quarta-feira, 25 de março de 2009

Direito de ir e vir? E o direito de viver?

Gostem ou não gostem, trabalhadores de volta às ruas.



Tony Pacheco



Vejo as trapalhadas que os vigilantes estão fazendo no trânsito de Salvador e a primeira coisa que chama a atenção é a cantilena da mídia em torno do direito constitucional de ir e vir.
Sim, num mundo em que em muitos lugares o ser humano ainda tem restrições monumentais a este direito elementar, como na China ou nos países islâmicos (estou falando, só aí, em metade da humanidade), é irritante quando um grupo social invade as ruas para impedir que cheguemos aonde queremos chegar.
Mas, o que os críticos da ocupação das ruas não levam em consideração é que aqueles que estão ali protestando o fazem em busca de um direito maior que o de ir e vir: é o direito a uma vida digna. Querem melhores salários (a empresa de consultoria Deloitte acaba de mostrar que o baiano ganha menos 40% do que um paulista para fazer o mesmo trabalho), querem melhores condições de trabalho, querem equipamentos que defendam a vida deles diante de uma marginalidade cada vez melhor armada, que suas empresas de segurança os amparem em caso de conflito com a marginalidade e, em caso de morte, que suas famílias sejam amparadas.
Se isso tudo for debatido apenas entre quatro paredes, os patrões não se sentirão intimidados e não cederão banana de nada aos trabalhadores.

HISTÓRIA DE LUTAS

Aquele que, hoje, critica o engarrafamento de trânsito, pois chegou tarde ao trabalho, à escola ou ao encontro amoroso, será o mesmo que, amanhã, terá que ocupar as ruas também para fazer valer suas demandas por uma vida melhor.
As pessoas precisam compreender que vivem num mundo injusto, onde uma minoria com alto sentido de classe se une para explorar a maioria, que é a classe trabalhadora. Esta luta vem desde os primórdios do capitalismo, no século XVIII, mas pode avançar ainda mais na história, quando o primeiro homem esperto escravizou seus vizinhos na Suméria. Ou mais longe ainda, como querem as feministas, quando o primeiro homem usou a sua compleição física avantajada para colocar um séquito de mulheres para trabalhar para ele na Idade da Pedra e que o fazem ainda nos países islâmicos ou na Índia.
Esta é a história da luta dos seres humanos oprimidos, a maioria, contra os opressores. E não vai parar porque fulaninho quer chegar ao shopping e fulaninha quer dar um beijo no namorado.
A luta irá às ruas, sim, para chamar a atenção de todos para as condições humilhantes das classes trabalhadoras. E, agora, que o capitalismo dá o seu maior tropeção em mais de dois séculos, é hora de ir à luta nas ruas, mesmo que centrais pelegas como CUT, Força Sindical e outras manipuladas por partidos políticos ex-esquerdistas tentem conter a luta por melhores condições de trabalho.
A luta é pela vida. Uma vida digna. Ninguém pode segurar isso. E quem ficar na frente será atropelado.
Quem está no volante do seu carrinho com ar condicionado, muita calma nesta hora. Quem está no ônibus, amanhã pode ser o seu dia de estar na passeata...

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. O momento é de crise braba no sistema capitalista, junte-se a isso, também, o puro oportunismo egoísta dos moços dos anéis multicoloridos que só tem um ‘sonho’: em ganhar dinheiro fácil para ostentar pelos labirintos dos centro de consumo...

    Seria, portanto, de bom alvitre que estas lutas ensejadas pelos trabalhadores ganhasse contornos mais conscientes de todos os assalariados, que em uníssono pleiteassem por mais pão, tesão & autogestão!

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Se vai acusar alguém nominalmente, identifique-se e anexe as provas. Não vamos pagar indenização na Justiça por acusações que não fizemos.