quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Luiz Caldas, Meirelles, Pelourinho etc. etc. etc.

Luis Caldas, o novo problema de Márcio Meirelles




Tony Pacheco



O secretário de Cultura do governador Jaques Wagner (PT-BA), Márcio Meirelles, tem pelo menos dois simpatizantes neste mundo: o governador, que o nomeou e o mantém, e eu. Sim. Por incrível que pareça. Simpatizo com qualquer pessoa que tem uma quase unanimidade contra ela. No meu entender, ele deve estar fazendo algum tipo de ação cultural (não me perguntem qual, não sei...) que está contrariando os "donos da cultura oficial" na Bahia. Aquele povo que desde o regime militar se aproximou do falecido Antônio Carlos Magalhães e começou a gravitar em torno dele em busca de benesses. Por seu puxassaquismo, receberiam várias capitanias e sesmarias: migalhas mensais como curadores de "interesses culturais". Suponho que Meirelles botou água gelada nesta fervura e, aí, obviamente, construiu-se esta unanimidade contra ele, pois os donatários e sesmeiros têm ampla penetração na mídia e batem forte e impiedosamente nele.

Bem, depois desta defesa de Meirelles, que não me foi pedida por ele, pessoa a qual não tive nem o prazer nem o desprazer de conhecer, volto o olhar para o outro lado.

Oh, quão inábil é o Sr. Meirelles.

Quando estudei na Faculdade de Administração da UFBA (nós, do curso de Economia, tínhamos matérias lá, não sei se é assim ainda hoje...), uma das coisas que aprendi e jamais esquecerei é que O VERDADEIRO TALENTO É SABER ADMINISTRAR TALENTOS. Quem vive cercado de gente incompetente com medo de sombra, sempre fará uma administração medíocre. É o que acontece com o Sr. Meirelles.

Falta-lhe assessoria que leve a sua gestão na Secult-BA a um novo patamar de qualidade e, por via de consequencia, de visibilidade.

O CASO PELOURINHO

Algum mentecapto deve ter sugerido ao Sr. Meirelles que o Pelô era uma "obra carlista" e que, por isso, deveria ser abandonado. E foi o que ele fez. Não falo do que ouço. Falo do que vejo. Moro vizinho ao Pelô. Hoje a área é uma sombra triste e melancólica do que foi há apenas cinco anos.

O correto seria um assessor do Sr. Meirelles ter dito a ele: "Chefe, isso aqui é Patrimônio da Humanidade, não é de ACM. Foi proclamado pela UNESCO. Se ACM fez 10 por este espaço cultural e arquitetônico, nós do governo Wagner do PT faremos 100, faremos mil. Mostraremos que entendemos de revitalização de áreas arquitetônicas degradadas mais do que os carlistas. Mostraremos que somos melhores."

Mas não foi isso o que ocorreu. Infelizmente. E tome-lhe porrada pelo abandono do Pelô.

O CASO DOS TEATROS E FUNDAÇÕES

Se tal ou qual teatro, tal ou qual fundação está recebendo dinheiro público e isso está sendo apropriado por tal ou qual pessoa, a solução não era a que se tomou: sustar os pagamentos. A cultura não pertence a A ou B.

Fosse bem assessorado e o Sr. Meirelles simplesmente exigiria transparência nos gastos, com acompanhamento dos mesmos. E dando isso ao público, através de uma assessoria de comunicação também competente. Isso ele pode e deve fazer, afinal, dinheiro público é dinheiro suado. Suado por nós, que pagamos os impostos.

Mas não se inviabilizam teatros nem fundações ligadas à cultura por perseguição política. Isto é "culturicídio".

E por aí vai a administração Meirelles até chegar a Luiz Caldas.

O CASO LUIZ CALDAS

O mais recente caso do Sr. Meirelles foi a negativa de apoio ao "rei do fricote", Luiz Caldas, tido como o "inventor da axé music" (cujo batismo é de autoria de meu amigo que admiro demais, Hagamenon Brito, que não gosta do tipo de música que batizou...).

Luiz Caldas denunciou que não teve o patrocínio do Governo do Estado ao seu trio elétrico por negativa do Sr. Meirelles.

Outra falha cruel de assessoria. Não se bate em pessoas fragilizadas. Caldas está num momento delicado de sua vida e representa muito para o imaginário desta Bahia carnavalesca.

Se bem assessorado, o Sr. Meirelles diria de público o que foi exigido e o que era incompatível com a lei ou com as possibilidades de sua Secretaria.

Acabou tomando porrada de Luiz Caldas, que tem a solidariedade das pessoas generosas. O Sr. Meirelles fica como o vilão, pois não consegue se explicar.

Como conselho e canja de galinha não fazem mal a ninguém, fica um: Sr. Meirelles, se o Sr. ouve alguém antes de tomar suas decisões, pare de ouvir esta pessoa, pois ela leva-lo-á ao cadafalso.

A não ser que seu interlocutor seja o casal real. Se for assim, continue, afinal, manda quem pode, obedece quem tem juízo.

3 comentários:

  1. Parabens para os tres mosqueteiros inimigos do Rei, os textos estão ótimos, vamos divulgar o blog! O rei está nu novamente!Viva os Inimigos do Rei!
    edu

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  2. ... em tempo que os mosquitos da dengue (Aedes aegypti) assolam à cidade, voando baixo e à solta pela nossa querida soteropólis, nada melhor do que três 'mosquiteiro' para reforçar a nossa imunidade!

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  3. Ri e muito com os conselhos, ou melhor dizendo, com o augumentatìo, a respeito de como Meirelles se portar. O riso advém do fato de não me bater a caçoleta um mudo bom e justo, ordeiro e pacífico, como sonha a classe média e o proletariado(hoje tão raro), que brada de modo ora diabólico ora epifânico ( dá no mesmo).

    Porém, o que mais gostei no argumentatìo foi o cadafalso, aí a cena é teatral, para não dizer barroca. Me lembrei de Antonieta, sendo levada ao cadafalso numa carruagem comum e por isso mesmo esbravejando, quando seu marido teve direito a um carro oficial, que o protegia do povo.

    Na literatura chamamos notação os signos, episódios, ou elementos que não se sabe muito bem porque eles foram parar no texto, ou o que fazem ali. O cadafalso é isso, é a literatura, praticamente, ele destrói todo o argumentatìo. Ele suspende a garantia do texto e introduz a dúvida, a ironia, enfim, o riso.


    Gerson Brasil

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Se vai acusar alguém nominalmente, identifique-se e anexe as provas. Não vamos pagar indenização na Justiça por acusações que não fizemos.