus inimigos como eles merecem, você não está contribuindo para a civilização. Você está sendo antididático. Agora, como já disse, seja habilíssimo. Não viva para eles, não pense neles, não tenha raiva à toa, espere o dia para lhes dar o troco. Se não ocorrer, outros darão, porque quem faz um inimigo fará mil. O melhor não é não perdoar, é respeitar o próximo e não ter inimigos. Uma pessoa presta se tem poucos ou quase nenhum inimigo. Uma pessoa que ninguém suporta ou só os que a temem a respeitam é um idiota, fascista que não vale nada. Se mede uma pessoa pelo número de inimigos que consegue fazer na vida. Se são excessivos, você está no seu direito de ser inimigo também.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Zelaya, Lula, Chavez, todos golpistas?



TOny pacheCO


Aprendam a ler, petistas golpistas. Eis, abaixo, o artigo da Constituição de Honduras que proíbe qualquer manobra para se alterar a Constituição visando instaurar a reeleição no pequeno, inexpressivo e paupérrimo país da América Central:

ARTICULO 239- El ciudadano que haya desempeñado la titularidad del Poder Ejecutivo no podrá ser Presidente o Designado.


El que quebrante esta disposición o proponga su reforma, así como aquellos que lo apoyen directa o indirectamente, cesarán de inmediato en el desempeño de sus respectivos cargos, y quedarán inhabilitados por diez años.


Traduzindo:

Artigo 239 – O cidadão que tenha desempenhado a titularidade do Poder Executivo não poderá ser Presidente ou Designado para tal novamente.

Aquele que violar esta disposição ou propor sua alteração, assim como aqueles que o apoiarem, direta ou indiretamente, serão afastados, imediatamente, de seus respectivos cargos, e estarão inabilitados por dez anos.


O que Zelaya fez para tentar burlar a Constituição de Honduras, que veta, permanentemente, a reeleição, sob qualquer forma? Propôs um plebiscito para que o povo dissesse se queria, ou não, a convocação de uma Assembléia Constituinte, pois uma nova Constituição permitiria a ele, finalmente, colocar um dispositivo permitindo reeleições permanentes, como Chavez fez na Venezuela e os lulistas começaram a ensaiar aqui no final do ano passado e início deste ano.

LULA É GOLPISTA?

O que todas as forças de esquerda do mundo sempre reclamaram foi da política americana de intervenção nos negócios internos de outros países, dando golpes, colocando e tirando presidentes.
O que Lula e sua “entourage” estão fazendo atualmente é exatamente O MESMO que os EUA faziam. Desrespeitando a Constituição de Honduras, querem restaurar, à força, um presidente que tentou um golpe branco contra o Congresso de seu país e contra a Suprema Corte, que consideraram a sua tentativa de burlar a Constituição totalmente ilegal (basta ler o artigo constitucional acima que isso fica claríssimo).
Olhe, sabe o que eu acho, de verdade?
Isso tudo parece ser manobra de Lula para tumultuar o cenário político, não em Honduras, mas, sim, aqui no Brasil. Criando uma balbúrdia desgraçada, porque os petistas já não sabem mais o que fazer para continuar no poder nas eleições de 2010.
A candidata Dilma parece que não vai mesmo. É rejeição total, inclusive dentro do próprio PT. Então, só resta instalar o mangue total no Brasil e no mundo para ver se conseguem alguma reforma no tapetão para Lula continuar no poder.
Porque, se não tentarem qualquer coisa, com certeza perderão o poder em 2010, seja para Serra, seja para Marina Silva e até para Ciro Gomes.
Quem viver, verá!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Nostalgia, por que não?

Alex Ferraz

Vira e mexe ouço comentários de psicanalistas condenando a nostalgia. Seria prejudicial à nossa saúde mental ficar remoendo tempos idos, achando que eram melhores que os de hoje. Devemos viver o presente, quem sabe o futuro (?), nunca remoer o passado. Estamos a caminho da melhor idade, quando nosso intelecto supera nossa selvageria física e blá, blá, blá.
Tudo bem. Até concordo que uma pessoa que nasceu e viveu em Copenhague, Estocolmo, Viena etc. nos últimos 50 ou 60 anos não tenha a menor tendência para nostalgia. Afinal, vive na civilidade desde que nasceu e os tempos idos eram tão bons como o tempo presente, aliado, este, aos avanços na medicina, tecnologia etc. etc.

Mas, ora, quem nasceu nisto a que se chama Brasil, uma bela e fértil terra transformada em capitanias de poucos e miséria para a maioria por uma sucessão de calhordas no governo, tem, sim, muita razão para ser nostálgico. Como não achar que meus tempos idos eram bem melhores, se, no final da década de 1960, eu podia sair de uma festinha na Barra, bêbado feito um gambá, e chegar são e salvo em casa, nos Barris, quase quatro quilômetros depois, em plena madrugada, sem qualquer risco de assalto, de ser atacado por um sacizeiro?

Como não ser nostálgico se, naquela mesma época, meus colegas de colégio, tanto privado como público, eram pessoas que, além de brincarem como crianças normais, raciocinavam, pensavam, discutiam, criavam, a despeito da maldita ditadura, esta, sim, única coisa que não deixou saudades, pelo contrário, uma sede de vingança? Como comparar aqueles meus colegas de escola (havia pobres, remediados e ricos, juntos) às bestas feras que hoje entopem os colégios, formadas que foram por pais que também se imbuíram do bestaferismo reinante?

Como não ser nostálgico se, no final da década de 1960, na fabulosa praia do Porto da Barra, a gente deixava as roupas e até carteira com dinheiro na areia, ia mergulhar, e ficava só olhando de longe? Quando o local estava muito cheio, o máximo que fazíamos era pedir para o vizinho "dar uma olhada"... Hoje é bem provável que você sequer chegue à areia com seus pertences, pois pode ser assaltado na escadaria. E morto!

Podem argumentar os saudáveis conselheiros da eterna presença na realidade que, por exemplo, a medicina, hoje, avançou bastante e a estatinas, mais AAS, mas dietas novas, mais doses disso e daquilo, mais safenas e stents fazem seu coração bater firme por muito, muito mais anos do que antigamente. Aliás, essas coisas podem fazer seu coração bater firme por tanto, tanto tempo, que você acaba vivendo o suficiente para ter vergonha do seu corpo, esparramando-se horizontalmente pela inexorável ação da força da gravidade.

Podem lembrar ainda, de forma supérflua, para convencer-me de que vivo em um "mundo melhor", que os avanços tecnológicos nos proporcionaram, por exemplo, carros mais seguros e eficientes. Afinal, não temos mais, digamos, o carburador, que entupia a cada centena de quilômetros rodados e fazia o carro parar no meio da rua ou da estrada. E eu respondo: parava, sim, no meio da estrada, e você até dormia dentro do carro à espera de ajuda mecânica, porque certamente não apareceria um bando de facínoras drogados para lhe tirar tudo, inclusive a vida! Você podia parar, por defeito no carro, em qualquer rua ou avenida da cidade e se não houvesse mais ônibus nem achasse táxi, seguir a pé até em casa, preocupado apenas em não dar uma topada ou pisar em bosta de cachorro, no escuro.

Podem argumentar ainda que temos hoje o SUS, esta beleza (sic) de sistema de saúde ultra socializado, enquanto "naquela época" havia poucos hospitais. Talvez. Mas naquela época os médicos sabiam o que faziam, ao contrário de hoje, quando tudo é "uma virose" após um atendimento relâmpago de um ou dois minutos em um posto do SUS, em diagnóstico dado por médicos estressados e malformados.

Sou soteropolitano, com fortes raízes no interior (minha família é de Vitória da Conquista e Itapetinga). E vivi, no interior, em aprazíveis campos verdes e pequenas cidades outras, um tempo em que, literalmente, dormia-se com as janelas abertas. Hoje, a pequena cidade de Itambé, com míseros 35 mil habitantes, tem tráfico de cocaína e crack, crimes hediondos e qualquer descuido pode transformar você em vítima de um assalto ou assassinato.

E os petistas de plantão podem alegar que hoje "o povo" recebe atenção social do governo. Recebe, sim. Uma esmola que não chega a R$ 100 mensais para votar eternamente nos candidatos do partido. Está tão humilhado como antes, nos tempos dos coronéis (Sarney, protegido de Lula, e suas fazendas que o digam!), quando trabalhavam de forma semi-escrava e gastavam compulsoriamente tudo o que ganhavam nos armazéns dos próprios coronéis, com comida e talvez um cigarro e uma cachaça.

Não houve evolução alguma. A não ser para os espertalhões que, com o discurso da justiça social, conquistam cargos de poder, ficam bilionários e lançam moedas à plebe. Assim mesmo, em qualquer lugar de Salvador e de outras cidades do Brasil, podem ser vistas dezenas, centenas, milhares de pessoas, entre adultos e crianças, pedindo comida e fuçando o lixo de restaurantes.

Como não achar que os tempos idos eram melhores, pelo menos neste Brasil dominado por uma burguesia selvagem e burra e líderes oportunistas? E, lembrando Ulysses Guimarães ("Este Congresso é pior do que o anterior e melhor do que o próximo"), podemos dizer que não há qualquer indício de que devamos pensar num futuro melhor. Talvez pensar no futuro, sim, para criarmos mais armas de proteção contra a tragédia em que se transformou a população brasileira.

SEM INIMIGOS

A propósito, lembro-me que, antigamente, havia inimigos políticos. Jamais se falavam, odiavam-se, alguns até com muita classe, outros mesmo na bala. Hoje,não há mais inimgios. Tudo faz parte de uma "estratégia" de governabilidade.
Olha, para mim não existe caráter em um mundo onde só há amigos. Um mundo sem inimigos é utopia ou a concretização da hipocrisia.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Salvador, Salvador, Terra de Muita Dor.


Cigano em Hospital Nazista

Ricardo Líper

Você precisa se internar em um hospital. Paga, mensalmente, um seguro saúde. Anos a fio pagando esse seguro. Pensa que vai ser internado. Não vai não. Não tem vaga em hospital nenhum de Salvador, nunca. Precisa de pistolão. Quarto é quase impossível: lhe encaminham da emergência para a semi-UTI. Lá, você pode pegar um germe resistente e morrer.
Morreu de quê? De baianidade, de brasilidade. Faça um teste, ligue para os principais hospitais e queira uma vaga em um apartamento. Depois diga se eu não tenho razão. Anos e anos sem se contruir nem investir em hospitais. Os hospitais públicos não necessitam comentários. É um filme de terror, onde o sofrimento dos campos de concentração nazistas é café pequeno. Aliás, todos eles, públicos e privados. Câmaras de torturas. Espero ver o dia em que todos os responsáveis estarão em um novo Nuremberg respondendo por isso.
E o pior, quando estamos doentes ou parentes queridos estão doentes é o momento que estamos mais carentes, precisando de atenção, respeito e consolo. E então, entramos em um campo de concentração nazista com verdadeiros carrascos.
Salvador, Salvador, terra de muito horror. Morar em Salvador é correr sérios riscos de morte. Atente para isso. Verifique. Comprove. Brinque e sofrerá as consequências.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Maratona no seu cineclube particular


A madre superiora de "A Dúvida"


Ricardo Líper

A cada sábado ou qualquer dia da semana, sozinho ou reunindo amigos interessados em pensar, exiba, na ordem proposta aqui, os três filmes sugeridos. O que os une é um tema filosófico que é a dúvida. Lembram-se de Descartes? Pois é. Só que a dúvida proposta aqui não é a mesma de Descartes, é mais radical e sobre as situações existenciais versus nossa percepção dos fatos.
O primeiro filme, chamado de O Homem Errado, é uma película de Hitchcock pouco vista. Um indivíduo exemplar é acusado de vários assaltos. Todas as vítimas o reconhecem. Todos o acusam.
O segundo filme é 12 homens e uma sentença. Um calor imenso em uma sala na qual os jurados vão ter de decidir a culpa ou não de um réu. Caso fácil. Evidências de culpa. Todos querendo ser rápidos para escapar de um dia chato e quente. Então um chato coloca a dúvida quanto à culpa do reu...
E o terceiro chama-se A Dúvida. O mais recente. Um madre superiora autoritária e maliciosa. Um padre progressista. A amizade do padre com um menino. A dúvida consome a madre e a freira sua ajudante. Teria o padre ido além da amizade com o aluno? O que você vai achar depois do filme?
Gele o vinho, compre a pipoca ou frutas da estação. O cinema, muitas vezes, pensa, e cabe a você aproveitar a oportunidade para pensar com ele...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

"A Onda" - Quando o cinema pensa


O autoritarismo sempre leva ao caos

Ricardo Líper

É um filme alemão. Roteiro muito inteligente. Ouvi falar que se baseou em um fato real. Um professor, simpatizante dos anarquistas, não consegue dar aulas sobre anarquismo e é levado a assumir aulas sobre autocracia. E assim faz os alunos compreenderem o que é um grupo autoritário, ditatorial. O que seria uma série de aulas durante uma semana se transforma em um movimento fascista com as consequências de brutalidade que sempre é comum no fascismo. O filme é muito bem realizado. Não chateia. Não é acadêmico. Não visa mudar a linguagem cinematográfica. Entretanto cabe-se perguntar: por que um grupo de alunos se sentiu tão atraído por uma proposta dessa?
Penso que o liberalismo, associado ao individualismo, gera pessoas muito doidas, em todos os sentidos, levando a um vazio depressivo. Surge o individualismo exacerbado, os egos inflados, as ofensas e mesquinharias. O droguismo. Enfim, perde-se o conceito de grupo, disciplina, tudo enfim.
Quando estas pessoas se sentem pertencendo a um grupo, tendo solidariedade e organização defensiva delas próprias, elas se encantam. A porralouquice cansa. O ideal é que existissem anarquistas mais disciplinados, mais solidários, mais... enfim... Tudo cansa muito... A questão é mais complexa. Não é só a polarização fascismo e autoritarismo versus liberalismo e anarquismo.
Não deixem de ver essa rara oportunidade onde o cinema pensa.

domingo, 13 de setembro de 2009

Wagner ganhou a batalha e perdeu a guerra


Ônibus queimados, módulos da PM dinamitados: estas serão as imagens da campanha eleitoral de 2010

ToNy PaChEcO

"Acho que o governo errou na estratégia de combate à criminalidade. Os policiais tinham de permanecer em seus postos para não revelar fraqueza ou medo, e o governo deveria mandar mais reforço para as bases", afirmou a professora Lídia Almeida, 32, no site da “Folha de S. Paulo/UOL”.

A professora entrevistada pelo maior site do Brasil, o UOL, tem mais capacidade analítica do que toda a imprensa baiana: sites, rádios, TVs e jornais impressos. Não é incrível?
O problema todo foi que o governo Wagner/PT admitiu em entrevista coletiva que “sabia previamente” dos ataques dos marginais aos módulos da PM, viaturas policiais, lojas da Cesta do Povo e ônibus do sistema de transporte coletivo urbano de Salvador (até o momento em que escrevo, sábado, 12/09, 16 ônibus incendiados).
“Sabia” e a única medida que a população viu, na prática, foi a ordem dos comandantes policiais para que os seus comandados saíssem dos módulos para não serem vítimas de ataques.
Isso é demonstração clara e inequívoca de ausência de condições de enfrentar o inimigo. Em linguagem militar isto é recuo, retirada. É só ler Sun Tzu em "A Arte da Guerra".
Tem outro nome? Não creio.

BOMBEIRO NÃO RECUA

E já que estamos em época de lembrar o 11 de setembro de 2001 nas Torres Gêmeas de Nova York, naquela ocasião, dois enormes aviões foram lançados por terroristas muçulmanos contra o World Trade Center.
O New York Fire Department ou Corpo de Bombeiros, sabia que naquela situação, a possibilidade de salvar vidas nos prédios atacados era praticamente nula.
Mas os comandantes do NYFD mandaram seus comandados para a frente de batalha: salvar vidas ou morrer tentando.
Morreram 343 bombeiros na tentativa de salvar vidas no World Trade Center: trezentos e quarenta e três heróis e outros continuam morrendo pelo efeito, oito anos depois, dos gases e poeira tóxica inalados. E o sacana do prefeito de Nova York atual ainda tenta não pagar-lhes o acompanhamento médico, mostrando que os políticos são canalhas em todas as latitudes, de Brasília a Nova York, de Kuala Lumpur ao Cairo.
O que quero dizer com isso é que o comando da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia ao mandar os policiais saírem dos módulos apenas confessou que não pode fazer o seu trabalho: pois se não dá segurança aos seus próprios módulos de trabalho, como dará segurança à população?

MÉDICOS NÃO RECUAM

Já pensou se os médicos, ao se dar conta das bactérias e vírus com as quais entramos serelepes em seus consultórios resolvessem não nos atender temendo contágio?
A Humanidade já tinha sido extinta, não é verdade?

VAGABUNDAGEM À SOLTA

Neste domingo (ao escrever a segunda parte deste post), andei pela orla, e vi que, por exemplo, o módulo da PM no Porto da Barra, estava evacuado: nem um pé de polícia.
Resultado: uma vagabundagem no Porto da Barra como nunca vi em 33 anos de Bahia.

O QUE DEVERIA SER

A real é que o governo do estado deveria dotar os módulos, neste momento de crise, de metralhadoras e quem se aproximasse deveria ser fuzilado sumariamente.
É guerra, não é conversinha não.
O governo do estado não dota a Polícia de armamento superior ao da vagabundagem, não paga salários dignos e NÃO EXTRAI da Polícia a banda podre que tem ligações perigosas com a bandidagem, como o Rio de Janeiro está fazendo, e ainda manda o policial evacuar os módulos. O recado é claro: “Ei, vocês venceram!”

EFEITO ELEITORAL

Que ninguém se engane: este momento de capitulação diante da bandidagem será o principal tema da campanha eleitoral de 2010 e o governador Wagner e o PT nem pensem que o eleitorado vai esquecer, o da capital, pelo terror vivido, e o do interior, pela insegurança vivida com o deslocamento dos policiais para a capital.
As noites e dias de terror vão pesar demais: quem vai querer repetir um governo “capitulante” destes?

sábado, 12 de setembro de 2009

De drogas, política e polícia

Alex Ferraz

Vamos por partes, como diria Jack, o Estripador.

Primeiro, confesso que morri de inveja do meu amigo Tony Pacheco. Ao abrir este blog para postar comentário sobre a questão da legalização das drogas, o que vejo? Um brilhante artigo de Tony, que esgotou o assunto. Assino embaixo.

Acrescento apenas que a tradicional família brasileira (e, de resto em muitas outras partes do mundo) reage trêmula, em pânico, diante da simples expressão "legalização das drogas", mas aceita, calada, conformada, o verdadeiro genocídio que acontece à sua volta por causa do tráfico.

POLITICAGEM EXPLÍCITA

Na Bahia, como, de resto, em todo o País e em todos os tempos (Lula só fez continuar o que os coroneis já faziam), um festival de oferta de cargos no governo do Estado em troca de apoio de siglas, na busca por mais tempo na TV durante a campanha de 2010e de cooptar prefeitos e sobreviventes do Bolsa Família que seguem à risca o que eles ordenam, no interior.

A coisa chegou a tal ponto que ninguém, inclusive na imprensa, apresenta mais currículo de novos secretários. Não se fala em experiência técnica, doutorados, nem mesmo formação básica, em conhecimento, por mais bizarro que seja, do mister da pasta que assumem. Tudo é tratado na base do "Fulano é do partido tal", "Sicrano vai trazer apoio da sigla tal" etc.

Em nível nacional, as alianças esdrúxulas continuam. O PCdoB, no qual militei quando ainda pré-adolescente, em plena ditadura, e pelo qual viajei a Bahia inteira, menor de idade, carregando panfletos e jornais "altamente subversivos", em ônibus comuns e submetendo-me à sanha dos agentes da Polícia Federal, filia agora...Um delegado da Polícia Federal!!!

O PV já está em busca de Fleury Filho, notório direitista radical, ex-governador de São Paulo e filho de um dos mais execráveis torturadores da ditadura, o Fleury pai.

Mas tudo são estratégias, como foi estratégia Lula unir-se a Collor, Renan e Sarney.

E os tolos (para não dizer imbecis) que ainda acreditam em siglas e programas partidários ficam de olhos arregalados. Ou não, pois de tão tolos podem não estar percebendo coisa alguma.

FREUD EXPLICA

Não sou psicanalista, como o é meu amigo Tony Pacheco, e para quem deixo aqui a deixa para, quem sabe, um longo artigo sobre a insistência do secretário de Segurança Pública da Bahia em afirmar que "aqui tem comando" e do governador Wagner em bradar que "não vamos nos acovardar." Nada mais digo, nem me foi perguntado.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

DROGAS: reprimir ou legalizar?

tonY pachecO

Com a Cidade do Salvador assistindo nas ruas ao tiroteio entre a Polícia e o tráfico de drogas, nossa capital finalmente se insere no debate global: drogas devem ser legalizadas ou reprimidas com violência?
Para começar este debate temos que entender primeiro do que estamos falando.
Em termos comportamentais, drogas sempre existiram, desde os tempos das cavernas e sempre existirão, pois o problema é existencial, como diria Camus: não se pode exigir do ser humano que se mantenha 100% sóbrio, todo o tempo, num planeta no qual ele é jogado sem sua autorização prévia e no qual a natureza se encarrega de fazê-lo sofrer do primeiro sopro de vida até o último.
Podemos distrair o ser humano com religião, com amor, com ideologias, com o consumismo, com causas nobres. Mas sempre haverá um momento no qual ele se dará conta do absurdo da existência: a ausência de sentido em tudo que se faz.
O homem é a consciência do caos que é o mundo.
Daí, muitos e muitos se drogam. Para amortecer a angústia.
Visto isto, vamos ver o que é a droga, atualmente, como economia.

BILHÕES E BILHÕES

Mente quem diz, como a ONU, que sabe o volume de dinheiro que o tráfico de drogas movimenta: como é tudo clandestino, ninguém sabe ao certo. Nem os traficantes.
Segundo estimativas, o movimento seria de mais de 300 bilhões de dólares por ano, isto é, um terço do Produto Interno do Brasil, que é o décimo país mais rico do mundo. E 300 bilhões de dólares é mais do que o PIB somado de quase 100 países.
É muito, muito, muito dinheiro.
E sem imposto nenhum legal. Só a propina que se dá a juízes, policiais e políticos. Na economia global, o tráfico perde para a indústria de computadores (450 bilhões dólares), mas deixa a máfia legal da indústria farmacêutica no chinelo, pois esta só movimenta míseros 206 bilhões de dólares anuais.
E o narcotráfico é um fabuloso empregador (claro que seus empregados morrem cedo, mas isso é por causa da disputa com a polícia do Estado repressor). Só na Bolívia emprega 300.000 agricultores nas plantações de coca.
No Brasil, não se tem estatísticas, mas todo mundo conhece alguém que trafique drogas no seu prédio, na sua escola, no seu local de trabalho. É gente para dar de pau... Talvez empregue mais que o setor bancário e a indústria automobilística.
Os Estados Unidos, maior consumidor de drogas ilícitas do mundo, gastam 30 bilhões de dólares por ano (com este dinheiro eles transformariam todos os bolivianos em cidadãos ricos para sempre) com a repressão ao tráfico e, segundo Gore Vidal, em sua magnífica obra “Kalki”, é o DEA (departamento de controle de drogas), o maior centro de corrupção por traficantes no mundo. Compreensível.

COLAPSO ECONÔMICO

Diante dos números expostos, chegamos a uma conclusão: se numa hipótese remota, num mundo ideal, os órgãos repressores conseguissem acabar com o tráfico de drogas no mundo, através da prisão dos consumidores e dos vendedores (traficantes), o planeta seria colocado numa crise econômica de dimensões inimagináveis.
Não só por causa dos supostos 300 bilhões de dólares (claro que se pode multiplicar isso por várias vezes) que deixariam de girar na economia, mas por causa dos milhões de pessoas que ficariam sem emprego de uma hora para outra e outros milhões que iriam surtar de forma violenta pelo absenteísmo.
É uma coisa para se pensar.

PAÍSES DITATORIAIS

Nos países ditatoriais islâmicos (kkkkkk, isto é uma redundância), traficantes e consumidores podem ser presos para sempre ou mortos, como na Indonésia, Arábia Saudita, entre outros, ou nas ditaduras marxistas remanescentes, como China e Cuba.
Contudo, a fórmula que encontraram para viver assim é eivada de furos como um queijo suíço. Toda a classe dominante destes países usa o narguilé com ópio, toma álcool de meter o pé na jaca e viaja ao exterior a todo momento para amortecer suas angústias...
É só o povão que tem dificuldade de consumir e, aí, surge a corrupção: nestes países o narcotráfico tem que subornar uma quantidade imensa de juízes, políticos e policiais para poder vender sua, digamos assim, mercadoria.

E SE LEGALIZASSE?

Simplesmente se tornaria um mercado igual ao das bebidas alcoólicas ou de produtos farmacêuticos.
A maior parte dos traficantes não escaparia do Fisco, isto é, os produtores e vendedores teriam que pagar impostos e com estes impostos, o Estado poderia fazer as propagandas contrárias ao consumo (como faz todo dia contra o álcool e o cigarro).
Mas, principalmente, o Estado teria dinheiro para pagar os altos custos do tratamento dos viciados.
Do jeito que está é que é impossível. O consumo e o tráfico só fazem aumentar. Não pagam imposto algum e nós, que não fumamos nem cheiramos ainda temos que pagar os custos do tratamento, da repressão e, por tabela, da corrupção, pois não é o filho do vizinho que consome. É o nosso filho também.

QUEM É CONTRA LEGALIZAR?

Quem trabalha, mesmo, firmemente, contra a legalização de todas as drogas são dois grupos de pessoas: os traficantes, claro, pois é mais barato subornar autoridades e manter o tráfico crescendo do que pagar 70 a 80% de impostos, como fazem as indústrias de cigarro e bebidas.
Eu disse 70 a 80%. De cada 10 reais que um litro de vodka custa, 8 reais vão para as mãos do governo.
De cada 5 reais de uma carteira de cigarros, 3 reais e 50 centavos vão para o governo.
É disso que os traficantes querem escapar: impostos. Só isso.
O outro setor social que é radicalmente contra a legalização é aquele formado pela rede de corrupção do Estado: Executivo, Legislativo, Judiciário, Polícia etc. etc. Nos EUA, por exemplo, é tanta gente nas esferas de poder que é condenada por envolvimento com o tráfico de drogas que já não se sabe se o centro dos cartéis é na Colômbia ou nos próprios EUA...
Os prepostos do Estado que vivem de corrupção patrocinada pelos narcotraficantes sabem que se as drogas forem legalizadas, os impostos serão pesados como os do cigarro e do álcool e, aí, o produtor e o vendedor não pagarão mais propina.
Deu para entender?

ESTE É O MUNDO REAL

Espero que alguém me contradiga e diga que não é nada disso.
Mas, para citar palavras de um amigo, “é disso que se trata”.
Se se quer entender o que está acontecendo em Salvador, no Rio, São Paulo ou Nova York, tem que entender que este é o mundo real: ou legaliza ou vai piorar. E muito.
Mas, piorar para nós, a maioria, que nem consumimos cocaína nem recebemos propina de plantadores de maconha.
Com drogas ilegais as cidades tendem a virar um verdadeiro inferno de gangues disputando pontos de venda planeta afora.
Não é só quem viver que verá, pois quem vive já está vendo.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A morte de Michael Jackson


O enterro de Michael Jackson

Ricardo Líper

Não gosto de comentar a morte. Acho o fato de o ser humano morrer uma prova que essa vida não tem nenhuma lógica nem sentido e esse mundo pode ter qualquer origem, menos ter sido criado por algum princípio inteligente. Aqui impera o gratuito, o sem sentido, o ilógico. Somos uma consciência do sofrimento que uma natureza insensível, porque sem sentido, provoca em todos aleatoriamente. O resto é ilusão.
Bem. Se uma pessoa mata outra é assassinato. A polícia deve investigar e prender o assassino, porque em sociedades civilizadas não se permite que uns se achem no direito de matar os semelhantes. Parece, por isso, que ninguém pode matar ninguém sem esperar ser preso. Mas nem sempre isso vigora. Tem uma classe de profissionais que fica muito difícil saber se a sua imperícia, a esculhambação do sistema em que eles atuam e inúmeros outros fatores não contribuem para eles matarem e saírem impunes.
São os médicos.
Em países como o nosso, internar uma criança pode ser uma temeridade, porque crianças, segundo os médicos, são "mais frágeis" e nem todo tipo de medicamento pode lhes ser ministrado. Se se tem mais de 60 anos e, principalmente, mais de 80, é quase certo o óbito, porque eles acham que a pessoa "já passou" da idade de morrer. Se for jovem, pode ser "farrista, fumante, talvez use drogas" e, portanto, pode ser passível de óbito.
E ninguém investiga.
Eles estão acima da lei e da investigação policial. Ninguém ousa sequer discordar de suas explicações. Urge que se crie uma comissão que envolva médicos, advogados e policiais para investigar toda morte acontecida em hospitais e onde estejam os profissionais de saúde envolvidos.
Não é possível que continue a existir uma equipe que, supostamente, domine um conhecimento, supostamente científico, mas que, muitas vezes, é discutível. Tudo mesclado com interesses econômicos de empresas capitalistas (medicamentos, instrumentos hospitalares, aparelhos etc.), acima da sociedade, com poder de vida ou de morte sobre o resto da população.
É importante que a lei seja clara. Qualquer morte que envolva terceiros precisa ser investigada a causa exata e se não houve imperícia da equipe ou quem a rodeou ou do sistema de atendimento como um todo.
Falta de vagas em quartos, falta de prontidão para atender altas etc., tudo precisa ser investigado.
Michael Jackson só virou manchete porque era artista e famoso. E o resto, que nem sabemos os nomes? Os que são possivelmente assassinados pela irresponsabiliade de um sistema desorganizado, a imperícia, os modismos de "procedimentos", o mercado de trabalho predador e outra causas?
Cabe dizer: faltam muitos hoje em Nuremberg...

sábado, 5 de setembro de 2009

Um brinde ao Dia Sem Álcool

Tudo bem, já lembrei aqui que sem hipocrisia não há processo civilizatório. Mas estabelecer um Dia Sem Álcool no primeiro dia de um feriadão também já é demais.
Em homenagem ao ato do governador do Dia Sem Álcool na Bahia, hoje, meu amigo Alex e eu tomaremos várias brejas bem geladas a partir das 5 horas.
Tintim!!!

toNy pachEco

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Auto-ajuda



A personagem Norman Bates, de Hitchcock, saiu das telas para atormentar nossas vidas

Ricardo Líper

Tenho insistido que o número de psicopatas e nazistas ou fascistas que existem em nossa volta é muito grande. Raras são as pessoas que não apresentam esses dois perfis. Os mais exagerados somam os dois. O psicopata é um indivíduo que como não tem piedade do sofrimento alheio tortura o seu semelhante por coisas banais. Essa insensibilidade o faz fazer coisas absurdas e maldades terríveis contra os semelhantes sem nem pensar que está sendo cruel. Soma-se a isso um egoísmo e infantilidade que, se ele tem algum lucro, pouco importa que os outros se chateiem, sofram por causa dele. Confunde-se aí com o sociopata. Sujeitinho que, alienado e infantil pela criação e a socieadade em que vive, pouco se importa em prejudicar os outros. Sobre ele me deterei noutra ocasião.
Já o fascista não é, necessariamente, psicopata, mas o efeito é o mesmo. Ele tortura os outros, achando que não o está fazendo, porque acredita que assim está sendo correto, salvando a humanidade, promovendo o desenvolvimento do país, talvez até salvando a Civilização Ocidental. Professores intransigentes, pais autoritários, síndicos de prédios (insuportáveis), vizinhos temerosos, fanáticos religiosos.
O método é simples para lidar com estes tipinhos: primeiro, fazer um diagnóstico preciso, depois, evitá-los firmemente. Caso não seja possível enfrentá-los ameaçando-os, porque são covardes. Se você tiver poder, eles cedem.
Fica a lição dada. Voltarei ao assunto em breve.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Escândalo na saúde pública!

Alex Ferraz

Na Rua Padre Feijó, em Salvador, aquela que "desce" da Reitoria da UFBA (bairro do Canela) até a Federação, em todos os dias ditos úteis, por volta da meia-noite, ou antes, já existem dezenas, centenas de pessoas em filas humilhantes tentando conseguir fichas para serem atendidas pelo sistema público de saúde. Uma minoria consegue o atendimento. A maioria, silenciosa, calada, censurada pela grande mídia, volta para casa "conformada" e pensando em chegar ainda mais cedo na noite seguinte para ver se "dá sorte."

Em boa parte dos hospitais públicos de Salvador, notadamente no matadouro conhecido com Menandro de Farias, os doentes são tratados como bichos, por funcionários que, por sua vez, também são tratados como animais pelo governo que os emprega. São funcionários que não têm o menor escrúpulo em transferir para pessoas feridas, doentes, fragilizadas ao extremo, enfim, seus recalques.

É este o quadro da saúde pública na Bahia, que eu poderia completar com o depoimento, em rádios da cidade, ouvido hoje (dia 2 de setembro de 2009) de um cidadão que, com crise de pressão alta, chegou ao 5° Centro de Saúde, na Avenida Vasco da Gama, ali bem em frente ao Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (que coincidência oportuna!), e ficou esperando das 11h30 às 18 horas por um atendimento!

Ora, qualquer leigo sabe que uma crise de pressão alta é algo para ser tratado IMEDIATAMENTE, pois pode matar a pessoa em dois tempos.

Mas é este, senhores, o sistema de saúde pública que o presidente Lula disse estar se aproximando do Primeiro Mundo.

Claro que ele, Lula, não é o único culpado por este deboche animalesco, medieval, para com os cidadãos que sustentam a roubalheira dos que metem a mão nos cofres públicos.

Mas é tão responsável por esse massacre como seus antecessores e, pior, decepciona mais porque prometeu mudar tudo e até agora só mudou mesmo a sua vida, a da sua família e de seus comparsas, para muito, muito melhor.