domingo, 15 de março de 2009

C'est la même chose! *

Não procure Brad Pitt no elenco. O filme é maior que isso.

Tony Pacheco



Foi preciso que meu amigo Rogério Rios (excelente cartunista), que atualmente mora na Irlanda, me desse uma ducha de água gélida, pra que eu acordasse de um sonho recorrente em meus pobres textos. Ele notou que gosto muito de uma Europa idílica, civilizada, em certos termos, superior ao Brasil. Sebastião Santa-Rosa, outro amigo querido, que hoje em dia mora na Áustria, já vinha me advertindo sobre isso: não existe uma Europa ideal.
O ser humano neste tipo de organização social em que vivemos (sociedade burguesa num modelo capitalista de mercado soberano), é estimulado a sobreviver a qualquer preço. A qualquer preço eu quero dizer, aqui, a qualquer preço mesmo.
Rogério e Sebastião lembram-me do meu erro epistemológico e é bom que me lembrem, pois eu posso corrigi-lo: da Suíça à Rússia, de Portugal à Alemanha, em todas as sociedades européias há corrupção, desmandos, ineficiência. A única, mas única diferença mesmo, que existe entre a Europa e o Brasil (e isso, eles não me disseram, basta acompanhar a mídia internacional), é que, em boa parte das vezes, corruptos e todo tipo de criminosos, são obrigados a passar uma temporada na cadeia. E, melhor, têm que devolver o que roubaram.

E, aqui pra nós, quem leu Lampedusa, no seu "Il Gattopardo", sabe que tudo muda pra tudo continuar a mesma coisa.
Já, no Brasil, se rouba, se é ineficiente, e recebe-se uma medalha de comendador, cidadão honorário, essas coisas. Esta é a diferença.

UM FILME EXTRAORDINÁRIO

Para que o internauta entenda bem a razão pela qual, por exemplo, nós vivemos numa cidade onde não são exigidas vagas para automóveis para os clientes nos prédios comerciais, entupindo as ruas de carros e inviabilizando a mobilidade urbana. Onde se plantam shoppings gigantescos (vem mais um aí na inviável Av. Paralela...) em áreas onde não cabe sequer uma barraca de cerveja e salgadinhos. Para entender o porquê de usarmos sempre os países mais civilizados como parâmetro, mas, ao mesmo tempo, reconhecermos que por lá também a lei pode ser “dobrada”, caiu em minhas mãos, graças à maior contribuição chinesa à cultura universal (a pirataria de vídeos), o filme “Rocknrolla”.
O diretor é Guy Ritchie, que, pra mim, era apenas “o marido de Madonna”. Mas que, a partir de agora, nem é mais marido de Madonna (já se separaram). É um cineasta criativo que nos mostra uma Londres que nós, do Último Mundo, sequer imaginávamos, chafurdando num mar de corrupção, com seus vereadores flexíveis...
A história é extraordinária, e começa com um lobista que consegue a liberação de alvarás de construção para prédios que não podem ser construídos se as leis municipais forem obedecidas. Isso não lhes parece a “local thing”, queridas amigas e queridos amigos?
Pois é: assistam “Rocknrolla” (está à venda nos melhores pirateiros) e vejam o mundo real sob outros olhos.
Mas, não se esqueçam: o dinheiro que corre na pirataria de vídeo é o mesmo que corre no tráfico de drogas... E nas obras assistenciais de Madre Teresa, no meu e no seu salários, nas mensalidades das faculdades, no suborno aos congressistas e aos policiais. Enfim, dinheiro é tudo a mesma m..., não é verdade?
Divirtam-se, pois este é o mundo que temos. Não há outro e nem haverá depois da morte, ao contrário do que diz o papa, o pastor e o mulá!


* O título é um "empréstimo" de Ricardo Líper ao meu texto.

Um comentário:

  1. espaços de esperança, mesmo que pequeníssimos, são necessários para manter a lamparina do sonhar queimando...

    Mário Quintana

    POEMINHA DO CONTRA

    Todos estes que aí estão
    Atravancando o meu caminho,
    Eles passarão.
    Eu passarinho!

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Se vai acusar alguém nominalmente, identifique-se e anexe as provas. Não vamos pagar indenização na Justiça por acusações que não fizemos.