quarta-feira, 18 de novembro de 2009
O inferno são os outros
Ricardo Líper
Foi Sartre quem disse na sua peça Entre Quatro Paredes (Huis Clos) que o inferno são os outros. A peça é muito conhecida e se você ainda não leu, procure ler. Já foi montada aqui, há algum tempo, por João Augusto, no antigo Vila Velha. A peça é passada no inferno e a tortura principal é você ser obrigado a conviver com as pessoas sem nenhuma interrupção. Não há como escapar delas para toda a eternidade... Você, se fica preocupado com solidão, pense sobre isso. Solidão, às vezes, pode ser sinônimo de paz e de uma paz profunda...
Sartre escreveu "Huis Clos" em 1943, quando o nazismo ocupava grande parte da Europa. Entretanto, ele se refere mesmo às pessoas comuns que têm, devido à sua maneira de existir, o prazer de torturar o próximo. A frase exagerou. Nem todas as pessoas são infernais. Umas poucas que cruzam nossos caminhos e nossas vidas não o são. Cinco por cento, talvez? Eu colocaria que em modestos 2,5 por cento são muito boas e nos dão uma grande alegria de conhecê-las. Pode ser até um anônimo transeunte, um parente adorável, uma mãe ou pai que jamais serão esquecidos. Ou também um amigo fiel que só nos dá prazer de o encontrar. Acho ser uma grande sabedoria compreender que pessoas demoníacas estressam a gente, envenenam nossas vidas. Saber se desvencilhar delas, não permitir que atravessem a linha de proteção que todos devem ter em torno de si é uma das regras de saber viver. Não, que o inferno são os outros, mas muitas pessoas são infernais. Elas, com habilidade, precisam, sim, ser afastadas, ignoradas, deixadas lá onde vivem. Em geral, todas os dias antes de sair, faço um pedido a todos os deuses, ao universo infinito que me livre de cruzar com elas. Que sejam muito felizes, que tenham tudo que desejem, mas não apareçam diante de mim em momento algum. Vale para o motorista alucinado, os confusos, os amalucados, oportunistas, desequilibrados emocionalmente, sem caráter, que existem aos milhões à nossa volta. Essas pessoas, na sua mesmice, antes de mais nada são chatas e nos cansam, se muito frequentes. Nos esgotam, nos agridem, nos levam a viver no inferno.
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o outro,
ResponderExcluirsempre o outro,
à estimatizar
o nosso jeito
(particular) de
ser....
Oportuno lembrar que o mal existe. Bm também saber que o jornalista preconiza a uma prece (aos Deuses) para se livrar dêle. Não custa se precaver, vigiar e orar! Bem lembrado!
ResponderExcluirS
o que é pior, o inferno dos outros ou o inferno de si próprio? responda ou dê um tiro na cabeça e vá direto ao inferno de dante.
ResponderExcluirPerfeito: um texto impecável para os dias atuais!
ResponderExcluirEste blog agora fala também para o mundo.
Parabéns, Ricardo Líper!
Forte abraço,
Espartano de fato.
Bom também pedir para que Deus livre essas pessoas de " seus infernos", ou seja, acalmando a mente e o coração dessas pessoas, para que possam ver a vida com novo outro olhar... sem arrogância, egoísmo, julgamentos,críticas, etc. Pedir para si e para os outros, e principalmente perdoar, é a mais pura das caridades!
ResponderExcluir... mesmo que limitados a dois ponto cinco percentuais, a verdade é que "nós não estamos sozinhos no universo".
ResponderExcluirportanto "a verdade está lá fora", e devemos buscá-la junto ao outro, num consórcio de tipo federativo sem imposições de mando e obediência.
que deus que nada. é muito papo furado. se deus e religião servissem para alguma coisa a humanidade estava salva. mas a verdade é que as religiões só servem para acabaoder de foder com tudo/.
ResponderExcluirGrande Sartre e sua intrigante filosofia existencialista.
ResponderExcluirGostei do post, parabéns!