As senhas e a tortura do cidadão comum

Ricardo Líper

Não sei se vocês já perceberam que uma das torturas comuns no nosso país esquecido pelos deuses é formada por pequenas dificuldades e exigências que somos obrigados a cumprir todos os dias para sobreviver. Até há alguns anos, as empresas, privadas ou estatais, não torturavam tanto seus clientes. Não existiam, que eu me lembre, senhas para acessar isso ou aquilo. Porque se fosse apenas uma compreenderíamos e gravaríamos, mas são muitas e os cretinos ainda recomendam que mudemos a cada três ou seis meses. Sei que sua tendência de cordeiro bonzinho e cumpridor dos deveres, encantado quando consegue ter uma conta de banco, não é crítico nem percebe o autoritarismo dessas empresas roubando seu tempo, sua atenção, lhe predispondo ao estresse acumulado e destruindo sua alegria de viver. É comum esse ódio e estresse contidos darem tontura nas pessoas. Essas empresas fazem isso por desorganização e, principalmente, para se protegerem e nada mais. Pouco importa que você sofra, adoeça e perca tempo. É um problema se ir a um cartório, você perde um tempo importante de sua vida, sentadinho ou em pé, com cara de besta sendo torturado por uma engrenagem fascista. Os bancos dominam o governo de bobos alegres e fazem o que querem. Também eles e familiares não vão aos bancos, os bancos vão a eles. Você já viu algum deles esperando em filas, com senhas nas mãos, o atendimento bancário? E por que ninguém reclama? Reclamam na hora , mas não criam movimentos sistemáticos para combater essas torturas e abusos que tansformam a vida das pessoas comuns em um verdadeiro e constante inferno roubando delas o que têm de mais precioso que é o tempo em que estão ainda vivas. Aí aparecem os encargos, declaração do imposto de renda, por exemplo, recolher as declarações de renda que não chegam no tempo que a lei de um país sem lei determina, se precisar ir ao Forum, rá,rá,rá... Enfim esse é um dos grandes pilares e causas de nossa imensa dificuldade de viver em uma sociedade e país como o nosso. E não falei dos prazos, das ameaças se não os cumprir. A ameaça de multas. Ah! Lembrei do carro. Precise fazer alguma coisa em relação a ele, pagar o absurdo imposto sobre o veículo todo ano, será uma viagem ao inferno. IPTU deixemos para depois. Escrevo de madrugada na maioria das vezes por não me deixarem tempo para escrever de dia. De noite estou euxausto depois dessas maratonas. Hoje mesmo tenho de ir a um banco. Tenho de ir à APUB implorar para que me forneçam o comprovante do dinheiro gasto com o meu plano de saúde, para o imposto de renda, que vai para essa entidade. Será um dia infernal. Não coloquei todas as obrigações. Isso quando resolvo tudo e se não tiver de voltar amanhã eu já contarei com uma infinidades de outras torturas e obrigações efetuadas sobre ameaças.
Dedico essa linhas a Alex, nosso companheiro sofredor e sempre injustiçado por essa súcia de velhacos. Gosto dessa expressão antiga...