Prometeu Acorrentado
Ricardo Líper
A questão da existência de Deus
Fica difícil para a teologia justificar a morte. Que Deus é esse, descrito como a suprema bondade e a justiça em si, que cria seres para morrer? Como um Deus boníssimo mata o que cria? Na maioria das vezes matando com um sofrimento atroz, com requintes de crueldade para quem morre e para os entes queridos que permanecem vivos para sentirem a falta dos que se foram. Essa contradição no seio da teologia a liquida. Parece-me sensato admitir que seja a morte dos seres existentes, supostamente criados por Deus, uma das provas da sua inexistência. A não ser que se admita um Deus malévolo, satânico, arbitrário, que criou o mundo por maldade e o homem à sua imagem e semelhança. Algumas vezes fico tentado a acreditar nessa versão.
A falta de sentido do mundo na vontade de Schopenhauer e na náusea de Sartre
Já Schopenhauer acertou na mosca quando escreveu que a natureza é regida por uma vontade cega e sem sentido, existindo para se multiplicar aleatoriamente. Sua única finalidade é permanecer existindo através de todos os seres que cria sem nenhum objetivo. As criaturas que gera ela descarta depois de usar truques, como pequenos e efêmeros prazeres, para que elas se reproduzam e depois envelheçam e morram. A vontade, quando um ser morre, continua nesse processo insano e sem lógica nos outros seres porque ela está em todos. Os que morrem não alteram a maneira de ser da vontade, ao contrário, fazem parte dela que os descarta após terem se reproduzido. Todos eles estão no mundo para se replicarem em um círculo vicioso sem sentido orquestrado por uma vontade sem nenhum objetivo a não ser manter-se viva, através deles, para nada.
Sartre chega a conclusões próximas às de Schopenhauer sobre a condição humana. Ele mostra que somos uma consciência que é jogada no mundo. Livre, porque consciência (um ser para si), mas uma paixão inútil. O homem ao perceber o absurdo da condição humana sente angústia, náusea, desespero.
A importância da consciência no sentido da antropologia filosófica e não da teoria do conhecimento
E aí estamos no cerne da questão: nós somos seres dotados de consciência. E a consciência dialoga com o mundo e com nós mesmos enquanto corpo mortal e natural. A consciência filosofa. A consciência se angustia. Nós somos um ser para nós mesmos. Nos visualizamos como uma coisa entre coisas e outras consciências que nos coisificam. Ficamos abismados com o absurdo da nossa própria condição.
Schopenhauer depois de descrever as artimanhas da vontade dá como solução para a falta de sentido da condição humana a renúncia aos prazeres ilusórios do mundo e ver na consciência o instrumento pelo qual podemos escapar da vontade. Sugere que a consciência pode vencer a vontade da natureza pelo ascetismo. Barrando todos os truques (desejos) que a vontade utiliza usando nosso organismo, fruto de uma natureza que é a expressão da vontade, para nos iludir e fazer sofrer. Sugere a busca de uma paz para além do véu de maia. A renúncia aos prazeres do mundo, como propôs Schopenhauer, para resolver o absurdo da condição humana não me convence. A renúncia como uma estratégia circunstancial tem algum valor, mas como meta de vida, não.
A solução dos antigos gregos
Para mim foram os antigos gregos, não necessariamente todos os seus filósofos, que deram a melhor solução. Eles a mostraram nas suas tragédias e a estabeleceram na sua prática. Eles disseram nelas que o homem se afirma como homem quando luta contra seu destino. Seu destino é essa condição humana denunciada por Schopenhauer e Sartre séculos depois que eles intuíram magistralmente. Esse é o espírito da tragédia grega. A luta do homem contra um destino que o irá vencer no final. Entretanto, o homem, mesmo sabendo que será vencido, luta assim mesmo e, ao fazê-lo, afirma-se como homem. Quer dizer, dá um sentido à vida e assim transforma a angústia em heroísmo e então se apaixona por si mesmo. Nessa atitude se transforma em uma obra de arte. Inclusive vive se preparando diariamente para lutar, através do agoge (treinamento) para chegar ao arete (excelência), e se afirmar como homem. Prometeu desafiou os Deuses para afirmar sua humanidade. Daí minha admiração por Esparta e pelos gregos antigos. Só compreendendo a atitude de Prometeu, Aquiles, Pátroclo você entende os 300 de Esparta, o haraquiri dos samurais e o de Yukio Mishima.
Querendo ou não parte da humanidade sempre seguiu essa maneira grega de enxergar o mundo e o homem. Quer na ciência, nas mudanças sociais e em tudo aquilo que nos faz enfrentar o destino aleatório e sem sentido que a nossa condição humana nos condena. Esse é o otimismo e humanismo nos quais acredito.
Marx e Bakunin deram suas contribuições para nos fornecer os fundamentos e as estratégias para as lutas sociais. Sou apaixonado pelo materialismo histórico de Marx e pelo conceito de liberdade política de Bakunin. Cabe ao homem, através da luta contra o destino que lhe é imposto pelos deuses através da natureza e na sociedade pelas elites sociais, dar sentido a si e ao mundo.
E Nietzsche?
A questão da existência de Deus
Fica difícil para a teologia justificar a morte. Que Deus é esse, descrito como a suprema bondade e a justiça em si, que cria seres para morrer? Como um Deus boníssimo mata o que cria? Na maioria das vezes matando com um sofrimento atroz, com requintes de crueldade para quem morre e para os entes queridos que permanecem vivos para sentirem a falta dos que se foram. Essa contradição no seio da teologia a liquida. Parece-me sensato admitir que seja a morte dos seres existentes, supostamente criados por Deus, uma das provas da sua inexistência. A não ser que se admita um Deus malévolo, satânico, arbitrário, que criou o mundo por maldade e o homem à sua imagem e semelhança. Algumas vezes fico tentado a acreditar nessa versão.
A falta de sentido do mundo na vontade de Schopenhauer e na náusea de Sartre
Já Schopenhauer acertou na mosca quando escreveu que a natureza é regida por uma vontade cega e sem sentido, existindo para se multiplicar aleatoriamente. Sua única finalidade é permanecer existindo através de todos os seres que cria sem nenhum objetivo. As criaturas que gera ela descarta depois de usar truques, como pequenos e efêmeros prazeres, para que elas se reproduzam e depois envelheçam e morram. A vontade, quando um ser morre, continua nesse processo insano e sem lógica nos outros seres porque ela está em todos. Os que morrem não alteram a maneira de ser da vontade, ao contrário, fazem parte dela que os descarta após terem se reproduzido. Todos eles estão no mundo para se replicarem em um círculo vicioso sem sentido orquestrado por uma vontade sem nenhum objetivo a não ser manter-se viva, através deles, para nada.
Sartre chega a conclusões próximas às de Schopenhauer sobre a condição humana. Ele mostra que somos uma consciência que é jogada no mundo. Livre, porque consciência (um ser para si), mas uma paixão inútil. O homem ao perceber o absurdo da condição humana sente angústia, náusea, desespero.
A importância da consciência no sentido da antropologia filosófica e não da teoria do conhecimento
E aí estamos no cerne da questão: nós somos seres dotados de consciência. E a consciência dialoga com o mundo e com nós mesmos enquanto corpo mortal e natural. A consciência filosofa. A consciência se angustia. Nós somos um ser para nós mesmos. Nos visualizamos como uma coisa entre coisas e outras consciências que nos coisificam. Ficamos abismados com o absurdo da nossa própria condição.
Schopenhauer depois de descrever as artimanhas da vontade dá como solução para a falta de sentido da condição humana a renúncia aos prazeres ilusórios do mundo e ver na consciência o instrumento pelo qual podemos escapar da vontade. Sugere que a consciência pode vencer a vontade da natureza pelo ascetismo. Barrando todos os truques (desejos) que a vontade utiliza usando nosso organismo, fruto de uma natureza que é a expressão da vontade, para nos iludir e fazer sofrer. Sugere a busca de uma paz para além do véu de maia. A renúncia aos prazeres do mundo, como propôs Schopenhauer, para resolver o absurdo da condição humana não me convence. A renúncia como uma estratégia circunstancial tem algum valor, mas como meta de vida, não.
A solução dos antigos gregos
Para mim foram os antigos gregos, não necessariamente todos os seus filósofos, que deram a melhor solução. Eles a mostraram nas suas tragédias e a estabeleceram na sua prática. Eles disseram nelas que o homem se afirma como homem quando luta contra seu destino. Seu destino é essa condição humana denunciada por Schopenhauer e Sartre séculos depois que eles intuíram magistralmente. Esse é o espírito da tragédia grega. A luta do homem contra um destino que o irá vencer no final. Entretanto, o homem, mesmo sabendo que será vencido, luta assim mesmo e, ao fazê-lo, afirma-se como homem. Quer dizer, dá um sentido à vida e assim transforma a angústia em heroísmo e então se apaixona por si mesmo. Nessa atitude se transforma em uma obra de arte. Inclusive vive se preparando diariamente para lutar, através do agoge (treinamento) para chegar ao arete (excelência), e se afirmar como homem. Prometeu desafiou os Deuses para afirmar sua humanidade. Daí minha admiração por Esparta e pelos gregos antigos. Só compreendendo a atitude de Prometeu, Aquiles, Pátroclo você entende os 300 de Esparta, o haraquiri dos samurais e o de Yukio Mishima.
Querendo ou não parte da humanidade sempre seguiu essa maneira grega de enxergar o mundo e o homem. Quer na ciência, nas mudanças sociais e em tudo aquilo que nos faz enfrentar o destino aleatório e sem sentido que a nossa condição humana nos condena. Esse é o otimismo e humanismo nos quais acredito.
Marx e Bakunin deram suas contribuições para nos fornecer os fundamentos e as estratégias para as lutas sociais. Sou apaixonado pelo materialismo histórico de Marx e pelo conceito de liberdade política de Bakunin. Cabe ao homem, através da luta contra o destino que lhe é imposto pelos deuses através da natureza e na sociedade pelas elites sociais, dar sentido a si e ao mundo.
E Nietzsche?
NITZSCHE SE PERDEU NA SUA ARROGANCIA CONTRA DEUS...........NITZSCHE NÃO ETENDEU QUE É NATURAL DO HOMEM O SOFRIMENTO QUE SO PODERÁ SER SUBLIMADO COM A CONFIANÇA FIRME NO DEUS VIVO QUE TODOS OS DIAS PROVA A SUA EXISTENCIA AO HOMEM DANDO LHE SEMPRE UM AMANHECER COM SOL, PÁSSAROS , NATUREZA PURA, DO CONTRÁRIO PODERÍAMOS SER FULMINADOS POIS NADA ABSOLUTAMENTE NADA MERECEMOS..............
ResponderExcluirE Nietzsche?
ResponderExcluircomplete o seu artigo!
e nos livre de sermos fulminados pelo deus vivo de israel e outras paragens...
vc nao crê porém todos os sinais estão se cumprindo, sao terremotos,, avalanches aquecimento global et - NO tempo de NOE enquanto ele construía a arca ninguem acreditou nele no entanto a palavra se cumpriu e o diluvio veio e destruiu a todos, para se livrar de seres fulminados cre no Senhor DEUS , todo poderoso e serás salvo tu e tua casa, teras uma nova vida nao para o comodismo mas com as armas certas para enfrentares as adversidades a palavra e a espada da Justiça empunhada.............
ResponderExcluirObrigado pela magnifica aula, professor.
ResponderExcluirArnaldo Cesar