ToNy PaChEcO
Eu não aguento mais, mas tenho que aguentar e denunciar: a mídia completamente destituída de compromisso com a verdade anunciando que no governo tal ou qual (federal, estadual, municipal) “aumentou em xis a quantidade de empregos gerados”.
Só não falam numa coisa que está disponível na Internet: quantas pessoas foram demitidas no mesmo período em que foram gerados os empregos?
Sim, porque o que interessa é o saldo entre empregos criados e empregos extintos.
Mas a mídia amestrada segue obedecendo as ordens dos seus amos e vende ilusões.
Só para se ter uma idéia, em 2009 divulgaram que no período "x" da democratização do País foram gerados 16,2 milhões de empregos com carteira assinada no Brasil, segundo o IBGE. Mas, no mesmo período, fui conferir na Internet, foram extintos 15,2 milhões de empregos.
Isto é, na real, foram criados apenas 1 milhão de empregos. Como, atualmente, a população brasileira cresce 2 milhões por ano, em média, temos que há um DÉFICIT de 1 milhão de empregos entre o que é criado e o que é lançado no mercado de trabalho à procura de um primeiro emprego ou de reemprego.
São 2 milhões de novos cidadãos por ano e, agora, quando vivemos uma procura de nossas “commodities” pelos emergentes (Rússia, Índia, China, entre outros), o governo Lula/PT só está conseguindo gerar 1 milhão de empregos ao ano.O déficit grita...
Na Bahia, não é diferente, é pior. Nos últimos 12 meses foram criados 109 mil empregos. Mas quase a mesma quantidade de pessoas empregadas foi demitida: 62% delas sem justa causa, a maneira que o empresário brasileiro encontra para achatar os salários. Demite você que ganha 1 mil reais sem justa causa e admite outro para ganhar 500 reais.
E assim, o empresariado brasileiro construiu, com o auxílio luxuoso do governo federal, um dos menores salários mínimos do planeta Terra.
E Salvador, como sempre, é a campeã do desemprego, gerando, em junho de 2010, por exemplo, 20.630 empregos e extinguindo (demissão) 19.416. Enquanto a média das capitais de estados é de 7% de desemprego, Salvador continua nos 12% de mão-de-obra economicamente ativa sem emprego, sendo que, destes desempregados, 63% o foram sem justa causa.
A CONVENÇÃO 158
E, aí, entra o fator Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), da qual o Brasil é membro, que determina que seja impedida a demissão sem justa causa do trabalhador em todos os setores econômicos.
O presidente Lula, que é o presidente de honra de um partido que diz ser “dos trabalhadores”, o PT, que significa, para os milhões que não sabem isso nem sabem nada, Partido dos Trabalhadores, não adotou a Convenção no Brasil.
Teve sete anos e meio para fazer isso. Em 2008, com medo da crise da “Bolha Imobiliária Americana”, Lula chegou a ameaçar os empresários de adotar a Convenção, mas preferiu emprestar dinheiro público aos milionários e incentivar a indústria automobilística em vez de segurar o emprego dos trabalhadores.
O Brasil continua a ser um país onde você pode ser demitido a qualquer instante, apenas porque seu patrão transou mal na noite anterior, ou tropeçou no cachorro ao sair da mansão no Encontro das Águas pela manhã quando ia dar sua salutar caminhada.
As centrais sindicais brasileiras (todas: CUT, CGT, Força Sindical e outras), curiosamente, não têm a Convenção 158 como bandeira de luta num país de desemprego crônico.
Mas, o melhor mesmo, é a “oposição” ao governo Lula. Que Dilma Rousseff nem fale em acabar com demissão sem justa causa, todo mundo entende, afinal, ela é a Dilma DUCHEFE. Mas José Serra pensa igual a ela e nem toca nesta questão. Marina Silva, a evangélica reacionária preocupada com a ararinha-azul, não tem a menor preocupação com o inferno em vida que é viver sem estabilidade no emprego.
Ou seja, os três principais candidatos a suceder Lula no Planalto, têm a mesma indiferença que ele em relação ao problema mais cruel das classes trabalhadoras brasileiras, que é a demissão sem justa causa.
E a mídia fica ca-la-di-nha, afinal, manda a boa educação que não se fale com a boca cheia, não é verdade?