Ricardo Líper
Tirando os neonazistas do armário
Se você se incomoda muito com essa foto tem alguma coisa errada com você. Procure ajuda ou arranje alguém do mesmo sexo para lhe beijar.
Se você se incomoda muito com essa foto tem alguma coisa errada com você. Procure ajuda ou arranje alguém do mesmo sexo para lhe beijar.
Em 9 de fevereiro de 2009 dois jovens de 22 anos, do sexo masculino, se beijaram no Shopping Iguatemi, em Salvador, Bahia, Brasil e foram convidados, por isso, a se retirar do estabelecimento comercial. Foram assim martirizados e hostilizados pela homofobia da direção desse estabelecimento.
Quando, hoje em dia, no Brasil, dois homens ou duas mulheres se beijam ou andam de mãos dadas em público, transformam-se imediatamente nos judeus da Alemanha Nazista e nos negros de sociedades explicitamente racistas. Vão ser alvo de agressões nos mesmos termos em que judeus e negros foram e, infelizmente, podem ainda ser, caso as leis antirracismo não sejam cumpridas. Quem se torna, voluntariamente, semelhante a um judeu na Alemanha nazista ou negro em sociedades explicitamente racistas é um herói. Com o seu comportamento denuncia o neonazismo e o extremo autoritarismo, incubado, do outro. O faz sair, ideologicamente, do armário. É de suma importância que quem exerce a lei nesse país seja rigoroso com atos neofascistas e discriminatórios. Ou nós somos uma democracia e um país de todos ou não somos. Não existem meios termos.
Quem reage contra a diversidade de comportamento dos outros, sejam famílias ou indivíduos, e pede a repressão, concorda com ela ou a executa, é movido pelos mesmos sentimentos que nazistas e outros tipos de racistas sentiam diante de judeus e negros.
Seus motivos, como estarem crianças presentes, são torpes e infelizes, como todos os motivos racistas. Não se pode estabelecer que os comportamentos dos outros, que pagam os mesmos impostos que nós e estão dentro do que a lei estabelece como aceitável, sejam impróprios para menores de 18 anos. As crianças vêem muito mais coisas, supostamente censuráveis, na televisão e na Internet. Você não pode impedir que uma criança veja um travesti ou duas pessoas do mesmo sexo se beijarem a não ser que os impeça de sair, prenda-os , espanque-os, intimide-os porque saíram de casa, ou estabeleça o dia que eles podem sair e trafegar livremente ou os jogue em um gueto como os nazistas fizeram com os judeus em Varsóvia. Guetos, aliás, que já existem em nossas cidades. Esses guetos atuais são locais onde essas pessoas podem se beijar, coisa que não podem fazer em qualquer lugar porque os neonazistas e/ou neorracistas não permitem. A cidade é deles e não de todos como se pretende que o país seja. Portanto, se você acha natural e moralmente correto a repressão a pessoas do mesmo sexo se beijarem, assuma que é neonazista. É também um direito seu.
Entretanto, se você não é neonazista nem racista, deseja que nosso país seja civilizado, procure só comprar e frequentar ambientes ou estabelecimentos comerciais em que negros podem trabalhar, assim como pessoas de diferentes idades, não necessariamente do mesmo padrão de beleza. E que, podem empregar e ter como cliente aquele que, mesmo diante de você, sem medo, beije a pessoa do mesmo sexo que o acompanha. A questão do beijo proibido é política nunca foi sexual ou moral. É a eterna luta entre pessoas fascistas e democráticas. Entre o autoritarismo e a liberdade. E nessa luta você não pode ficar de fora ou quer uma sociedade liberal e justa ou uma, ditadura disfarçada e setorizada de alguns neonazistas.
Dê essa contribuição pessoal para fazer desse nosso sofrido e amado Brasil, uma civilização. Com esse ato crie uma sociedade mais civilizada e humana. Se você não agir assim, seu próprio filho, talvez até mesmo sem que você queira, sobrinhos, pessoas queridas, podem vir a ser as próximas vítimas da intolerância neonazista explícita ou incubada.
Nós temos o direito de ser como a Dinamarca, Suécia, Noruega, Holanda e os países mais cultos e civilizados. Devemos nos esforçar para isso. Os brasileiros merecem isso. Episódios como esse fazem os outros países lamentarem ou rirem de nós.
Boicotando os estabelecimentos preconceituosos, selecionando-os pelo grau de respeito aos direitos humanos, o que inclui o combate à homofobia, podemos dar nossa contribuição para entrarmos no rol de países civilizadas e sermos todos muito mais felizes do que somos atualmente.
Parabéns,
ResponderExcluirMoro em Fortaleza, mas todos os dias leio a coluna do Alex pela net. O blog com o intuíto de democratizar a informação nos deixará mais bem informados. Já o coloquei entre os blogs que acompanho, inclusive comento algumas vezes em meu blog notícias e opiniões da coluna do Alex. Obrigada a vocês e abraço especial em Tony.
Eliane
Parabéns, Tony, Alex e Ricardo!
ResponderExcluirEra o que falta na rede. Temas profundos e debate amplo.
Viva os inimigos do Rei!!!
Este comentário foi removido pelo autor.
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ResponderExcluirEU disse...
ResponderExcluir...eitá mundico de merda, esse dos replicantes cibernéticos, pois numa curva qualquer nessa geografia virtual no qual fomos/ estamos inseridos, eis que encontramos os 'três' cavaleiros (guerra, fome e pestilência) do apocalipse...
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segue, pois, um pitaco foucaultinano:
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Reiner SCHÜRMANN: “Para uma cultura obcecada com as profundezas do eu – ocultas, inconscientes,(...) – a auto-constituição anarquista significa a dispersão da reflexão direcionada para dentro, para reflexos voltados para fora na medida dos sistemas de poder que devem ser curto-circuitados, desqualificados e destruídos.”
18 de Fevereiro de 2009
Atenção nenhuma postagem foi removida por mim Ricardo Líper. Quem postou se arrependeu e deletou. Ricardo Líper
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