sexta-feira, 28 de maio de 2010

Dois exemplos de jornalismo na veia

TonY PacheCO

Nós, jornalistas, temos um defeito profissional terrível: gostamos mais de bom jornalismo do que de dinheiro. Por isso, poucos de nós consegue ter uma velhice tranquila.
Mas, efetivamente, o bom jornalismo dá um prazer tão grande, tão inebriante, que parece jovem depois de cheirar uma fileira de cocaína: diante do bom jornalismo, o jornalista se sente poderoso, saudavelmente poderoso, sabendo que pode interferir na realidade, ao contrário da coca, onde se sente poderoso, mas depois vem uma ressaca e, muito rapidamente, a morte.
Mas, deixemos de nariz de cera: hoje, sexta-feira, 28 de maio de 2010, a “Tribuna da Bahia” deu um show de jornalismo em toda a midia baiana. Estampou na capa a manchete "E foi só um assalto?”, sobre a investigação-relâmpago sobre o assassinato do delegado Clayton Leão, um policial civil honrado que combatia os traficantes de drogas da área de Camaçari e que foi assassinado friamente e a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia concluiu, para enterrar o morto bem fundo, numa cova de 10 quilômetros de profundidade, que foi “um assalto”. Um simples assalto, onde os vagabundos chegaram ao requinte de queimar o carro que usaram para assaltar. Que assaltantes sofisticados para um simples roubo. Huuuuuuuummmmmmmmmm!!!

A “Tribuna” deu um banho ao indagar o óbvio que TODO MUNDO SE PERGUNTOU: ora, um delegado honesto que investiga e manda prender traficantes ser assaltado por uma quadrilha organizada na deserta Estrada da Cascalheira só para roubar o casal que estava num EcoSport? E a Polícia, em greve, chegar à “solução” do crime em algumas horas, depois que sabemos que 90% dos assaltos, roubos e assassinatos na Bahia não chegam aos criminosos e este, em menos de 24 horas, teve todo mundo preso e já “sabe” os motivos? E melhor, a TV, dirigida à população culta, rica e atenta da Bahia, dando os parabéns pela rapidez da ação...

Que lindo! Depois de CSI Las Vegas, CSI Miami e CSI Nova York, temos o CSI Bahia? Mais veloz que a elucidação de crimes dos investigadores da TV americana?

Parabéns, “Tribuna”, isto é jornalismo. Levantou a lebre.

Agora, a sociedade faça o resto.


E parabéns, “Correio”!

Passou batido pela mídia amestrada, mas a mais jornalística notícia de quinta-feira na imprensa baiana foi a dedicação de duas páginas à Pesquisa Mercer, que levantou as Melhores Cidades do Mundo em Qualidade de Vida.

O Brasil, Um País de Todos, só teve três cidades citadas: Brasília, centésimo quarto lugar (sic). São Paulo, em centésimo decimo sexto lugar (sic) e Rio de Janeiro, em centésimo décimo sétimo lugar (sic). Pior, mesmo, é saber, pelo "Correio", que economias menores do que a nossa tem cidades melhores que as brasileiras, como as canadenses Vancouver, Québec, Montréal. Ou a chilena Santiago.

Quer dizer, o Brasil, depois do governo Fernando Henrique/PSDB e do governo Lula/PT, após 16 anos, pulamos da condição de economia subdesenvolvida para a de oitava maior economia do mundo.

Mas a VIDA DAS PESSOAS, que é o que INTERESSA, piorou. Pois temos as cidades piores do mundo pra se viver.

A riqueza está crescendo. Sim, está. Mas em condomínios fechados para meia-dúzia de pessoas que vivem num Castelo de Versalhes, como Luís XVI e Maria Antonieta. Esquecem que a Queda da Bastilha, sempre demora, mas sempre vem...

Nossas cidades são feias, pobres, favelizadas, sem conforto, sem segurança, sem saneamento básico de qualidade, com vias destruídas, sem lazer de qualidade, enfim, cidades tristes.

Como diria meu amigo Clécio Max: o ser humano tem 200 opções de país para nascer. Nascer justamente no Brasil, é um azar desgraçado.

A matéria do “Correio” é jornalismo na veia, como diria um dos meus mestres, José Curvello.

Dá alegria de ler.


8 comentários:

  1. sou jornalista e acesso vcs logo de manha pra ver o que vem. e fica cada dia melhor. avante inimigos.

    ResponderExcluir
  2. nós ainda vivemos na época das sesmaria (brasil colônia), quando o "rei" distribuía às benesses entre os seus pares (coligados)...

    é o império do velho lema das senzalas & casas grande:

    farinha pouca, meu pirão primeiro (concentração de renda)!

    ResponderExcluir
  3. Seria pior se fosse nascer no Irá e assistir Lula desfilando em carro aberto kkkkkkkkkkkkkkk

    ResponderExcluir
  4. Amo o BRASIL MAS odeio os politicos e sua corruptela.....................CORRUPTOS CAUSADORES DA MISERIA... continuem fazendo mat´´erias assim.muito grato por ter o que ler sempre........

    ResponderExcluir
  5. Marteriazinhas superficiais "seu" Tony, a sua e a dos dois jornais. Qualquer pessoa sabe porque o delegado foi assassinado, porque o "assalto", qualquer POLICIAL FEDERAL honesto explica, basta que exista um repórter e um jornal disposto a publicar a matéria. Portanto, sua euforia é das passageiras porque é superficial. É o tráfico de drogas que está mandando na Bahia, com sede na Praça da Piedade, "seu" Tony... Quem não sabe? Quem tem coragem de publicar?

    A sociedade não vai fazer o resto porque fazer o jornalismo investigativo é tarefa dos jornalistas "seu" Tony.

    A maneira superficial com que você escreve sobre as grandes cidades brasileiras é de doer, é a prova que você não leu nada sobre a formação da sociedade brasileira: não leva em consideração o analfabetismo do povo, a ignorância cultivada dos dirigentes políticos e empresariais e a falta de conhecimento prático dos intelectuais e acadêmicos.

    Até a fundação de Brasília 90% da população brasileira morava até no máximo a 500 km do litoral, éramos um povo "caranguejo", vivíamos no litoral, diante disto é possível imaginar o que seriam as grandes cidades hoje sem a construção de Brasília...
    A tentativa de JK de interiorizar a distribuição da população com a construção de Brasília e muitas estradas foi respeitando a democracia e os direitos individuais, a liberdade de ir e vir, como é consabido.
    Fora desta tentativa só dois homens distribuiram a população de um Estado de maneira planejada: Stálin e Hitler, valendo-se de regimes totalitários.

    Acredito que no futuro será necessário uma distribuição da população de maneira racional pelo território nacional em uma óbvia utilização racional dos recursos naturais e em uma maneira possível de o Estado buscar ofertar possibilidade de qualidade de vida para os cidadãos com cidades redesenhadas, oferta de bens culturais, empregos, número estimado de habitantes e creio que até mesmo com os cidadãos escolhendo a cidade que desejam morar pelo perfil dos moradores, escolhendo com quem desejam conviver.

    O problema é que nem é possivel discutir esta hipótese com um povo analfabeto e uma corja de semi-analfabetos ocupando os postos estratégicos dos meios de comunicação, da universidade e da administração pública (governadores e prefeitos).

    Mas uma coisa temos que considerar: sua matéria é provocativa, mesmo sendo uma água com açucar.

    ResponderExcluir
  6. ASSINO EDMBAIXO.

    Ronaldo Casali.

    ResponderExcluir
  7. Fiz um comentário e não foi publicado; não receberam ou foi censurado? Me informem pois aí talvez eu não perca mais meu tempo escrevendo o que estes nobres anarquistas escrevem...

    ResponderExcluir
  8. Gostei do CSI BAhia hahhhhahhah
    Temos que manda este episódio para Las Vegas

    ResponderExcluir

Se vai acusar alguém nominalmente, identifique-se e anexe as provas. Não vamos pagar indenização na Justiça por acusações que não fizemos.