quinta-feira, 9 de julho de 2009
O Plano Real e a mídia amestrada
FHC (PSDB) lançou o Plano Real e Lula (PT) deu continuidade sem mudar nada: preços sobem e salários ficam congelados. Que dupla!
tOny PaCHecO
Sou jornalista, mas, sem dúvida alguma, tenho que admitir que boa parte das misérias que sofremos neste País parte da indiferença ou incompetência da mídia.
Vejam o caso do aniversário de 15 anos do Plano Real. Fiquei esperando, nos últimos dias, que algum jornal, TV, rádio, site ou blog fizesse um balanço do que é este plano para as classes populares, mas, principalmente, para a classe média brasileira.
Monitorei pela Internet e não vi nada.
Nenhum jornalista se deu ao trabalho de pegar os ganhos médios das principais profissões e ocupações dos brasileiros em 1994 e em 2009 e, ao mesmo tempo, comparar com os preços cobrados por alimentos, vestuário, medicamentos e planos de saúde, imóveis (para compra e para aluguel), educação, transporte (público e automóveis particulares), lazer, enfim, tudo que é necessário à vida, acompanhar quanto subiu de 1994 até 2009, fazendo o cotejamento com os ganhos, de operários a empresários.
Do lançamento do real até 2009, a inflação acumulada foi de 244,86%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – o índice que, dizem, é manipulado pelo governo, como nos tempos da ditadura militar -. Pelo Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a alta nos preços foi muito maior: 306,4%. Mas, no meu bolso e no seu, internauta, este índice foi às nuvens e não voltou.
Já os salários, houve categorias, como dos professores federais, que chegaram a ficar mais de cinco anos sem reajuste salarial algum.
Só as classes para lá de baixas tiveram um pouquinho de reposição neste tempo. O salário-mínimo, que era de R$ 196,63 em julho de 1994, hoje está em R$ 465.
Isto é, mesmo usando a inflação manipulada do governo (244,86%), o salário-mínimo deveria ser, hoje, R$481 e não R$465,00.
Já usando o índice da FGV (306,4%), o salário-mínimo já deveria estar em R$602,47.
Mas, segundo o Departamento Interssindical de Estudos Econômicos e Sociais (DIEESE), que era sempre consultado pelo PT e por Lula quando eles eram oposição no Brasil, o salário-mínimo deveria ser, em maio de 2009, R$2.045, para atender às necessidades mínimas de uma família de classe baixa.
Hoje, que estão no poder, Lula e o PT ignoram solenemente as estatísticas do DIEESE...
Isso sem falar na classe média. Essa, coitada, neste Plano Real teve que arranjar um segundo e até um terceiro emprego para fazer frente à subida dos preços, pois os carros e outros bens que ela consome, em alguns casos subiram até 500%.
Só para dar um único exemplo, que afeta todas as classes, pois não vou fazer o trabalho que deveria ser dos conglomerados de comunicação, o botijão de gás de cozinha subiu 695% nestes 15 anos de Plano Real.
Tem alguma coisa para comemorar?
Então, por que jornais, TVs, rádios, blogs e sites não fazem um levantamento, produto a produto, serviço a serviço, salário a salário, para informar o que aconteceu de empobrecimento conosco, NA REAL, nestes 15 anos?
Hein, hein, hein?
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Olá, Tony...
ResponderExcluirNão é surpresa que jornalistas, em geral, não gostam muito de pesquisar. Dá muito trabalho fazer tanta conta, como você sugere.
Jornalista que é jornalista (dos retados) gosta mesmo é de factóide, requentamento de notícia, e, de vez me quando, dar uma barrigada... tudo bem light.
E com tantos órgãos de pesquisa e estatística "independentes" fica mais difícil ainda saber se as coisas deram mesmo certo ou errado, ou prá quem deu certo e prá quem deu errado.
Um dos sindicatos que mais combateu o Plano Real em seus primórdios foi o dos Petroleiros... foi violentamente coagido (milhões em dívidas pelos dias parados, demissões, etc) no governo FHC... e hoje no governo Lula virou "colaboracionista", com seus ex-diretores hoje assessores de presidências e diretorias...
Pelo que entendo, quem gostaria e desejaria falar mal do Plano não tem qualquer instrumento para tal... só um ou outro blog é que ainda teimam em malhar o Plano...
valeu,
carlos baqueiro