sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Vamos deixar de hipocrisia: Apartheid na Bahia

Ricardo Líper
As fotos falam por si


Um fenômeno brasileiro é que o que outros povos se livram continua existindo aqui




Umas das coisas que aprendi é que o neo-nazismo não é apenas uma ideologia de pequenos grupos de jovens que raspam a cabeça. Ele está presente em pessoas que, às vezes, estão perto de nós e são nossas conhecidas. Se negros e brancos se agrupam em locais ou organizações, estamos, querendo ou não, diante de um fenômeno que a África do Sul imortalizou como apartheid. E, é nazismo. É um ideal nazista. Entretanto a forma brasileira de ser alguma coisa é fingir que não é. Durante o carnaval observa-se blocos de gente mais clara e os chamados blocos afros. Ao que se sabe, não sei se é lenda urbana, um conhecido negro baiano quis sair no carnaval em um bloco de brancos e foi impedido e, então, fundou um bloco de negros. Agiu certo. Reagiu contra o racismo mas, nossa cidade explicitou o carnaval do apartheid. Um mancha. Os únicos blocos que gosto de ver ainda são os afros. Mas eles só saem muito tarde. Uma pena. A Bahia precisa assumir que faz o carnaval do apartheid. A criancinhas que estão presentes e vêem isso, preocupação de pastores e beatas católicas com os olhos do que as criancinhas vêem, já crescem imaginando que negros e brancos devem ficar separados cada um no seu devido lugar...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O silêncio dos cooptados

Lula nos bons tempos, agitando os metalúrgicos






Alex Ferraz

Descobriu-se, no Brasil, que pessoas de origem humilde, ex-operários, podem chegar ao poder máximo e ali desfrutar de mil mordomias, dantes inimagináveis e ofertadas apenas à elite econômica ou a "coronéis" que conchavavam para que essa referida elite mantivesse o poder.
A nova classe mandatária brasileira, então, não teve o menor escrúpulo em utilizar as artimanhas e mecanismos vis herdados das eleites que antes ocuparam o poder. Assim, descobriu fácil que dando uma esmola chamada Bolsa Família (que avilta o pobre, condenado a fixar-se no "patamar" social de jogador de dominó ocioso, a quem nada mais resta do que esperar a pobre graninha do fim do mês). A esmola oficial garante milhões de votos da pobreza humilhada e as fortunas bilionárias calam os políticos, até da "oposição", e locupletam os banqueiros.
Em nome da "paz social" (leia-se: blindar o governo "dos trabalhadores" contra a indesejáveis turbulências sociais causados por protestos de quem está perdendo seus empregos), os sindicatos silenciaram. Vivemos agora mais um entremuitos episódios exemplares desse comportamento traidor da maioria dos sindicatos: as 4.200 demissões na Embraer já tinham sido cantadas pela direção da empresa. A CUT e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), onde fica a sede da Embraer, travam um bate boca que deixa claro que ambos fizeram vista grossa à ameaça das demissões que acabaram por concretizar-se. O presidente da Conlutas, à qual é filiado o sindicato de São José dos Campos, José Maria de Ameida, acusa o presidente da CUT, Artur Henrique, de ter ficado inerte diante da notícia das 4.200 demissões: "Ele estava na reunião em que Lula foi informado, quatro dias antes do anúncio, e não nos avisou", disse Almeida, arrematando: "Foi mais leal ao governo do que aos trabalhadores" (gravem esta frase, digo eu!).
Já a CUT diz que o sindicato tratou das ameaças de demissão na Embraer,"durante meses", de "maneira exclusivamente ideológica." Nem tanto: um boletim do sindicato, divulgado 48 horas antes do anúncio das demissões, convocava os associados para um bloco de Carnaval.
Pois é: o Carnaval acabou e o que resta agora é um bloco cada vez maior de trabalhadores sem emprego, enquanto seus lideres, fascinados pelas benesses do poder, cooptados até o pescoço pelos cofres do Planalto, silenciam diante do massacre ao qual vem sendo submetido o trabalhador brasileiro e festejam um "aumento" de R$50 no salário mínimo.
Na Bahia, o caso mais recente de demissões foi divulgado hoje: a Britânia, usando o incrível argumento de que "o Nordeste não compra ventiladores" (num calorão desses!), fechou as portas e demitiu 370 pessoas, em Camaçari. Veremos qual a posição que o prefeito de lá, Luiz Caetano (PT), tido como "defensor da classe operária", adotará.
Chego à conclusão de que a única diferença entre os governos petistas e a direita que os antecedeu é que o PT pelo menos dá Bolsa Família e promete distribuir geladeiras.
De resto, tudo como dantes, no Velho Quartel de Abrantes.

A MOSCA AZUL
Tenho em casa o exemplar de uma revista metida a vip, dos anos 1980, que estampa uma foto enorme de Lula e FHC panfletando na porta de um sindicato paulista, nas primeiras greves da incipiente redemocratização, na agonia da ditadura militar.
FHC foi eleito e reeleito presidente, e o passado de "agitador" ficou definitivamente enterrado. Tripudiou com os trablhadores, inventou a maldição do Bolsa Família e ainda chamou os aposentados de "vagabundos", contrariando de forma flagrante sua alardeada formação intelectual.
Lula substituiu FHC e, de novo, a mosca azul agiu: gastou (e gasta) bilhões do dinheiro público comprando votos de deputados (como fez FHC para criar o instituto de reeleição) e dispende outra parte para enganar os miseráveis que vivem da esmola oficial.
Na Bahia, após o fim da era carlista, a única mudança palpável é que podemos falar mal do governo sem o medo de ser espancado ou morto na próxima esquina. De resto, o que se vê é a continuidade de uma miséria sem par (Salvador só está à frente de Teresina em termos de renda per capita) e uma matança desenfreada. Caros internautas: observem o noticiário policial, não como uma rotina que já nos calejou, mas como um somatório de fatos, e vejam que, provavelmente, mata-se mais hoje, na Bahia, em nome da segurança pública, do que nos tempos da "Savak" de ACM.
E ai, mudou o quê?

Luiz Caldas, Meirelles, Pelourinho etc. etc. etc.

Luis Caldas, o novo problema de Márcio Meirelles




Tony Pacheco



O secretário de Cultura do governador Jaques Wagner (PT-BA), Márcio Meirelles, tem pelo menos dois simpatizantes neste mundo: o governador, que o nomeou e o mantém, e eu. Sim. Por incrível que pareça. Simpatizo com qualquer pessoa que tem uma quase unanimidade contra ela. No meu entender, ele deve estar fazendo algum tipo de ação cultural (não me perguntem qual, não sei...) que está contrariando os "donos da cultura oficial" na Bahia. Aquele povo que desde o regime militar se aproximou do falecido Antônio Carlos Magalhães e começou a gravitar em torno dele em busca de benesses. Por seu puxassaquismo, receberiam várias capitanias e sesmarias: migalhas mensais como curadores de "interesses culturais". Suponho que Meirelles botou água gelada nesta fervura e, aí, obviamente, construiu-se esta unanimidade contra ele, pois os donatários e sesmeiros têm ampla penetração na mídia e batem forte e impiedosamente nele.

Bem, depois desta defesa de Meirelles, que não me foi pedida por ele, pessoa a qual não tive nem o prazer nem o desprazer de conhecer, volto o olhar para o outro lado.

Oh, quão inábil é o Sr. Meirelles.

Quando estudei na Faculdade de Administração da UFBA (nós, do curso de Economia, tínhamos matérias lá, não sei se é assim ainda hoje...), uma das coisas que aprendi e jamais esquecerei é que O VERDADEIRO TALENTO É SABER ADMINISTRAR TALENTOS. Quem vive cercado de gente incompetente com medo de sombra, sempre fará uma administração medíocre. É o que acontece com o Sr. Meirelles.

Falta-lhe assessoria que leve a sua gestão na Secult-BA a um novo patamar de qualidade e, por via de consequencia, de visibilidade.

O CASO PELOURINHO

Algum mentecapto deve ter sugerido ao Sr. Meirelles que o Pelô era uma "obra carlista" e que, por isso, deveria ser abandonado. E foi o que ele fez. Não falo do que ouço. Falo do que vejo. Moro vizinho ao Pelô. Hoje a área é uma sombra triste e melancólica do que foi há apenas cinco anos.

O correto seria um assessor do Sr. Meirelles ter dito a ele: "Chefe, isso aqui é Patrimônio da Humanidade, não é de ACM. Foi proclamado pela UNESCO. Se ACM fez 10 por este espaço cultural e arquitetônico, nós do governo Wagner do PT faremos 100, faremos mil. Mostraremos que entendemos de revitalização de áreas arquitetônicas degradadas mais do que os carlistas. Mostraremos que somos melhores."

Mas não foi isso o que ocorreu. Infelizmente. E tome-lhe porrada pelo abandono do Pelô.

O CASO DOS TEATROS E FUNDAÇÕES

Se tal ou qual teatro, tal ou qual fundação está recebendo dinheiro público e isso está sendo apropriado por tal ou qual pessoa, a solução não era a que se tomou: sustar os pagamentos. A cultura não pertence a A ou B.

Fosse bem assessorado e o Sr. Meirelles simplesmente exigiria transparência nos gastos, com acompanhamento dos mesmos. E dando isso ao público, através de uma assessoria de comunicação também competente. Isso ele pode e deve fazer, afinal, dinheiro público é dinheiro suado. Suado por nós, que pagamos os impostos.

Mas não se inviabilizam teatros nem fundações ligadas à cultura por perseguição política. Isto é "culturicídio".

E por aí vai a administração Meirelles até chegar a Luiz Caldas.

O CASO LUIZ CALDAS

O mais recente caso do Sr. Meirelles foi a negativa de apoio ao "rei do fricote", Luiz Caldas, tido como o "inventor da axé music" (cujo batismo é de autoria de meu amigo que admiro demais, Hagamenon Brito, que não gosta do tipo de música que batizou...).

Luiz Caldas denunciou que não teve o patrocínio do Governo do Estado ao seu trio elétrico por negativa do Sr. Meirelles.

Outra falha cruel de assessoria. Não se bate em pessoas fragilizadas. Caldas está num momento delicado de sua vida e representa muito para o imaginário desta Bahia carnavalesca.

Se bem assessorado, o Sr. Meirelles diria de público o que foi exigido e o que era incompatível com a lei ou com as possibilidades de sua Secretaria.

Acabou tomando porrada de Luiz Caldas, que tem a solidariedade das pessoas generosas. O Sr. Meirelles fica como o vilão, pois não consegue se explicar.

Como conselho e canja de galinha não fazem mal a ninguém, fica um: Sr. Meirelles, se o Sr. ouve alguém antes de tomar suas decisões, pare de ouvir esta pessoa, pois ela leva-lo-á ao cadafalso.

A não ser que seu interlocutor seja o casal real. Se for assim, continue, afinal, manda quem pode, obedece quem tem juízo.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

E eu que gostava tanto de Camille Paglia.

Camille Paglia


Ricardo Líper

Fico sempre decepcionado quando vejo pessoas perceptivas e inimigas de reis como Camille, que não foi iludida pelo feminismo das donas-de-casa, terminar, junto de farsantes, em locais folclóricos deste País e desta cidade de "genteque se acha bonita" mas que é quase sempre grotesca e, sempre, chata.


Que vacilo Camille. Você merecia destino melhor.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O nazismo deles de cada dia I


Observe como muitos deles parecem os três porquinhos

Ricardo Líper

O nazismo foi uma forma de autoritarismo violento e racista. Foi, política e militarmente, derrotado em 1945. Mas sofreu uma derrota como governo não como ideia. Aparece atualmente, com muita freqüência, primeiro como sentimento difuso e depois com atos. Como o cretino acha natural sentir racismo e ser autoritário, e é canalha, conseque não se imaginar nazista ou tentar de todos os meios negar que o é porque foi uma ideia derrotada em 1945. Cabe a nós tirar o nazista do armário.

Quando o canalhudo diz gente bonita quer dizer gente branca, se possível, loira e de olhos azuis. Observemos o Carnaval da Bahia. Os blocos de classe média aspiram ardorosamente que atrás do seu trio estejam garotas brancas de olhos claros, se possível loiras. Assim como rapazes do mesmo tipo. Quando a TV os mostra insiste em focar esses tipos. Dizem que antes, no tempo das vagas gordas para eles, os clientes preenchiam até fichas para entrar no bloco. Se não fossem brancos, "gente bonita", estavam fora, mesmo podendo pagar. Eles têm horror de ver o povo tido como feio, isto é, negros, pardos, sem shampoos, limpeza de pele, comidas light, pulando no meio do brasileiro de classe média tido como branco. Isto é, da nossa ridícula suposta elite social. Agora tem uma coisa curiosa. Essa classe média alta ou assim se supondo não lhe parece chata? Mortalmente chata? Onde bota a mão azeda as coisas com sua chatice. Repare. O que já saiu dela a não ser chatice? São supostamente bonitinhos, de longe, mas desengonçados e chatinhos, de perto. Ai de nós se não tivéssemos gente que os nazistas não acham bonita para fazer nossa cultura e criar o que temos de interessante! Mas fica junto de gente chata quem quer. Eu prefiro gente que não é chata. Feio para mim é quem rouba. Como ensino Estética, não consigo achar bonito quem é chato. Branquinho, arrogantezinho, semi-ignorante, muitas vezes drogado, candidato a ladrão, bobo achando que é esperto, agressivo de academia, "gente bonita", acho chato. Tô fora!


sábado, 21 de fevereiro de 2009

Edi, o band leader do Fantasmão.

Cuidado, Fantasmão, tem ghostbuster na área!

Tony Pacheco

Como todos sabem (ou quase todos) já fui produtor de banda de pagode e assessor de imprensa da maioria das estrelas da axé music. E, também, como todo mundo sabe, um produtor paga uma nota preta pra colocar seu artista num programa de TV ou na programação diária das rádios.
Isso já não é mais novidade.
Agora, estava na Feijoada Alô Imprensa (da Fiat e Bridgestone, pilotada pelo meu querido amigo Paulo Brandão, que se supera a cada ano) e tomei conhecimento de um tipo de jabá do qual eu jamais tinha ouvido falar: o pagamento para esculhambar o concorrente.
Pelo que ouvi na Feijoada que aconteceu no Forte de São Diogo na quinta de Carnaval, certo artista de certa banda estaria bancando uma campanha negativa contra a banda Fantasmão. E a principal peça de acusação contra os meninos do Fantasmão é que "todo show deles tem briga", é uma "banda que incita a violência" e por aí vai. E, aí, eu me toquei: realmente, nunca ouvi tanta gente na TV e no rádio esculhambando tanto uma banda como estão fazendo com o Fantasmão. Quer dizer, a acreditar no buxixo que rolou na Feijoada de Paulinho Brandão, a campanha contra é orquestrada e muito bem paga.
Mas eu me recuso a acreditar que tenha gente que perca tempo e dinheiro com isso. Porque, na verdade, como jornalista que fui especializado em música durante 20 anos, eu digo uma coisa aos leitores deste blog: NÃO VAI ADIANTAR NADA. Quanto mais se bate num artista, mais ele cresce. Eu lembro que quando Rosenil, Adriano, Max e eu produzíamos Xandi do Harmonia do Samba, criticavam muito o fato de ele rebolar no palco. O nosso entendimento é que nunca deveríamos responder a estas críticas, porque foi justamente o rebolado que levou o artista a ser reconhecido nacionalmente. Quando Elvis Presley rebolou feito doido nos EUA, também foi um marco em sua época. E hoje é lembrado como um deus da música americana.
Em resumo: quanto mais gastarem dinheiro pra esculhambar o Fantasmão, mais o Fantasmão vai crescer.

RAZÕES DO SUCESSO

Em tempo, não sou advogado do Fantasmão. Tenho simpatia por que alguns músicos da banda tocaram também em bandas produzidas por Clécio Max e por mim. E porque a música é excelente. Pelo menos, por enquanto.
De mais a mais, o Fantasmão é original, não faz parte deste monte de bandas que se imitam mutuamente. As letras, curtas e grossas, falam dos problemas sociais dos jovens, negros e brancos, dos bairros periféricos. Do preconceito, da perseguição policial etc. e tal. Não é aquele amontoado de letras de xanas ralando no asfalto que a gente vê por aí.
E em termos musicais, a mistura de poesia rápida (o rap), toques de hip hop, guitarra pesada de hard rock e suingue do pagode, fizeram da sonoridade do Fantasmão uma coisa ímpar no mercado. É por isso que ninguém quer que a banda suba.
Já vi este filme com o Harmonia do Samba... Era conspiração pura.
Por fim, vamos deixar de bobagem minha gente: mais violência do que o Chiclete com Banana atrai com o seu arrastão, IMPOSSÍVEL!!!
Quem, como eu, já fiquei no trio do Chiclete, no alto, junto com Bell, acompanhando a banda como assessor e, ao mesmo tempo, quem, como eu, seguiu o Chiclete no chão, na Rua Carlos Gomes, junto com meus colegas da academia de capoeira Navio Negreiro e da academia de karatê de Mestre Ivo Rangel, sabe que é pau puro e Bell Marques NÃO TEM NADA COM ISSO. Ele faz música. Se a música dele atrai gente porradeira, problema dos porradeiros.
O mesmo vale para o Fantasmão. O cantor Edi (não sei como ele escreve o próprio nome atualmente kkkkkkkkkkkkkkk) atrai gato e cachorro (eu estou entre os cachorros). E daí? Atrai porque a música é puro agito, como o Chiclete.
E vâmo que vâmo!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Fabricando operários.E só!

Alex Ferraz

O governo federal (leia-se: presidenteLula) acaba de anunciar enfaticamente que irá criar mais de duas centenas de novas escolas técnicas em todo o País. Nada contra, especificamente. É realmente bom que milhares ou milhões de pessoas aprendam um ofício e habilitem-se, assim, a empregos melhores, ou mesmo a livrar-se de esmolas sociais como o Bolsa Família.
No entanto, a concentração de esforços direcionados apenas para o ensino técnico não dá o direito ao governo de encher a boca afirmando que está "melhorando a educação no País." Está, sim, formando mais operários, produzindo quase robôs humanos para suar em fábricas, lojas onde gerentes os tratam como bichos etc. Como educação, deve-se entender algo muito mais amplo. Deve-se entender, aliás, o que chegou a ser entendido até o golpe militar de 1964, quando os militares, na sua sanha avassaladora de destruir qualquer exercicío mental que pudesse levar o povo a tirar conclusões e, consequentemente, entender a situação a que estava sendo submetido, aniquilou o ensino neste país.
A filosofia - propositadamente deturpada como matéria que "não leva a nada" - foi deletada, para usar um termo moderno, dos currículos. Veio a enxurrada de "Moral e Cívica". Mas não foi só isso: aos poucos, naturalmente, a discussão, o debate de idéias, foi banido das salas de aula. Aliás, nos períodos mais horripilantes da ditadura militar, ai de quem ousasse discutir temas como liberdade, democracia etc. em salas de aula!
Aos poucos, ao longo de quatro décadas, gerações foram sendo formadas sem qualquer raciocínio crítico. Viraram decorebas do múltipla escolha, depósitos de conceitos enlatados, e começaram a "entender" que para se dar bem não é preciso saber ler nem escrever corretamente, muito menos raciocinar e ter consciência crítica. Basta sair "de boa" em matemática, decorar meia dúzia de países (sem a mínima ideia real de onde ficam nem o que representam em termos de sua estrutura política e social) e responder algumas pergntinhas medíocres em geografia. Para completar, um curso de computação. Pronto. Está formado o cidadão brasileiro. Eu disse cidadão?! Perdão, amigos, eu quis dizer está formado um operário, um dos chamados trabalhadores qualificados.
Na verdade, população pensante não interessa a nenhum governo, salvo raríssimas exceções nórdicas, de nações com populações que não passam de seis ou sete milhões há mais de um século. Para o resto do mundo, pensar é perigoso. Muito perigoso. Já imaginaram seu Zezinho, lá dos cafundós do sertão baiano, questionando conceitos, descobrindo que é humilhado quando recebe esmolas oficiais, e tendo pleno conhecimento de seus direitos como cidadão, que vão muitíssimo além do que o Bolsa Família ou mesmo um salário mínimo ou uma cisterna no quintal? Não dá, né?
Então, o que o governo atual está fazendo é coerente com o pensamento global sobre a idéia de educação. E não vamos culpar apenas Lula e ao fato de ele ser, digamos, um tanto rude, por esse tipo de atitude. Não. O letradíssimo FHC também manteve a educação na obscuridade, como o fizeram seus antecessores, seguindo direitinho a cartilha herdada dos militares.
Além do quê, fôssemos um povo letrado, culto, bem informado, e todas as religões perderiam adeptos em massa, sendo as emissoras de TV obrigadas a reformular totalmente a programação imbecilóide e alienante que hoje faz a festa da maioria das famílias dos lares brasileiros. E nem só programação de TV mudaria. Aos poucos, iríamos exigindo cada vez mais os nossos direitos e terminaríamos, terrivel crime, enxotando os políticos ladrões (pleonasmo?), os governantes mentirosos e corruptos e permitindo, até, suprema igonomínia, o beijo proibido no Igautemi de Salvador!
Vade retro, satanás da cultura e boa educação, devem estar dizendo agora aqueles leram esse comentário e comungam com a cartilha (sem trocadilho) do sistema.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Carnaval virou Showísmo

O Rio centralizou o showísmo num lugar fechado. Aí está certo

Ricardo Líper


As festas que existem em comunidades são festas de comunidades. Isto é, de todos. O carnaval já foi uma delas, assim como o São João e outras. O povo, sem gastar muito dinheiro e com muita imaginação, comia, cantava, dançava. No carnaval cada um fazia sua fantasia ou improvisava, formava grupos com amigos e familiares e saíam pelas ruas literalmetne brincando. Sentavam em banquinhos nas barracas e batiam bons papos com amigos que, muitas vezes, só encontravam no carnaval. Assim era no São João e todas as festas chamadas, muito adequadamente, de populares. Comia-se, cantava-se, dançava-se. Era um momento de alegria para todos, porque era muito barato fazer isso. Mas alegria dura pouco. O capital percebeu que podia empresariar essas festas. E a maneira de empresariar festas populares seria o showísmo. O showísmo é fazer um palanque e uma sucessão de supostos artistas se apresentando e o povo comprimido, muitas vezes sendo assaltado, espancado, alcoolizado, aplaudindo. Se esse espetáculo não ocorre noutro contexto que não o de shows, não é showísmo, é show. Em um teatro. Em uma área própria para isso. Em uma data marcada pelos empresários do show. Mas transfomar todas as festas populares em show é showísmo. Um truque do capital para ganhar dinheiro.

Uma das coisas que mais defendo é a democracia. No meu entender, todos devem procurar fazer o que gostam e ganhar seu dinheiro honestamente mas sem fazer os outros de besta. Sem privatizar áreas públicas e usar o poder público para ganhar dinheiro. O cinderelismo, principalmente em sociedades miseráveis como a nossa, acho ótimo. Era pobre, semi-alfabetizado e anônimo e virou um jogador milionário, um cantor famoso e rico, um vencedor do bigbrother. Inclusive, sou adepto de se substituir muitas escolas e universidades por cursos de futebol, shows, participação em bigbrothers, porque é muito mais vantajoso. Quem tem diploma hoje tá lenhado. Ótimo. Agora, ocupar a cidade cercando-a com camarotes e ficar todo mundo sentado, comportadinho, cobrando caro, para ver shows, acho uma ditadura disfarçada de showísmo.

Esse modelo deverá morrer, porque é chato. Mas pode demorar. Acho que a sociedade e o governo devem controlar o assalto do capital às festas populares. No caso de Salvador, fazer como no Rio e S. Paulo. Só permitir o atual carnaval em um local específico. No Comércio ou próximo as Parque de Exposições. Excelente para shows dos atuais e futuros cinderelos. Com camarotes de um lado e de outro da pista até o tal parque. Perfeito. Na região do Comércio, na Cidade Baixa, também seria uma possibilidade muito boa. Quem quisesse tomar porrada, ser agredido gratuitamente por psicopatas e ficar empremido vendo shows, teria seu local, mas sem ocupação total da cidade, que pertence a todos e não só aos empresários gulosos do carnaval. Democracia é isso: todo mundo faz o que quer, mas sem prejudicar os outros.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Governos alimentam a crise 2, A Missão

Wagner e Lula, paralisando a economia




Tony Pacheco

Confirmando o que blogamos aqui no dia 11, pipocam em todo o Brasil os contingenciamentos de parte dos orçamentos de estados e municípios. Aqui na Bahia, o governador Jaques Wagner (PT), contingenciou R$600 milhões do Orçamento 2009.
Todo mundo noticiou, mas ninguém explicou aos ouvintes, telespectadores ou leitores o que isso significa.
Vou ser simples e caceteiro: contingenciamento é quando o Poder Executivo resolve não gastar parte do Orçamento aprovado pelo Poder Legislativo previsto para Saúde, Saneamento, Educação, Segurança, Habitação, Estradas, Portos, Aeroportos etc. e tal. Fernando Henrique fazia isso demais. Lula foi no mesmo caminho. Quem "sifú" (como diz o próprio Lula) fomos nós.
Isto é, deputados dizem, por exemplo, que o governo federal tem que gastar R$20 bilhões com a Saúde. Aí o governo federal pega e só gasta R$15 bilhões. Ele CONTINGENCIOU R$5 bilhões. E o que o governo ganha com isso? Primeiro, credibilidade com os banqueiros a quem o governo deve, pois mostra que não é gastador e, aí, pode tomar mais dinheiro emprestado. Segundo, com este dinheiro, se pagam os estratosféricos juros das dívidas já tomadas. Terceiro e, aí, só um tribunal de contas sério poderia barrar, parte do dinheiro contingenciado pode ser desviado só deus sabe para onde...
Aqui na Bahia, como em qualquer outro estado ou município, o governante está garantindo que não serão contingenciados valores das obras do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento ou "Programa de Aleitamento dos Companheiros", pois é uma vaca leiteira de primeira.
Menos verdade, ou, como diz o povo, fazendo sua própria concordância de gênero: "menas" verdade.
CONTINGENCIOU? BABAU!
Vão perder as crianças nas escolas, os doentes nos hospitais, os que moram na beira de esgotos, os que vivem na insegurança das favelas, os caminhoneiros em estradas esburacadas, os navios esperarão mais no porto para atracar.
Resumo da ópera: os governos federal, estaduais e municipais brasileiros QUEREM que eu e você, querido leitor, continuemos a gastar nosso dinheirinho suado comprando bugigangas como carro, TV, abadá de Carnaval, pacote de viagem, para que a economia não entre em recessão. QUEREM também que os empresários continuem a investir num momento de extrema instabilidade.
Mas NÃO QUEREM gastar o dinheiro que já está previsto no Orçamento e cujo montante veio 100% do nosso bolso. Não é meigo?
Nos EUA, Barack Obama está fazendo o contrário. Vai gastar quase R$2 trilhões (DOIS TRILHÕES DE REAIS) para esquentar a economia e gerar empregos. Lá não se pode brincar com o povo nem dar esmolinhas Bolsa Família.
O que vai acontecer depois destes contingenciamentos? A crise econômica vai pegar o Brasil também. Depois da "marolinha" vem aí a tsunami.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Beijo Proibido no Iguatemi

Eles têm esse direito.

Ricardo Líper
Tirando os neonazistas do armário

Se você se incomoda muito com essa foto tem alguma coisa errada com você. Procure ajuda ou arranje alguém do mesmo sexo para lhe beijar.

Em 9 de fevereiro de 2009 dois jovens de 22 anos, do sexo masculino, se beijaram no Shopping Iguatemi, em Salvador, Bahia, Brasil e foram convidados, por isso, a se retirar do estabelecimento comercial. Foram assim martirizados e hostilizados pela homofobia da direção desse estabelecimento.

Quando, hoje em dia, no Brasil, dois homens ou duas mulheres se beijam ou andam de mãos dadas em público, transformam-se imediatamente nos judeus da Alemanha Nazista e nos negros de sociedades explicitamente racistas. Vão ser alvo de agressões nos mesmos termos em que judeus e negros foram e, infelizmente, podem ainda ser, caso as leis antirracismo não sejam cumpridas. Quem se torna, voluntariamente, semelhante a um judeu na Alemanha nazista ou negro em sociedades explicitamente racistas é um herói. Com o seu comportamento denuncia o neonazismo e o extremo autoritarismo, incubado, do outro. O faz sair, ideologicamente, do armário. É de suma importância que quem exerce a lei nesse país seja rigoroso com atos neofascistas e discriminatórios. Ou nós somos uma democracia e um país de todos ou não somos. Não existem meios termos.
Quem reage contra a diversidade de comportamento dos outros, sejam famílias ou indivíduos, e pede a repressão, concorda com ela ou a executa, é movido pelos mesmos sentimentos que nazistas e outros tipos de racistas sentiam diante de judeus e negros.
Seus motivos, como estarem crianças presentes, são torpes e infelizes, como todos os motivos racistas. Não se pode estabelecer que os comportamentos dos outros, que pagam os mesmos impostos que nós e estão dentro do que a lei estabelece como aceitável, sejam impróprios para menores de 18 anos. As crianças vêem muito mais coisas, supostamente censuráveis, na televisão e na Internet. Você não pode impedir que uma criança veja um travesti ou duas pessoas do mesmo sexo se beijarem a não ser que os impeça de sair, prenda-os , espanque-os, intimide-os porque saíram de casa, ou estabeleça o dia que eles podem sair e trafegar livremente ou os jogue em um gueto como os nazistas fizeram com os judeus em Varsóvia. Guetos, aliás, que já existem em nossas cidades. Esses guetos atuais são locais onde essas pessoas podem se beijar, coisa que não podem fazer em qualquer lugar porque os neonazistas e/ou neorracistas não permitem. A cidade é deles e não de todos como se pretende que o país seja. Portanto, se você acha natural e moralmente correto a repressão a pessoas do mesmo sexo se beijarem, assuma que é neonazista. É também um direito seu.
Entretanto, se você não é neonazista nem racista, deseja que nosso país seja civilizado, procure só comprar e frequentar ambientes ou estabelecimentos comerciais em que negros podem trabalhar, assim como pessoas de diferentes idades, não necessariamente do mesmo padrão de beleza. E que, podem empregar e ter como cliente aquele que, mesmo diante de você, sem medo, beije a pessoa do mesmo sexo que o acompanha. A questão do beijo proibido é política nunca foi sexual ou moral. É a eterna luta entre pessoas fascistas e democráticas. Entre o autoritarismo e a liberdade. E nessa luta você não pode ficar de fora ou quer uma sociedade liberal e justa ou uma, ditadura disfarçada e setorizada de alguns neonazistas.
Dê essa contribuição pessoal para fazer desse nosso sofrido e amado Brasil, uma civilização. Com esse ato crie uma sociedade mais civilizada e humana. Se você não agir assim, seu próprio filho, talvez até mesmo sem que você queira, sobrinhos, pessoas queridas, podem vir a ser as próximas vítimas da intolerância neonazista explícita ou incubada.
Nós temos o direito de ser como a Dinamarca, Suécia, Noruega, Holanda e os países mais cultos e civilizados. Devemos nos esforçar para isso. Os brasileiros merecem isso. Episódios como esse fazem os outros países lamentarem ou rirem de nós.
Boicotando os estabelecimentos preconceituosos, selecionando-os pelo grau de respeito aos direitos humanos, o que inclui o combate à homofobia, podemos dar nossa contribuição para entrarmos no rol de países civilizadas e sermos todos muito mais felizes do que somos atualmente.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Má educação

Alex Ferraz

Vejo os mil arrodeios que dirigentes de faculdades e universidades fazem querendo eximir-se de responsabilidade nos trotes medievais que os veteranos impingem aos calouros. O argumento mais comum é o fato de os trotes ocorrerem, no mais das vezes, fora dos muros da universidade. Balela! Não existe o "lado de fora" quando se trata de educar e formar a moral de pessoas, quando se fala em conviver civilizadamente. Não pode ser aceito do lado de dentro quem vira um troglodita do lado de fora (seriam casos espantosos de dupla personalidade, caro psicanalista Tony Pacheco, colega de blog?). O mesmo digo para os pais dessas pessoas, que certamente muita influência têm (ou deveriam ter) na formação do caráter desses jovens.
Estudei oito anos no Colégio de São Bento, em Salvador. Lembro-me de um espisódio exemplar: um dia, acompanhando uma turma de colegas, resolvi pirraçar uma louca (diziam que era louca, não sei...) que ficava ali no Largo de São Bento, praticamente tal e qual ele é hoje. Isso foi lá por 1971. Mas voltemos à "louca": ela detestava ser chamada de "arraia" e eu gritei "arraia!" inúmeras vezes.
Furiosa (naturalmente, entendo hoje), a mulher apanhou uma pedra e começou a me perseguir. Entrei à toda, pátio adentro (aquele pátio fantástico, construido em 1612), tendo como única esperança de salvação o imenso portão verde de entrada para o colégio, cujo diretor, o inesquecível dom Norberto Santana, mantinha sempre aberto e lá ficava vigilante até o último aluno desaparecer na esquina.
Ele aguardou que eu chegasse bem próximo e quando fiz menção de entrar, bateu a porta com toda força na minha cara. Fiquei estatelado no portão. Na minha frente, "arraia", com a pedra, titubeou, olhou para os lados, lançou fora o petardo e foi embora. Quase morri de medo. Então, dom Norberto abriu o portão e me disse, antes de fechá-lo de novo com estrépido: "Isto é para o senhor aprender a respeitar todas as pessoas."
No São Bento, pelo menos naquela época, não existia o lado de fora...

Venezuela. E lá vamos nós. De novo.


Tony Pacheco

O que se previa aconteceu: Hugo Chávez ganhou o direito de se reeleger quantas vezes quiser para a presidência da Venezuela. Num país onde o Judiciário é servil ao presidente depois que ele desmantelou, de 1998 até agora, todo o aparato judicial venezuelano; onde o sistema unicameral faz com que toda a Assembléia (nome do Congresso Nacional de lá) vote com ele o tempo todo e onde os meios de comunicação são controlados estritamente pelo Estado (a última cadeia de televisão independente, a RCTV, foi fechada por Chávez em maio de 2007, ao não ter sua concessão renovada), pode-se dizer que Hugo Chávez tornou-se o Fidel Castro da Venezuela.
Agora, controlando o processo eleitoral e não permitindo nenhum tipo de oposição, governará enquanto vida tiver, pois, tal como no Brasil, tem um sistema de "Bolsa Família" até mais extenso que o nosso, pois dá casa, comida subsidiada, escola gratuita, gás de cozinha e até roupas para as camadas mais pobres da população.
O mais curioso neste sistema que a "esquerda" engendrou para a América Latina, é que o nível de vida da população nunca sobe. É como a Igreja Católica dominou a Europa por mil anos. Insuflando o natalismo e impedindo o crescimento econômico das camadas populares, mantendo, assim, uma horda de miseráveis que depende em tudo do governo.
É a maneira perfeita de se manter no poder sem contestação: educação de péssima qualidade, salários baixíssimos e meios de informação controlados.
O poder de Chávez começou em 1998 por culpa do FMI, que implantou em 1996, à força, medidas neoliberais nos moldes das de Fernando Henrique (o presidente de lá era Rafael Caldera na época). O povo foi às ruas, revoltado com a pobreza e o desemprego, e dois anos depois Chávez foi eleito.
Agora, podem escrever: a maioria dos países latino-americanos seguirá o caminho da Venezuela. Nos próximos anos vão pipocar plebiscitos por toda parte para perpetuar caudilhos pseudo-esquerdistas no poder. Aproveitemos, pois, os últimos dias de liberdade.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Líper sobre Lula e PT

Ricardo Líper


Esse blog, como não poderia deixar de ser, é um blog de debates e opiniões divergentes. Concordamos com quase tudo que pensamos mas em algumas opiniões temos pontos de vistas diferentes. Eu gosto de algumas coisas da administração do PT. Acho Lula um bom símbolo de democratização que substituiu a arrogância de acadêmicos sulistas. É pernambucano, vamos dizer assim, gente mais perto geografica e culturamente de nós, ligado à classe trabalhadora e isso, me deixa sensibilizado. Está ou tentanto varrer do poder, ou pelo menos em algumas instâncias, uma antiga elite dominante. Essa elite, que quer ser branca e no máximo é clara tem feito muito mal a todos. Para os nazistas, que é quem entendia de branquice, descendentes de italianos, portugueses, espanhois e, ainda por cima, misturados com índios seriam negros. Eu não entendo de branquice e as pessoas para mim não valem por detalhes eu vou no fundamental que é o caráter e a vergonha na cara. Só gosto de gente assim, de palavra, confiável, seja de que cor for. O PT não dar muito espaço a essa antiga elite social. Elite social que quer ser rica mas vive de golpes e oportunismos fraudando e se aproveitando de negociatas. Que quer chique mas, no máximo, consegue ser cafona e ridícula. Agora em termos de autoritarismo, arrogância e injustiças é uma das melhores que existem no mundo. A eleição de Lula botou o dedo no suspiro de muitos deles e isso acho muito bom para o Brasil assim como para sociedade brasileira. E me divirto, o que acho muito importante. Por outro lado, não estamos mais devendo ao FMI. O PT é uma frente ampla. Tem gente muito chata, algumas beatas travestidas de radicais e pessoas autoritária mas espero que o lado bom sempre vença. Gosto de terem feito uma valorização dos negros e dos marginalizados contrariando as atitudes dessa elite preconceituosa e corrupta do Ancien Regime. Sei que não é uma grande revolução social mas me sinto melhor agora. Sofro com a miséria do povo em trapos nos estacionamentos de trânsito pedindo esmolas, com a violência generalizada e, ao mesmo tempo, ouvindo no rádio do carro que nossa economia está muito bem. Entretanto, procuro ver também o lado positivo. E o lado positivo para mim é democracia. No caso referido aqui democracia social. Parece-me que o pernambucano e o seu partido parecem querer o populacho socialmente emancipado. Aqueles que só têm como defensores os inimigos dos reis. Êta cabra bom para se adaptar rápido às ideias novas mais sensatas e libertárias e como sabe negociar. Sim podem está comprando os eleitores de forma indireta mas estão pagando melhor do que as elites do ancien regime.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A ditadura branca de Lula


Os banqueiros nunca tiveram tanto lucro. Os estudantes, trabalhadores e os sem terra jamais se comportaram tão "direitinho" (ou "direitinha", como queiram), os políticos nunca estiveram tão domados e os miseráveis, em tempo algum, viveram tão felizes (sic).
Este é o quadro do Brasil atual. Não se pode negar a Lula nem aos seus articuladores políticos competência para engabelar a opinião pública alienada, viciar os miseráveis nas esmolas oficiais em detrimento da sua dignidade, fazer a oposição de gato e sapato mediante gordas verbas (dinheiro, quem não quer?!) e empanturrar a pança dos baqueiros com lucros formidáveis, batendo sucessivos recordes.
Eis o Brasil de 2009, como foi em 2008, 2007, 2006, 2005, 2004, 2003...Trabalhadores não protestam, estudantes de reúnem para o chá das cinco, como ocorreu recentemente em Salvador, em encontro da UNE, e o presidente nada numa popularidade impressionante, que quase chega aos 90%.
Querem mais o quê? Tá bom demais, moço!
Esse negócio de saúde pública em frangalhos (vide você aí no Rio, em Belém, em Salvador, Porto Alegre e no imenso interior brasileiro), educação zero e violência absurda, verdadeira guerra civil, são invenções da direita ou heranças malditas.Mas, quanto a isso, os donos do Planalto não conseguiram um tento sequer. Nem estão preocupados.
E não me venham com a conversa de que os antecessores fizeram o mesmo. Mentira. Os antecessores "limitavam-se" a massacrar o povão com mentiras e acenos do Bolsa Família, tratar aposentados como "vagabundos" e distribuir uma graninha aos seus lambe-botas. O governo atual faz tudo isso, multiplicado por mil (menos o Bolsa Família), e ainda conseguiu cooptar praticamente toda a classe política e os setores dantes vigilantes desta sociedade.
Nunca antes nesse país houve um governo tão competente para exercer a ditadura braca e passar por cima, inclusive, da Lei Eleitoral, vide a campanha de Dilma nas ruas.
Bem, votou nos "home"? Agora, "guenta"!

Alex Ferraz

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A Censura e DVDs

Uma grande invenção que eliminou a censura

Quando eu era adolescente a maioria dos filmes eram impróprios para menores de 14 anos. Em geral, os melhores, eram proibidos para menores de 18 anos. Sofri amargamente por isso. Os motivos que a censura dava eram os mais hilariantes possíveis. Depois, já adulto, fiquei sabendo que muitos censores eram corruptos, que quase todos eram tomistas ou fascistas se é que existe muita diferença entre essas duas correntes. Quando eram padres ou beatos tinham vida dissoluta muitos com suspeita de pedofilia. Lembro-me que via amigos e parentes comentarem filmes que eu era impedido de ver. As 3 Máscaras de Eva foi um deles. Nunca aos Domingos foi outro. É claro que essa limitação imposta por conservadores fascistas prejudicaram gerações inteiras. Não é atoa que o Brasil pode ser descrito como um país de imbecis. Entretanto o mal que esses idiotas fizeram à minha geração não foi para toda vida como eles pensaram. Isto é, nunca na vida, ter visto os filmes citados e outros estupidamente proibidos para menores. Veio primeiro o VHS depois o DVD. A maioria desses filmes estão sendo lançados. Os que ainda não foram aparecem na televisão fechada ou alguém tem uma cópia e disponibiliza na internet. Bendita seja a internet. Grande invenção o DVD. Queria fazer um monumento a ambos nas principais praças da cidade derrubando algum monumento a algum desses censores, torturadores idiotas que, por motivos torpes, esmagaram o desejo de informação de gerações inteiras.


Ricardo Líper

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Governos alimentam a crise

O que a maioria das pessoas ignora é que em países emergentes como o Brasil, Rússia, China e Índia são os governos as verdadeiras locomotivas da economia. E por quê? Porque eles realizam a maior parte das compras no mercado e, de longe, são os maiores empregadores.
Falar em enfrentar a crise mundial, portanto, tomando qualquer medida de contenção de gastos, neste momento, é combater incêndio jogando gasolina na base da chama.
Os governos federal, estaduais e municipais no Brasil estão fazendo exatamente isso: enquanto o presidente Lula exorta a população a continuar consumindo (o que é corretíssimo em termos de análise econômica, pois se todos começam a poupar, a economia pára, a indústria desacelera e o desemprego se instala), o governo federal não repassa os recursos aos estados e municípios. Os governos estaduais estão cancelando contratos de obras, cortando salários de funcionários e demitindo outros. As prefeituras resolveram "enxugar" suas máquinas administrativas. Tudo a pretexto de surfar na crise sem levar uma "vaca".
O que as três instâncias de poder no Brasil estão fazendo, portanto, é tornar aguda a crise. Pois se os governos são quem mais compram tudo no mercado, ao promover o "enxugamento" estão, em verdade, engessando a economia e desestimulando os empresários a investir, seja no que for, porque o maior comprador está reticente.
Resumo, enquanto os governos mandam que gastemos para manter a economia andando, eles mesmos paralisam todas as suas iniciativas, fazendo a economia parar.
Ou é esquizofrenia ou é incompetência. Decidam.

Tony Pacheco

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Cinema: O Leitor

Um grande filme

O atual Papa foi da juventude de Hitler. Eu sempre fui adepto da mais ampla, geral e irrestrita liberdade de expressão. Ainda hoje acredito que o autoritarismo e a censura, por mais disfarçada que seja, é uma coisa insuportável e nada justifica eliminar a liberdade de expressão. Bem, o Papa diz que não é mais nazista. Eu sou libertário. Recentemente, o Papa, passou a mão-pela-cabeça de um sujeito que diz que o holocaustro não existiu. Na minha opinião quem diz isso é um cretino. As provas são incontestáveis. Não são só os judeus que descrevem os horrores dessas prisões mas testemunhas de Jeová, homossexuais e outros povos que sofreram com o nazismo. O escritor italiano Primo Levi deixou o seu testemunho em livro memorável. Transformado em filme chamado aqui de A Trégua. Parece que só existe em VHS. Será que estão todos mentindo e só esse padrego fascista diz a verdade? Bem, mas vamos ao filme. Um adolescente se apaixona por uma mulher mais velha na Alemanha após a guerra. Ela adora que ele leia para ela. Lá os alunos estudam literatura na escola. Quem não ler literatura, para mim, nada aprende. Mas deixa prá lá. Não acredito em pessoas que não leram nada. Não posso contar o resto do filme. Hoje, depois de O Segredo de Brokeback Montain, se a história fosse só isso seria uma tolice. Mas, no meio desse romance, as coisas mudam. Não perca. Ambos aparecem nus com generosidade o que é imensamente agradável às vistas. As interpretações, magistrais. Tudo no lugar certo. A homenagem à literatura é grandiosa.


Ricardo Líper