quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Incrível: o público aplaude "Tropa 2"! Tá todo mundo de saco cheio de tanta bandidagem!

tony pACHECo

É impressionante como o filme "Tropa de Elite 2" está mexendo com a cabeça e o coração das pessoas. Eu, que tinha aversão a cinema nacional com suas babaquices intelectuais ou chanchadas ou romancezinhos idiotas e mal-feitos, desde o "Tropa 1" comecei a mudar a minha opinião e até "Os Normais 2" já me entusiasma.
Mas, voltando à vaca fria, para mim o filme estrelado por Wagner Moura (que é bom pra cara...) traz um dilema pessoal. No final dos anos 1980, meu amigo advogado Clóvis Faleiro levou-me a participar de uma sessão soteropolitana da Anistia Internacional (sim, aquela mesma de Londres) e com isso, como eu era editor do caderno "Lazer&Informação" de "A Tarde", consegui muito espaço para os excelentes artigos de Faleiro sobre desrespeito aos Direitos Humanos no mundo e a luta contra este desrespeito por milhões de abnegados das redes de ajuda da AI. No início dos anos 1990, a Anistia chegou a me dar uma medalha numa festa acontecida no Olodum, no Pelourinho, e deve estar em alguma gaveta, perdida...
Mas, tempos depois, a sessão da AI no Brasil envolveu-se demais com a defesa de assassinos, ladrões e outros marginais e eu colocava em algumas reuniões que só toleraria isso se tivéssemos a mesma preocupação com as vítimas e os familiares das vítimas de assassinos, ladrões e outros marginais. Saí fora, pois ninguém quer ouvir este papo de preocupar-se com vítimas.
E, aí, volto a "Tropa de Elite 2". No cinema no qual fui assistir (Center Lapa), o público era de classe média para classe média baixa e em todas as cenas em que a Polícia honesta do filme (o BOPE) mata narcotraficantes ou policiais corruptos, OS APLAUSOS SURGEM DA PLATÉIA de maneira espontânea e entusiasmada, levando-me a crer que as pessoas estão, realmente, de saco cheio de viverem SOB FOGO CRUZADO de duas ordens de marginais: os traficantes que não pagam "arrego" aos policiais corruptos e os policiais corruptos que cobram arrego de marginais e metem bala em todo mundo.
Para mim, pessoalmente mesmo, a reflexão que me tocou foi essa: quem pode dar um basta ao descalabro da segurança pública no Brasil?
Como varrer traficantes de bairros populares? Como acabar com as duas polícias brasileiras (Civil e Militar) e iniciar uma nova Polícia única, competente, honesta, muito bem remunerada e com condições logísticas que suplantem os marginais?
E, PRINCIPALMENTE, como desmoralizar meus colegas de profissão da mídia que participam (igualzinho àquele bandido radialista do programa "Mira Geral" do filme...) ativamente da bandidagem, ganhando dinheiro dos dois lados: dos bandidos que não são policiais e dos policiais bandidos???
É uma tarefa hercúlea. Teria que ter pelo menos uns 10 coronéis Nascimento nos principais estados brasileiros onde a bandidagem já CONTAMINOU a Polícia.

P.S. 1 - Engraçadíssimo o nome escolhido para o programa de TV onde o radialista corrupto fala sobre assuntos policiais, "Mira Geral". Muita gente deu risada no cinema na hora em que o homem da mídia bandida aparece pela primeira vez.

P.S. 2 - Ao final, o SISTEMA contaminado brasileiro VENCEU, pois este filme, pelo menos no Rio de Janeiro e outros estados totalmente contaminados, se ele chegasse aos cinemas 30 dias antes das eleições, duvido que certos governadores tivessem a votação que tiveram. DU-VI-DE-O-DÓ!!! O sistema é tão poderoso que só permitiu o filme nas telonas depois do primeiro turno.

6 comentários:

  1. quem te viu, quem te vê... jacaré!

    para felicidade da pequena-burguesia os excluídos pelo 'sistema' são tachados de 'bandidos'/ marginais, tornando qualquer reação coletiva num dos doze trabalhos de Hércules.

    lamentável essa dispersão de energia com coisas pequenas, pois polícia e bandido são lados opostos de uma mesma moeda.

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  2. deixe de fresucirnha: bandido bom é bandido morto. e agora policial corrupto bom tb é baleadinho da silva. ponto final. chega de firula.
    to com coronel Nascimento e nâo abro.

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  3. A pergunta não é: "porque legalizar?"

    A pergunta é: "porque proibiram e com que autoridade fizeram isto?"

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    46% dos presos não podem ser julgados por falta de juizes.

    Os presidios estão lotados em mais de 160%.

    Os juizes estão soltando serial-killeres e estupradores porque as cadeias estão entupidas com traficantes e supostos traficantes.

    Os tropa de cabides sempre preferem fazer um serviço que não precisa prestar contas, um que não tem investigação. Eles podem prender (ou matar) qualquer um. Se a vítima estiver limpa é só plantar um pozinho ou uma ervazinha. Depois chamam a midia amestrada, gravam uma entrevista e posam de "herois".
    (voces viram o que aconteceu com o juiz e a familia dele!!! voces viram, todo mundo viu!!!)

    Alguns meses atras a "emissora dos bispos" mostrou uma reportagem com uma denuncia gravissima.
    Uma menina menor de idade foi estuprada numa festa de debutantes. A familia da vitima registrou queixa de estupro numa tropa de cabides e um mês depois descobriu que a investigação do crime nem tinha começado por falta de assinar a "procuração".
    Agora analisem:
    Pra investigar um crime de estupro contra uma menor de idade precisa de "procuração"?
    E as meninas orfãs, que não tem um pai ou uma mãe pra assinar a procuração, quem vai se preocupar com elas?
    E as familias de analfabetos que não sabem ler e escrever fazem um xizinho "X" na "procuração"?

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    Falta de vagas faz juiz soltar presos no Maranhão
    http://www.youtube.com/watch?v=9i2qtmPxbbc

    Presos vigiam cadeia no interior do Paraná
    http://www.youtube.com/watch?v=0NlrwDSowVE

    Juiz deixa Solta quadrilha
    http://www.youtube.com/watch?v=KgCtiYKt6yc

    Pedreiro estuprador de Luiziânia mostra em vídeo onde enterrou suas 6 vítimas (GO)
    http://www.youtube.com/watch?v=fetJJqAHxZ4

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  4. Luiz Inácio Lula da Silva:

    em seu governo a "polícia bate em quem deve bater", em referência à ocupação dos morros cariocas pelas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora)

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  5. olhe seu tony aqui ou na cochichina , ops - policia devia ser polícia co PH DE PHARMÁCIA - COM SALARIO DECENTE - MORADIA EDUCAÇÃO O ESCAMBAU QUE SEMPRE IA TER UMA SACANAGEMZINHA PORQUE É PRAXE MAS BANDIDO MESMO É BOM É MORTISSIMO - DEPOIS APURAMOS - TIRAMOS SÓ OS POBRES HONESTOS QUE DÁ ASSIM NO BRASIL UNS DEZ MIL SOMENTE...UM BJO E MINHA METRALHADORA GIRATP]ÓRIA TÁ CARREGADA E NO AR.....................DA MINHA JANELA DÁ........................

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  6. SEGUNDA-FEIRA, 18 DE OUTUBRO DE 2010

    OPINIÃO TROPA DE ELITE 2
    Longa usa a lógica da guerra civil para discutir questão da segurança pública
    Trama legitima violência policial e trata defesa dos direitos humanos como ladainha ingênua

    VLADIMIR SAFATLE
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    O diretor de "Tropa de Elite 2", José Padilha, é alguém que costuma dizer não gostar de filmes "cabeça".
    No entanto, seu filme não quer ser apenas mais um thriller de aventura. Através das ações do coronel Nascimento, "Tropa de Elite 2" gostaria de dar sua versão a respeito da irredutibilidade do problema que mais atemoriza a classe média brasileira: a insegurança.
    Nesta sequência, Nascimento vive um confronto intestino com um "intelectual de esquerda"; militante dos direitos humanos que, com seu discurso ingênuo, parece existir apenas para atrapalhar as ações duras, porém necessárias, do Bope.

    MOLA DO CRIME
    Um destes confrontos acaba tendo muita repercussão na mídia, o que leva o governo a deslocar Nascimento para uma subsecretaria de Segurança. Lá, ele descobre a verdadeira mola que alimenta o crime: a corrupção da polícia e seus vínculos orgânicos com a corrupção do poder político.
    Nesta nova luta, ele poderá, ao final, reencontrar seu inimigo, tecer uma aliança com o intelectual de esquerda, agora deputado estadual. Aliança feita em nome da luta contra a corrupção do "sistema". Tudo termina em uma CPI contra as milícias.
    Assim, depois de ter sido acusado pela imprensa internacional de fazer um filme "fascista", o diretor de "Tropa de Elite 2" parece querer se redimir mostrando ter consciência clara dos problemas representados pela polícia. No entanto, tal consciência apenas mascara o verdadeiro núcleo de sua "visão da sociedade brasileira".

    TERRITÓRIO DE GUERRA
    As ações violentas, as torturas sistemáticas contra "vagabundos", a compreensão das favelas como território de guerra, as balas perdidas, a humilhação cotidiana contra uma população que vê o Estado e seu aparato policial como inimigos: nada disso explicaria por que a polícia que mais mata no mundo nunca conseguiu vencer a luta contra o crime.
    Na verdade, se o método truculento ainda não deu certo, isto seria resultado exclusivo da corrupção generalizada. Tanto é assim que, em dado momento do filme, ficamos sabendo que Nascimento conseguiu, com seu Bope reforçado por helicópteros, limpar uma favela do tráfico em uma operação que mais parece um video game onde cada tiro certo é um ponto.
    Tudo seria perfeito se, depois, policiais corruptos não tivessem se aproveitado da nova situação para extorquir dinheiro da população.
    Desta forma, neste país onde a polícia tortura mais do que na época do regime militar, a ideia de compreender problemas de segurança pública a partir da lógica de guerra civil parece ter se naturalizado.
    Neste país, os intelectuais de esquerda ganhariam mais complacência dos produtores de blockbusters se abandonassem a "ladainha" sobre direitos humanos, escolhessem o lado da classe média assustada e abraçassem a causa monocórdia da luta moralizante contra a corrupção estatal.
    Ao menos, eles serviriam para apagar a culpa pelo nosso desejo de violência.

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Se vai acusar alguém nominalmente, identifique-se e anexe as provas. Não vamos pagar indenização na Justiça por acusações que não fizemos.