segunda-feira, 3 de maio de 2010

Superpopulação & Capitalismo

Receita de paises ricos,

povos pobres e

planeta destruido



tony Pacheco

O discurso dos dois principais candidatos à Presidência do Brasil, Serra e Dilma, apontam na mesma direção: construir a quinta maior economia do planeta (hoje, patinamos entre a oitava e a nona posições).

No entanto, falta à nossa mídia amestrada a análise histórica desta pretensão. A pergunta é: qual país superpopuloso que ofereceu ao seu povo um alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) misturando modo de produção capitalista e superpopulação?

Vejamos a China. Desde o fim do poder do grupo de Mao Tsé-tung à frente do Partido Comunista Chinês e a ascensão do grupo de Deng Xiaoping, instalando um capitalismo misturado com o modo de produção asiático (como Max Weber define – autoritarismo político com controle dos meios de produção pelo Estado), que a China passou a ser de um dos países mais pobres do mundo (muito mais pobre que o próprio Brasil) à terceira economia mundial nos dias de hoje. O PIB chinês está próximo de passar o do Japão e especialistas apontam que a China terá uma economia maior do que a dos EUA até 2025 ou, segundo outros, muito antes disso.

Contudo, a China tem 1,4 bilhão de habitantes e sem esgotar boa parte das fontes de matérias-primas do planeta, os dirigentes chineses jamais oferecerão a este mundaréu de gente um nível de vida igual ao da maior parte dos americanos. Então, o que vemos, é uma China com cerca de 350 a 400 milhões de pessoas consumindo de forma parecida com os países desenvolvidos, e 1 bilhão vivendo pior que os brasileiros pobres, sendo que, pelo menos 400 milhões, em áreas rurais, vivendo na mesma miséria que viviam na época dos imperadores mandchus. Segundo a CIA e o FMI, a China é a terceira maior economia do mundo. O Banco Mundial acha que é a quarta, mas, de um jeito ou de outro, a renda per capita dos chineses é de 3,2 mil dólares anuais, isto é, estão em centésimo quarto lugar no mundo. E em termos de IDH, o 0,77 deles os coloca em nonagésimo segundo lugar, no mesmo nível da África.

Outro caso importante é a Índia. Os indianos ocupam a décima segunda posição entre os maiores PIBs do planeta, mas, com seus mais de 1,2 bilhão de habitantes, a renda per capita é de somente 1,017 dólares anuais, ou seja, centésimo quadragésimo terceiro lugar. E o IDH indiano é haitiano: 0,61, o que coloca a Índia em centésimo trigésimo quarto lugar. Resumo: a Índia é um país rico para mais ou menos 200 milhões de indianos e paupérrimo para os outros 1 bilhão...

E para não ficarmos apenas nestes dois casos sem jeito, os Estados Unidos da América, segundo CIA, FMI e BIRD, são a maior economia da Terra, com 14,5 trilhões de dólares de PIB (quase quatro vezes a economia chinesa), mas o fato de ter 300 milhões de habitantes, coloca a sua renda per capita em sétimo lugar no mundo e o seu IDH em décimo quinto lugar, isto porque, há, pelo menos, 50 milhões de americanos que vivem na pobreza e, destes, cerca de 26 milhões não têm onde morar e 40 milhões não têm atendimento de saude pública nem tampouco têm dinheiro para pagar saúde particular. Resumo: onde tem muita gente, mesmo quando se trata do país mais rico do mundo, há muita pobreza também.

A QUINTA MAIOR ECONOMIA

Em valores de hoje, o que Serra e Dilma querem é que o Brasil tenha um PIB do tamanho do francês, isto é, o dobro do nosso PIB atual de 1,481 trilhão de dólares.

Acontece, que com um PIB de 2,634 trilhões, os franceses, por controlarem a natalidade estritamente há um século, oferecem uma renda per capita aos seus 64 milhões de habitantes de 46 mil dólares anuais e um IDH “trés chic” de 0,96, o que torna os franceses o oitavo povo do mundo em qualidade de vida. Mas, também, os franceses eram 50 milhões em 1968 e, hoje, 42 anos após, são apenas 64 milhões.

Já o Brasil, se conseguir o posto de quinta economia mundial, dividirá o mesmo PIB da França por 200 milhões de pessoas, o que nos dará uma renda per capita de pouco mais de 13 mil dólares anuais, pouco diferente dos 8 mil dólares atuais. Hoje, somos a sexagésima renda per capita do mundo, passaríamos a ser, talvez, a quinquagésima. Melhora, mas fica a anos-luz do nível de vida de países como Luxemburgo, com 113 mil dólares anuais. Noruega, com 94 mil dólares. Suiça, 68 mil. Dinamarca, 62 mil. EUA, 55 mil dólares anuais por pessoa. Suécia, 52 mil dólares anuais por habitante. Espanha, 35 mil dólares anuais por cabeça. E, até o pequeno Portugal, teria seus habitantes duas vezes mais ricos que os brasileiros. E mesmo os argentinos e os chilenos continuariam a ter um nível de vida mais alto que o nosso, mesmo a economia brasileira sendo maior que a deles. Eles controlaram a natalidade há décadas. Nós, não.

O Brasil tinha 90 milhões de habitantes em 1968. Se mantivesse a população estável, aí sim, como quinta economia, seríamos um povo de alto nível de renda. Mas chegando perto dos 200 milhões de habitantes, nosso PIB teria que ser maior do que o do Japão para termos uma vida semelhante à dos japoneses.

Mas, aí, Serra e Dilma teriam que planejar quadruplicar nosso PIB e não duplicar. Só que exportando minério de ferro e suco de laranja, não dá, né não?

E MALTHUS ESTAVA CERTO

Quando o economista e biologo Thomas Robert Malthus lançou, em 1798, o livro “Ensaio sobre o princípio de população”, não foi bem aceito por religiosos e capitalistas que queriam muita mão-de-obra barata para a nascente indústria inglesa.

Durante o século passado, foi mais mal visto ainda, pois com os avanços tecnológicos, o capitalismo prometia o paraiso na Terra para breve.

Hoje, contudo, com o planeta à beira da exaustão, a natureza descontrolada e a miséria avançando sobre a África, Ásia e América Latina, Malthus volta a ser estudado com seriedade, pois o crescimento populacional do jeito que se vê no mundo nos últimos 200 anos, só levará à destruição do planeta e à miséria de bilhões de pessoas (aliás, como dissemos em artigo anterior, já levou..., pois quase 2 bilhões de pessoas hoje em dia têm dificuldade de conseguir um copo de água potável para beber por dia e, destes, 1 bilhão vivem na miséria absoluta).

Vivemos, nos países pobres como China, Índia, Brasil, Indonésia, Paquistão, Bangladesh, Nigéria, México, Egito, África do Sul, o que Malthus chamava de “praga biológica” – nasce muito mais gente do que morre e os meios de sobrevivência não crescem na proporção do crescimento da população. Só políticos corruptos, capitalistas gananciosos e religiosos sem caráter ainda defendem a natalidade desenfreada que nos levará ao aterrorizante número de 7 bilhões de pessoas em setembro deste ano. Cresça ou não a economia...

9 comentários:

  1. Não me canso de dizer, só vejo este tipo de reflexão no blog Inimigos. Voc^s estão de parabéns!

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  2. contra fatos não há argumento, nos ensina o dito popular:

    ou trocamos os nossos marcos civilizatórios de consumo ou estará decretado o fim da espécie humana...

    lamentável, pois somos - aparentemente - a única espécie que apreende (ou deveria) com seus erros e acertos.

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  3. nem tudo está perdido, pois tudo que aí está é uma construção histórica.

    portanto, cabe rever nossos paradigmas e tentarmos construir uma sociedade equânime na distribuição de suas riquezas.

    onde a prioridade seja a felicidade do homem e não o lucro...

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  4. não se esqueça que no Brasil pra pularmos de 90 pra 200 milhões houve a união da ditadura militar, da Igreja Católica das igrejs evangélicas e, principsalmente, da esquerda, de toda esquerda que acha que quanto mais miséria mais chances desle ficarem no poder.
    O Brasil nas mão dessa gent nunca terá futuro.

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  5. Pelo que voces dizem, estazmos num beco sem saída mesmo. Ou não foi isso que entendi?

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  6. António Joaquim de Sousa:

    "Mesmo neste momento de maior arrogância do sistema capitalista, que se travestiu em sociedade democrática e só por esse nome quer ser conhecido, e principalmente do seu Estado, quando a ideologia do Poder e da Sujeição se escutam em todo o lado, não se descortinam argumentos a favor de um sistema essencialmente - e historicamente - infame.

    A sua irracionalidade econômica e social é por demais evidente, a pequena ilha de abundância, cercada de pobreza, pode até ser o paraíso para a maioria dos que aí vivem. Só que não passa disso, uma ilha que é abastecida e financiada pelos que vivem fora dela. A multidão de esfomeados, desesperados ou conformados na miséria e que povoam as grandes regiões do planeta."

    http://www.ohomemrevoltado.blogspot.com/

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  7. EDSON LOPES
    SÃO PAULO, SÃO PAULO, BRAZIL
    Doutorando e Mestre em Ciências Políticas pelo Programa de estudos Pós Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP e especialista em marketing (ESPM). Autor de Política e Segurança Pública: uma vontade de sujeição (Rio de Janeiro: Contraponto, 2009).
    ..............................
    TERÇA-FEIRA, 4 DE MAIO DE 2010

    bioeconomia = biopolítica:

    A prova de que não há a possibilidade de entender a biopolítica fora do contexto da economia está numa tímida e curta referência de Foucault a Ricardo, Malthus e Marx. O problema da biopolítica, seu corte e seu desbloqueador, tem um lugar central em todo o pensamento da economia política: a população, a demografia. A partir de 1809 Ricardo estabeleceu com Malthus laços de amizade que não influenciaram em seus desacordos teóricos. Para Ricardo, o que faz com que a economia seja possível e necessária é uma perpétua e fundamental situação de escassez, frente a uma natureza por si mesma inerte e estéril, salvo em uma minúscula parte, o homem arrisca a vida. A economia, portanto, encontra seu princípio pelo lado dessa região perigosa onde a vida enfrenta a morte. E Malthus, na mesma época escreverá sobre as proporcionalidades logarítimas entre a progressão geométrica das populações e aritmética da subsitência. “Malthus , pensou essencialmente o problema da população como um problema de bioeconomia, enquanto que Marx tentou erradicar a noção de população, mas para reencontra-la em uma forma já não bioeconomica e sim histórico política de classe, enfrentamento de classe” (Segurança, Território e População, 105). Para Malthus, a sociedade se consome e deve consumir aquele que não tem para viver nem trabalho nem sustento e sua infelicidade deve recair apenas sobre ele mesmo. A economia política atribuiu aos 'incentivos' a pedra de toque da vida moderna. Entendê-los virou a chave para solucionar a relação risco/oportunidade ou, inicialmente, como explicitava Adam Smith em 1759, em Teoria dos Sentimentos Morais, liberdade individual/normas sociais. Estas construções teóricas foram fundamentais para caracterização histórica da sociedade civil, dos interesses de sociedade, demandas de sociedade. Hoje, vejo que o estudo da especialização do 'interesse', do 'incentivo' e da 'oportunidade', como categorias da economia são fundamentais para entender a garantia da sociedade frente aos fenômenos da escassez, à miséria e seus escopos, como a doença, o crime e a guerra. Frente a estes fenômenos a economia política se tornou fundamental tanto quanto a segurança. Teria a economia política lançado os métodos para o sistema de segurança?!

    http://politicasegurancaprotecao.blogspot.com/2010/05/nos-deparamos-em-alguns-momentos-com.html

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  8. Vcs tão certissimos. tá na hora de um freio de arumação né só neste negócio de população. tá na hora de dar uma parada pra pensar na economia tb. população tem que dimnuir, igual naEuropa e a economia tb tem que parar, dar uma parada feia mesmo pra arrumar tudo e começar de novo.

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  9. Nao. a economia politica lançou AS BASES E A METODOLOGIA PARA O SISTEMA DE INSEGURANÇA - VIDE A VIOLENCIA E A INSEGURANÇA QUE NOS RODEIA................POLITICOS -ECONOMISTAS........AH QUE PROCESSSSOOOOOOOOOOOOOO

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Se vai acusar alguém nominalmente, identifique-se e anexe as provas. Não vamos pagar indenização na Justiça por acusações que não fizemos.