Alex Ferraz
A chamada grande imprensa brasileira, a continuar no atual ritmo, levará ao fim os Diários Oficiais, que se tornarão redundantes e, assim, dispensáveis. Vivemos um oficialês sem precedentes. Publica-se o que o ministro diz, o que o presidente declara, o que o deputado fala, o que o vereador "informa", o que a Justiça alardeia, o que a Polícia declara, o que as autoridades, enfim, querem dizer, sem o menor senso crítico.
Se o presidente diz que vai construir um milhão de casas em um mês, pronto: lá está a manchete, peremptória, embora contendo uma promessa surreal. O Planalto, salvo engano, já deve ter prometido mais de R$ 1 trilhão (isto mesmo: trilhão!) para as tais obras do PAC (Programa de Aceleração da Candidadutra - de Dilma, como diz José Simão). Gente, um trilhão! E ninguém pergunta de onde vai sair, quanto já foi liberado, onde está sendo aplicado, em que pé estão as obras (se é que existem)!
Ah, podem argumentar que há comentaristas fazendo este papel. Sim, há uns gatos pingados, mas cuja voz cai no vazio. No vazio dos que só lêem as manchetes de jornal, no vazio dos que "não acreditam" em comentaristas, no vazio, mesmo, da forma pontual com que aparecem, tornando-se, no mais das vezes, "chatos" ou "engraçados" que "desabafam". A grande maioria da população, podem crer, leva tudo isso a sério, e mesmo não tendo um centavo no bolso (ou talvez por isso mesmo) tem orgasmos quando ouve falar em somas trilionárias. Mas são orgasmos falsos. Os verdadeiros são sentidos pelos políticos e governantes, aliados a empresários que mamam solenemente nas tetas do erário. Estes, sim, juntos, sabem o exato sabor de ter bilhões nas mãos, lançando moedinhas no poço dos desejos do Bolsa Família e congêneres.
Ai, meu saco!
MAS SE FOR FUTEBOL...
Agora,querem ver a galera levar a sério, exigir, ir às ruas, fazer quebra-quebra, matar e morrer? Basta acontecer um problema sério com seu time. Aí, a notícia é lida, vista e ouvida com avidez, os debates se acirram, as dúvidas vêm à tona, a indignação eleva-se ao limite máximo. Nos bares, a turba enfurecida regurgita o que ouviu, faz comentários mil, dá socos nas mesas, exibe camisas com as cores do time, faz a revolução.
Afina, futebol é coisa séria...
quinta-feira, 5 de março de 2009
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ResponderExcluirParodiando a tendência ‘esquerdizóide’ que sapecaram por vários recantos da américa latrina:
ResponderExcluir... cada povo tem o 'time' que merece!!!
Luce Fabbri,
ResponderExcluir"Os meios mal chamados de 'comunicação' (digo mal chamados porque transmitem mensagens em um único sentido, a partir dos poucos que dominam a informação, aos muitos que vêem e escutam, porém, não interrogam, nem respondem, nem emitem mensagens próprias) têm, sem dúvida, a possibilidade de desenvolver uma tecnologia que lhes permita funcionar nos dois sentidos. Pela primeira vez, vislumbra-se a possibilidade da intervenção de um grande número de indivíduos (todos os diretamente interessados) na tomada de decisões coletivas e nas discussões prévias."
1993