sábado, 11 de abril de 2009

A farsa da "autonomia" da Câmara Municipal de Salvador


Alex Ferraz

Os vereadores de Salvador estão agitados. Protestam contra uma agressão sem precedentes à sua autonomia. Nossa! Será que está havendo alguma tentativa de cooptação dos nossos altamente independentes e vigilantes edis para a aprovação de algum projeto escuso? Estariam os vereadores de Salvador sendo cerceados no seu direito (e dever!) de fiscalizar a administração da cidade pelo prefeito? Ou será que forças do mal engendram uma desmoralização pública do parlamento municipal, com o objetivo de fazer com que interesses econômicos mandem e desmandem na primeira capital do País?

Nananinha! Os edis estão revoltados com o Ministério Público porque o órgão impediu o trem da alegria que contrataria 41 novos assessores, aumentando as despesas da Câmara em mais de R$ 2 milhões, em tempos de ditas vacas magras da falada crise.

Choramingam os edis de Salvador que estão sendo atingidos na sua autonomia. Mas que autonomia, senhores? Autonomia para melhorar seus próprios ganhos e de amigos? Ah, sim...Por que autonomia para barrar absurdos do PDDU, que liberou a orla de Salvador para uma muralha de concreto que em breve acabará com o que resta de brisa nesta bela cidade, ninguém teve. Fizeram um festival de teatro para engar os bobos, realizando "debates" em menos de uma semana, varando madrugadas com a "preocupação" com o PDDU, mas, no fim, aprovaram bonitinho. Tudo.

Temem perder a autonomia! Essa é mesmo boa! Tiveram (ou têm) os senhores autonomia para levar a sério a investigação sobre o assassinato do servidor público Neylton Souto, morto com requintes de tortura dentro da sede da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador? Foi (e é!) um escândalo sem precedentes, mas sobre o qual colocou-se a pedra do cinismo e da amnésia oportunista e criminosa.

Têm, os senhores vereadores, autonomia para investigar o cartel dos postos de combustíveis de Salvador, que praticam o mesmo preço e ai de quem sair da linha? Possuem autonomia, os vereadores de Salvador, para investigar seriamente o péssimo funcionamento da saúde pública municipal ou das escolas da capital baiana?

Não. E nunca se importaram com essa falta de autonomia, porque ela, certamente, significa a porta aberta para auferir vantagens que só são acessíveis aos que se calam diante do poder executivo e aceitam tudo que emana dos palácios de governo ou de setores privados fortes, mesmo com meia dúzia de parlamentares fingindo espernear.

Mas, sim, a falta de "autonomia" atinge em cheio os brios dos vereadores da capital quando lhes impede de legislar em causa própria.

Viva o Ministério Público! E que nossos vereadores aprendam de uma vez por todas que não são pagos a peso de ouro para deixar a cidade virar uma Casa de Mãe Joana, enquanto elaboram centenas de projetos para dar titulo de cidadão, medalhas e mudar nomes de ruas.

Me batam um abacate!

Um comentário:

  1. saiu o ”demo”, entrou a PesTe e tudo se mantêm como dantes no quartel de abrantes...

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Se vai acusar alguém nominalmente, identifique-se e anexe as provas. Não vamos pagar indenização na Justiça por acusações que não fizemos.