quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Polícia para quem não precisa
Acorda, Alice, você está na Bahia-ia-ia-ia, Brasil-il-il-il...
tony pacHECO
Quando a gente menos espera o futuro chega. No filme "Blade Runner - O Caçador de Andróides", realizado há mais de duas décadas, o diretor Ridley Scott mostra um futuro onde a atmosfera, superaquecida, provoca chuvas o tempo todo e onde as classes dominantes da sociedade se retiraram para condomínios de concreto dos quais elas só saem pelo ar. Jamais através de veículos terrestres.
Todo mundo achou um absurdo, na época. Eu, para desespero de meus amigos jornalistas e anarquistas, achei que aquele futuro ia chegar logo.
E, chegou.
Hoje, o "Correio" estampou na capa um esquema da Polícia Militar com o sindicato dos empreendedores imobiliários (um tal Secovi-BA, que eu nem sabia que existia), para dar segurança imediata a condomínios de classe média alta na Pituba, Itaigara, Loteamento Aquarius, Caminho das Árvores, Horto Florestal, Candeal e Graça.
É um esquema em que o porteiro dos condomínios de ricos e novos-ricos entra em contato direto com a Polícia e ela chega rapidinho para impedir delitos.
O jornal ficou indignado. A promotora pública Rita Tourinho chegou a dizer que "esse projeto é, no mínimo, uma imoralidade".
Ela está certa, mas, o que não é imoralidade na administração pública brasileira? A Saúde funciona para a maioria? A educação de qualidade funciona para maioria? Ah, então tá!
Esta é a questão de fundo.
A existência destes condomínios de luxo totalmente isolados do resto da cidade é aquilo que o americano chama de "cocooinização". É uma tendência mundial deste planeta de 6,7 bilhões de pessoas, caminhando célere para os 10 bilhões.
Não há segurança possível para tanta gente. Nem alimento. Nem casa. Nem água. Nem educação. Não há nada parecido com vida civilizada para tanta gente.
A tendência é a minoria dominante formar guetos de alto luxo e alta segurança e viver apartada do resto, nós, os moradores da periferia: nós, que quando chamamos o 190, nem conseguimos completar a ligação. E quando completamos, as viaturas da Polícia chegam quando os marginais já estão em Aracaju, Maceió, por aí...
Este convênio com bairro de rico serviu pelo menos para uma coisa (tudo tem um lado positivo): eu e outros otários notamos, FINALMENTE, que moramos na periferia de Salvador, na periferia do Brasil, na periferia do mundo e não no centro de decisões como pensávamos até hoje. Só tenho a dizer: bem-feito pra mim, e pra todo mundo.
Já nosso estagiário, ao ver a manchete do "Correio", foi mais realista que o jornal: "O pessoal tá se queixando de quê? Bairro pobre tem ligação direta. É o Disque Bala ou Bala Delivery - se um policial for atacado, eles entram no bairro pobre rapidinho e metem bala em todo mundo."
Este estagiário tem futuro.
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tem um ditado popular muito sábio que diz:
ResponderExcluir"quem tá por cima é quem mete!"
fudeu. agora buliram com a puliça.
ResponderExcluirnem sempre jack. pelo visto você nunca experimentou ficar em baixo e a mulher em cima.é bom viu...
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