terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sonho de uma noite de quase verão

Alex Ferraz

Paulo Krugman, Nobel de Economia, disse que o Brasil tem imenso potencial para se tornar uma economia fortíssima, mas ressalvou que sem infraestrutura e, principalmente, sem educação, nenhuma nação consegue ser superpotência.

Bem, quanto à infraestrutura, basta ver as filas de até 40 quilômetros de caminhões no Porto de Paranaguá, aguardando dias para embarcar mercadorias que acabam apodrecendo nas carrocerias; basta ver o sucateamento absoluto de nossas vias férreas e o péssimo aproveitamento do transporte hidroviário. Basta olhar estradas assassinas, que desde 30 anos ou mais atrás já deveriam ser pistas duplas. E basta ver que, em vez de tentar de VERDADE começar a resolver problemas exacerbados por sucessivos governos omissos (e há algum que não seja?), o atual investiu apenas 5% em infraestrutura.

Quanto à educação, o modelo brasileiro é claro: vamos encher o país de escolas profissionalizantes, o que, em outras, palavras, significa formar operários para alimentar as fábricas da zelite (como diz o messias). E a educação de alto nível fica para a meia dúzia da elite intelectual - no mais das vezes tão cruel e déspota quanto qualquer governo tirano e que se diverte fazendo teses sobre a miséria.
Enfim, é preciso MANTER a ignorância e a pobreza para que os abutres continuem devorando o dinheiro público e sendo louvados, ao mesmo tempo. E isso com a contribuição de intelectuais. Vixe!

Mudar radicalmente - SIM, RADICAL E IMEDIATAMENTE; NADA DESSE PAPO DE QUE É PRECISO DÉCADAS, PARA FICAR MAIS TEMPO MAMANDO NOS COFRES PÚBLICOS (o que garante a continuidade de políticas básicas é o respeito e cumprimento estritos da Constituição, das leis, coisa que passa longe dos homens públicos deste país, em todos os tempos). Diziam eu: mudar radicalmente o perfil do ensino, elevar de pronto, como numa verdadeira revolução cultural (esqueçam o massacre de Mao, não é do que falo!), a qualidade dos professores, seus salários; incentivar a presença de alunos nas escolas para, lá, serem incentivados à discussão, à informação mais completa e profunda, ao conhecimento, à cultura, ao exercício da crítica. Ah, isso ninguém quer fazer! "Não podemos, porque faltam verbas". Zorra nenhuma! Um governo responsável, se é que existe algum, diria: "Companheiros, pegamos o Brasil com uma herança maldita. Nossos antecessores destruíram a educação e a infraestrutura do País. Desde o golpe militar de 1964 temos visto o banimento da cultura, do espírito crítico das escolas, substituído por uma profissionalização apenas para abastecer fábricas. Sim, é necessário especializar-se. Mas achamos que é preciso ter consciência da realidade, de forma crítica; que é preciso ter cultura e muita informação, para que, então, sejamos um povo que saiba decidir seu próprio destino, individualmente e de forma coletiva, inclusive na hora de escolher seus representantes nas casas legislativas e executivas. Precisamos banir de vez da nossa política os corruptos, as bestas feras enganadoras, e não fazer aliança com eles. Portanto, companheiros, para isso temos que gastar muito dinheiro. Então, peço a compreensão de todos e conclamo a que deixemos Copa do Mundo e Olimpíadas, que nos custariam quase duas centenas de bilhões de reais (se levarmos em conta a possibilidade de corrupção) para países que podem gastar isso em espetáculos, já que conseguiram resolver seus problemas básicos de educação e infraestrutura. Tenho certeza de que o povo brasileiro irá me entender. Até porque sou humilde, passei fome no sertão, e sei que nós, o povo, não termos acesso a estádios para esse tipo de espetáculo. Só azelite é que entra. E se vamos ver mesmo pela TV, que diferença faz? Também evitaremos gastos com excesso de funcionalismo público e propaganda. Contrataremos e anunciaremos o estritamente necessário.
A partir deste momento, abriremos um portal na INTERNET PARA INFORMAR, CENTAVO A CENTAVO, COMO ESTAREMOS APLICANDO ESSES BILHÕES NA INFRAESTRUTURA E NA EDUCAÇÃO. Estaremos de portas abertas à imprensa para que, mensalmente, nos questione sobre como estamos avançando na recuperação social deste país.
Com isso, prometo que dentro de dois anos teremos um quadro inteiramente diferente na educação, por exemplo, porque nossos ministros da área não ficarão encastelados em Brasília, mas irão a cada ponto deste país, comandando imenso mutirão para que o quadro se reverta de pronto. Queremos uma nação de pessoas pensantes, de pessoas que trabalhem e ganhem seu próprio sustento, com direito a lazer, roupas, remédios, por sua própria conta. Se for neessário, companheiros, deem-me mais quatro anos para que eu conclua isso. Mas só o façam se realmente estiverem vendo resultados, não pela propaganda oficial, mas concretos. Veja se o seu vizinho está estudando, veja se a violência na sua porta cessou, veja se os hospitais públicos lhe atendem bem, veja se ainda há alguém catando lixo para comer. Aí, então, decidam em quem votar."
E aí, eu acordei...

6 comentários:

  1. Pare de sonhar, Alex! Adapte-se ao pesadelo, moço! Isso faz mal à saúde...

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  2. Ops... e o novo Tomé de Souza querendo fazer ponte até a ilha por 6 bilhões de reais.
    Qual o custo anual (né de anus não) da Bahia em Educação ?
    Ah, fiz uma gracinha pro pessoa do PT responder; Prá que a ponte ?
    a ) Prá Classe Média (Inteligentzia) do PT poder tomar seu banhozinho de mar em Cacha Prego.
    b ) Prá não ter mais aquela fila chata de carro até o Largo de Roma.
    c ) Prá poder fazer a Fómula Indy na pista da Ponte Nova.
    d ) Prá encher os cofre das Empreiteiras que pagam as contas das próximas eleições.
    e ) Porque vai ser lindo ficar olhando o por do sol na Barra com aquela pontezona na paisagem.

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  3. Além de ter um texto maluco, o cabra tem um sonho confuso da peste. Êita pau viu. Se Freud não explicar, quem sabe Jung explique. E se Jung não explicar, quem sabe o velho Fernando Pessoa explique, já que escreveu o primoroso texto "O Banqueiro Anarquista". Também pudera, um texto de um autointitulado anarquista se basear logo de cara numa citação de Paul Krugman, estranho né... É o verdadeiro sonho do crioulo doido.

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  4. Pois eu viano nessa ponte. Acho que j[a que a porra é capitalista e puro roubo, que pelo menos deixe um legado que possa ser usufruido por todo mundo. Não é só rico não, moçada. Quem mora no Baixo Sul, em S. Antonio, Naxaré, sofre o diabo pra vir pra Salvador com esdta desgraça de ferry. os ricos vão de dar bem, os malandros da politica também. Só que, no final, os fudidos como eu poderão ir pra feira dos caxixis sem passar este inferno que é o ferruy. só isso.
    Vá Wagner. Roube tudo que for capaz. leve pro Rio de Janeiro, mas deixe a ponte pra nós. Só isso vai valer o seu governo. depois vc some.

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  5. Fico feliz que existam pessoas assim como você que tem a capacidade de sonhar e também a coragem de algo tão grandioso nos nossos dias. Se é para sonhar, vamos sonhar juntos.

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Se vai acusar alguém nominalmente, identifique-se e anexe as provas. Não vamos pagar indenização na Justiça por acusações que não fizemos.