segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Eu odeio pedras portuguesas


Pedras portuguesas: é assim que elas acabam ficando poucos meses depois de instaladas nos passeios.

tony PaChEco

Fui almoçar, hoje, com o coordenador de Comunicação da secretaria da Prefeitura na qual presto serviços e tive que deixar meu carro no estacionamento em frente ao restaurante do TCA (uma delícia de comida, por sinal). E, aí, passei em frente a um prédio público (segundo Alex Ferraz, é o Tribunal de Contas dos Municípios – eu não sei - ), ali no Campo Grande, que está em fase de recuperação, na confluência de Araújo Pinho e João das Botas. E o que vi: a calçada está sendo construída com pedrinhas portuguesas.
Sim, aquelas pedras que ficam desniveladas e causam acidentes horríveis para quem tem a infelicidade de passar sobre elas.
Como tive uma fasceíte plantar (inflamação na planta dos pés), aquele tipo de passeio é um suplício. Pior é que estamos em Salvador, Bahia, Brasil e não em Copenhague, na Dinamarca, e estas pedrinhas são colocadas com total assimetria e desnivelamento, o que, vale dizer, uma mulher que passe com seu salto alto, poderá sofrer severíssima queda ou, no mínimo, quebrar o salto.
Um idoso que passar no local, poderá torcer o pé de forma cruel.
Uma grávida poderá tomar um tombão que colocará em risco seu bebê.
É o tipo de calçada para pessoas superjovens com saúde nota 1.000, o que não é o caso de boa parte da população.
E, à primeira chuva, as pedras deslocam e vão na enxurrada, criando aqueles buracos horrorosos.
É por isso que gosto pra cara... daqueles passeios em concreto escovado com detalhes em granito que a Prefeitura colocou na Barra. Lisos, planos, perfeitos. Bonitos e impecáveis para quem gosta de andar, tenha 5 anos de idade ou 105 anos. Seja homem ou mulher.
E, aí, eu pergunto: por que insistem em fazer calçadas com estas ridículas pedrinhas portuguesas?
É pra me sacanear (sendo megalômano)?
É para sacanear os idosos?
É para sacanear as mulheres?
É para sacanear as grávidas?
É para sacanear os deficientes físicos?
E, o mais engraçado, o passeio está sendo construído junto da clínica de ortopedia mais famosa da cidade, o COT.
É ou não é uma cidade-piada-pronta esta nossa Salvador?

2 comentários:

  1. Prezado Tony Pacheco:
    Você está coberto de razão, mas veja por outro lado.
    O mosaico português é uma herança do paisagismo arquitetônico que herdamos de Portugal.
    Ele é belo, elegante, sua colocação é feita com o apiloamento das pedras na areia, não impermeabiliza o solo e dá uma drenagem legal no tempo das fortes chuvas.
    Infelizmente perdemos a mão de obra artística dos calceteiros em todo o Brasil.
    Os bons calceteiros (dos tempos de antanho) tinham as manhas deste ofício: as pedras não se soltavam, o terreno ficava regular e aplainado não oferecendo perigo aos transeuntes.
    Soluções? Talvez a falta de bons cursos profissionalizantes voltado para as reais necessidades da preservação de nossas culturas, ao invés deste “cursos técnicos prêt-à-porter” voltado para o consumo imediato do mercado.
    Mais uma faceta da barbárie cultural que nos assola!
    Clovis Roberto dos Santos Filho.
    http://educacaoepatrimoniocultural.blogspot.com

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  2. Não concordo com você, anônimo. Acredito que certas coisas têm seu tempo e serventia. Se hoje, podemos contar com tecnologias que facilitem o acesso e democratizem as calçadas, por que não usá-las? As pedras portuguesas tiveram sua serventia bem como os artsãos da época tinham expertise. Quanto a hoje, será que não podíamos aliar as novas tecnologias ao estilo? Calçadas não se tratam de consumo imediato e sim de acesso, da liberdade de ir e vir sem tropeços. É nisso que acredito.

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Se vai acusar alguém nominalmente, identifique-se e anexe as provas. Não vamos pagar indenização na Justiça por acusações que não fizemos.