sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Línguas Sarcófagos


Faulkner com livro inédito em Portugal

Ricardo Líper


Não sei se já disseram que o português é o túmulo do pensamento, mas o que faz uma língua ser um sarcófago das idéias são os países que a falam e escrevem não terem influência econômica. Some-se a isso uma população pequena falando uma língua pouco conhecida. Mas, depois disso, tem um fator muito importante, que é não ser traduzido e publicado o que outros povos escrevem, condenando-se a população que a fala à ignorância ou ter de aprender as línguas que mais produzem e publicam para podermos nos educar.
William Faulkner não é um autor desconhecido ou exótico. William Faulkner levou dez anos para concluir A Fábula. Com esse livro ganhou um prêmio Pulitzer e o National Book Award; 55 anos depois de seu lançamento nos Estados Unidos, dia 5 de novembro deste ano, foi lançado em Portugal. Não foi esse o caso, mas muitas obras são publicadas com mais frequência depois que os direitos autorais do autor já estão em domínio público, o que ocorre, a depender do país, depois de 50 ou 70 anos a contar da morte do escritor. Por isso, nós encontramos tantos livros de Machado de Assis e outros, até em bancas de revista. Um dos critérios importantes para a grande parte das editoras é não precisar pagar ao autor pelo seu trabalho.
É assim, país pobre, mentalidade empresarial pobre, povo na pobreza cultural.
"A Fábula", que editores vampiros não permitiram aos portugueses lerem durante 55 anos, é uma ode ao pacifismo. Narra um motim liderado por um soldado francês na Primeira Guerra Mundial, que organiza, com 12 companheiros, uma revolta contra a guerra e os soldados inimigos, diante disso, desistem de lutar.
Cinquenta e cinco anos para entrar em contato com obra de tal magnitude...

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