terça-feira, 3 de março de 2009

O Zero dos Professores

Meus professores ganhavam melhor e ensinavam melhor


Ricardo Líper


Deixei para comentar no início das aulas uma prova a que submeteram os professores, na "locomotiva" do país, como até bem pouco tempo S. Paulo gostava de ser chamado. Os professores que dispõem de diploma ou já estão ensinando há muito tempo não precisam fazer provas. Devia ser, inclusive, proibido por lei submetê-los a qualquer tipo de teste, porque é humilhante. Provas são capciosas, feitas por professorinhas psicopatas que chegam ao orgasmo quando dão um zero. Essa mania que envolve autoridades educacionais de fazer o desgraçado que trabalha no ensino a estudar até a morte, compulsivamente, como todas as manias do meio educacional brasileiro, é uma macaquice equivocada. O que faz um bom professor, informado, dedicado ã profissão, é um bom salário. Não há outro meio. Pós-graduações são uma indústria de pós-graduações. Só isso. Ou para espertalhões que ganham dinheiro com isso ou para neonazistas que acumulam poder em mestrados e doutorados assim como outros privilégios. Se pós-graduações valessem alguma coisa, em um país de doutores como o nosso está se tornando, o produto final, o aluno, não estaria sendo reprovado em todas a instâncias aqui e no exterior. O que faz um bom professor é o orguho de ser professor. E esse orgulho começa com um salário bom. Salário esse que o permita ir ao cinema com regularidade, ao teatro, comprar livros, não ir para sala de aula em trapos como nossas pobres professorinhas atualmente vão e nem preocupados em ter dinheiro para comprar o material escolar dos filhos.
Os irresponsáveis que levaram a educação brasileira a esse estado de miséria humana passarão à história como os coveiros da educação brasileira.
O resto é demagogia, doença mental e autoritarismo. Professor tranquilo economicamente, com carga horária que não o transforme em mula, incentivado a ler, discutir temas em fóruns, em encontros da classe, com muita comida boa, bons hoteis, este será um bom professor.
Eu tive bons professores e muitos desses cretinos que estão vivendo de fazer testes com professores, também. Professoras orgulhosas, bem vestidas, perfumadas, absolutamente responsáveis. Li pela primeira vez Poe, em inglês, no segundo grau, com Miss Aline, uma brasileira professora de inglês. Uma senhora de cabelos azuis que encantava a todos, que a respeitávamos pela maneira que demostrava o saber e entrava em sala como uma grande atriz entra em um palco. Foi antes das milhares de reformas, e de levarem os professores a receberem pouco mais de um salário mínimo.
Os professores atuais merecem nota dez por ainda não terem abandonado as escolas. Se um deles cruza o portão da escola em que ensina, para ganhar por mês um salário de fome, só por isso já merece ter dez com louvor.

3 comentários:

  1. Vida de professor no Brasil é o oposto de tudo que se espera de uma categoria profissional de seres humanos que têm como tarefa, contribuir na formação de outros seres humanos.
    Pelo andar da carruagem, em breve não será mais necessário prova, teste ou coisa que o valha para avaliar professor. Do jeito que vai, em breve necessitaremos de telescópio para encontrarmos este profissional.
    Em Marte quem sabe!

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  2. Tava conversando com um ex-colega de História que depois fez pós (mestrado e doutorado) em um daqueles temas que o pessoal da UFBA aceita.
    Quando puxei o assunto da Revolta Baiana de 1798 e falei de Cipriano Barata o cara nem sabia mais quem era... belo Doutor...
    Especializar demais parece que torna as pessoas mais idiotizadas, mas prontas para se empregar nas "melhores" Universidades.

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  3. antonio ozaí:

    "O que prova a prova afinal? Nada. Ela é um instrumento burocrático de controle que legitima o poder da instituição e, em decorrência, dos professores."

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Se vai acusar alguém nominalmente, identifique-se e anexe as provas. Não vamos pagar indenização na Justiça por acusações que não fizemos.