Oportunidade para que todos pensem

Alex Ferraz

Salvo por efeito de alguns males congênitos sobre os quais não ouso discorrer por ser absolutamente ignorante no assunto, é fato que todo ser humano nasce com a mesma capacidade de absorção de informações, informações estas que, acumuladas, viram cultura, e daí em diante transformam-se na maravilhosa capacidade de dedução, criação e entendimento, enfim, do mundo que nos rodeia e até de mundos bem mais distantes. Quando criança, tive a sorte de estudar em bons colégios (quase todos o eram, naqueles tempos), inclusive públicos, nos quais ler, escrever, fazer a tabuada e falar bem eram meros acessórios para se desenvolver o senso crítico, a capacidade de emitir opiniões e, fundamental, a mundividência.

Pois bem. Vi o ensino, aqui neste país e alhures, deteriorar-se de forma vertiginosa, levando de roldão a capacidade crítica, a visão de mundo, e chegando, enfim, aos bate papos de internet (argh!).

Isso tem se refletido em tudo: nas artes - notadamente a música, cada vez mais idiotizante - , e, o que é tenebroso, na vulnerabilidade dos povos para serem engabelados pelos que, espertamente, seguem bem informados mas manipulando espertalhões que fazem da ignorância um estilo de ser "engraçado", que cativa as massas iletradas.

Sinto isso ao procurar, em vão, discursos públicos que incitem à crítica, ao raciocínio; que prometam escolas para abrir os horizontes do ser humano como pessoa participante e entendedora do mundo em que vive. Não. Políticos de todos os matizes só falam em "escolas profissionalizantes", em "garantir o pão, o leite e o feijão na mesa" (algo que continua difícil para uma multidão espantosa), "geração de emprego e renda" etc. Ora, é claro que tudo isso é necessário, fundamental. Mas é apenas, tão somente, unicamente o essencial. Tornar-se um ser humano, no amplo significado do termo, exige muito mais. Exige liberdade, independência, desatrelamento de favores oficiais, iniciativa, cultura, capacidade, enfim, de gerir seu próprio destino, de tornar-se um verdadeiro adulto.

Pois é. Mas todos esses conceitos estão indo para o brejo. E numa velocidade que me causa arrepios de medo. E asco. fazer o quê? Veremos...

O mundo ideal

Alguns me questionam, via e-mail, a respeito de que tipo de mundo eu gostaria para viver, enfim, pois "bombardeio tudo". Não, leitores, não bombardeio tudo. Só não consigo me calar diante da ignorância, do preconceito e da arrogância. E o mundo no qual eu gostaria de viver é muito fácil de resumir: um lugar onde se tenha liberdade, onde possamos falar tudo o que pensamos, ser como quisermos e onde as pessoas raciocinem um pouco mais do que nossos antepassados da Idade Média. Viram que é fácil? Ou não...