segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O que é a liberdade




Ricardo Líper

Libertário é aquele que admite que todos têm o direito de fazer o que quiserem. Seja o que for. Incondicionalmente. Entretanto, ninguém vive sozinho em uma ilha no meio do oceano. Existem os outros, que Sartre, em um grande momento de inspiração, chamou de inferno. Eu, para simplificar, chamo de os chatos. É impossível dizer o que não é chato, ruim ou reprovável. É relativo. Eu sou chato para você e você pode ser chato para mim ou outra pessoa. O critério é não chatear o próximo nem atormentá-lo. Logo, para exercer nossa liberdade não podemos atormentar o semelhante. Daí a máxima liberal: sua liberdade termina onde começa a liberdade do outro. Está certo. Só que a primeira liberdade, a sua, é defendida ardorosamente, mas o direito do outros de não o suportar não é respeitado. A prática disso é que é complicada e sempre saímos prejudicados. Daí eu ensaiar uma solução. Uma utopia que defendo ardorosamente.
Em primeiro lugar, nós precisamos, se necessário pela força da lei, respeitar e não agredir os que são diferentes de nós. Seja que diferença for. Mas não somos obrigados a amá-los e muito menos a conviver com eles. É o nosso direito de exercer nossa liberdade. A lei não manda amá-los, manda respeitá-los. Exemplos. O sujeito adora futebol. Vai fantasiado, aos berros, para o campo de futebol. Sai embriagado com colegas batucando ou esmurrando carros, pessoas ou o que encontrar pela frente. Você não suporta futebol. Qual a solução? Jamais encontrar um sujeito ou sujeitos desses. Embora reconheça que ele deve ser como é e fazer o que gosta e defender esse direito dele sem querer que ele mude o perfil de torcedor de futebol. Solução? Ter bairros em volta de estádios e só esse tipo de gente morar lá. Minha utopia é essa. Liberação da maconha e outras drogas, mas só em determinados locais nos quais todos chegados a isso morariam. Quem gosta de dirigir embriagado. Vias especiais e bairros, também, quem sabe? Quem tem crianças alucinadas que incomodam e levam ao desespero os demais seres humanos. Prédios e bairros para quem tem crianças. Adaptados a esses seres, seus pais, avós e tudo o mais. Indivíduos que têm um apetite sexual imenso e trazem para dentro de casa todos os homens possíveis que encontra pela frente. Edifícios próprios para eles para, em caso de roubo ou assassinato, não envolver os outros moradores. Quem gosta de criar animais desde cachorros até cobras e leões? Locais apropriados e enfim a paz e a liberdade garantida para todos.
A maior expressão da liberdade é o controle remoto da televisão. Apareceu o crente? Um clique e ele desaparece de nossas vistas. Apareceu o Papa? Um clique e ele vai embora. Apareceu ................ digite quem você não suporta, pode botar outros espaços se esse está pouco e clique. Repare, antes de me achar um monstro politicamente incorreto, nós amamos a liberdade incondicionalmente e o direito de todos de exercê-la, mas sem, em hipótese nenhuma, incomodar o próximo e exigir dele convivência, amizade e amor. Amar a liberdade é o suficiente, amar o próximo, sem hipocrisia, é amar a você mesmo encarnado no outro... Que todos sejam como querem ser, mas não nos obrigue a conviver com eles. Podem atirar as pedras, cristãos não assumidos, mas sei que quando chateados pelos filhos do vizinho concordarão intimamente, sem querer, comigo.

5 comentários:

  1. Um primor, Líper! Quase fui às lágrimas! Faltou criar um baidrro só para lulistas radicais e intelecualóides que cultuam a pobreza e vivem nababescamente.Kkkkkk...

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  2. Pronto, esse comentário deveria ser passado e repassado a todas as pessoas, para q possamos ler e até fazer alguma coisa.
    Parabens por esse tão lúcido comentário. pergunto: como faço p mandar para todos os meus amigos, comnhecidos, até mesmo colocar na minha página do orkut? nalvabr@oi.com.br

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  3. Os anarquistas de araque, que não é o caso do Líper, por conveniência e mau-caratismo não escrevem, e o mais grave, não praticam a limitação da liberdade em respeito à liberdade dos outros, agem como pequenos tiranos martirizando a vida de quem estiver ao seu alcance.

    Estes impostores dizendo-se anarquistas tentam esconder que só os tiranos têm liberddade absoluta, só eles fazem o que lhes der na telha e dane-se o próximo; o mais popularizado destes grandes tiranos foi Calígula, imperador romano, "anarquista coroado", senhor absoluto da vida e da morte dos outros na realização de seus delírios de liberdade e poder absolutos.

    Na literatura o Marquês de Sade em suas novelas ilustra como só os tiranos realizam todos os seus desejos e vontades, só eles têm liberdade absoluta em detrimento da submissão dos outros, apenas objetos, escravos sem nenhum direito ou merecedor de qualquer respeito.

    Os grandes tiranos são uma tragédia mas os tiranetes são uma desgraça na vida de qualquer um.

    Mas que ninguém se engane, tudo que diz respeito ao poder mexe com a liberdade e com a possibilidade de ampliação ou de restrição da liberdade, e até mesmo a divulgação de idéias libertárias faz o sujeito liberar sua agressividade ou canalhice contida pelo medo do "bateu levou" que a realidade impõe, isto porque o poder e até mesmo suas migalhas fazem as pessoas delirarem como se tivessem consumido uma droga alucinógena e passam logo a ser dominadas pela possibilidade de realização de fantasias que só a liberdade ilimitada ou além do real possível facultam.

    Por não quererem ser vítimas das alucinações e dos alucinados do poder os libertários precisam também de sobriedade, caso contrário se transformam em pequenos tiranos embalados pela idéia de liberdade sem limite e, portanto, sem respeito aos outros.

    O libertário que acha que tem o direito de agredir os outros, e o pior, em nome da liberdade; que não se pauta pela verdade e realismo é apenas um alucinado ou canalha escudado no anarquismo.

    Isto precisa ser dito porque aqui neste blog de vez em quando aparecem uns micróbios desta espécie e ninguém até agora lhes disse que a vida em sociedade livre de tiranos não comporta a liberdade absoluta, e se até a liberdade em respeito aos direitos dos outros sofre limites imaginem o mau-caratismo.

    O poder e suas migalhas são drogas alucinógenas, deveriam ser proibidas.

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  4. Já li isso que o honrado comentarista acima escreveu em O Homem Revoltado...

    Mas naquele caso, o incrível Albert Camus, citava os Comunistas de Araque... psicopatas que tomam o poder e querem enfiar o dedo no cu de todo mundo, como se fossem proctologistas. Uiiiii...

    Stalin, Enver Hoxha, Mao, Brejnev, Lenin, Fidel, etc, etc, etc.

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  5. Tanto texto para falar das pobres criancinhas mal educadas que perturbaram o seu sono e, como remédio, propor uma utopia segregacionista, individualista e pequeno-burguesa. Seria a ditadura do patrulhamento. E de pensar que o velho Bunuel, mesmo com os seus filmes e atitudes surreais, adorava crianças, inclusive as chatas e mal educadas, e vivia procurando conversa com o vizinho do lado em busca de mais inspiração para a sua próxima obra.

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Se vai acusar alguém nominalmente, identifique-se e anexe as provas. Não vamos pagar indenização na Justiça por acusações que não fizemos.