Tarefas e Tarefeiros

O papel nosso de cada dia...

Ricardo Líper

A vida da gente é limitada. Limitada no tempo. Não vivemos mais do que 120 anos. É um fato. Ou estou errado? Logo ela ocorre no tempo. E o tempo passa a ser o maior capital, o maior tesouro, o bem mais precioso que temos. Gastá-lo à toa é um crime contra nós mesmos. Entretanto, se não ficarmos atentos aparecem os vampiros do nosso tempo criando compromissos e tarefas e no caso do Estado sempre em países como o nosso, autoritário e mandão, nos obrigando a perdermos nosso principal tesouro, o tempo em que estamos vivos. Criar tarefas para os outros é a principal função dos vampiros do tempo, diga-se, da vida alheia, dos outros. Mesmos os amigos e conhecidos que solicitam sua presença para aumentar o número de pessoas em atividades sociais ou lhe ocupam desavergonhadamente seu tempo ao telefone ou quando lhe encontram na rua para fazer hora enquanto aguardam um compromisso. Mas os principais tarefeiros são os bancos, algumas empresas e, principalmente, o Estado, pensam que você é eterno. O brasileiro está na lista de um dos maiores tarefeiros, afundado em uma burocracia e corrupção impossíveis de serem sanadas porque a burocracia leva à corrupção. Vá a um cartório. Vá tratar alguma coisa em alguma repartição pública. Eles pensam que você viverá mil anos ou mais e metade deve gastar com eles para que lucrem com a burocracia desmiolada que permite propinas, troca de influências e todos os outos tipos de baixeza moral. Reaja no que puder. Diga Não. Não me arranjem tarefas. Cópias de documentos, autenticações, reconhecimento de firmas. Gincanas para cumprir uma lista imensa de tarefas. E funcionários ávidos por um propina em todas elas. E depois, quando digo que vivemos em um inferno rodeados de demônios nos torturando dizem que estou exagerando.