domingo, 23 de agosto de 2009

Filme de terror


Velhinha desamparada implora a funcionária para não executar hipoteca

Ricardo Líper

O filme Arraste-me para o Inferno é, de fato, um terror. Como filme e não como tema. Entretanto, me permitiu - e eu fui assistir por isso - fazer um comentário importante. Eu vi o trailer. No trailer, uma ambiciosa mocinha trabalha em uma instituição de empréstimos. E ela nega-se a negociar a dívida de uma velhinha desamparada, como pareceu a ela. Uma velhinha repulsiva e indefesa, portanto, capaz de ser pisada como um papel amassado qualquer. Só que a inocente velhinha era uma bruxa e a amaldiçoa. A entrega aos cuidados de um demônio. Isso me cativou. O filme perde o fio da meada, exagera e cai numa sucessão de sustos e escatologia. Chega a parecer quase comédia, devido ao exagero. Mas o tema é importante.
O trailer é melhor do que o filme. Existem funcionários em qualquer lugar que são sádicos, inseguros e torturadores. Só são contidos por ameaças ou quando percebem que a pessoa que está diante deles tem poder ou está disposta a lhes subornar. Aí, abrem um imenso sorriso e passam da opressão fascista ao puxassaquismo. Eu divido as pessoas politicamente. As democráticas (que são tolerantes) e as fascistas. As primeiras procuram ser humanas e razoáveis. As segundas, não. São intolerantes, corruptas e sádicas. Capazes de cometer torturas impensáveis contra seus semelhantes. Saber distingui-las é a base das relações humanas. E dar-lhes os tratamentos merecidos é muito importante. Hitler morreu, mas seus filhotes ficaram vivos. É uma sabedoria saber identificá-los, neutralizá-los ou os enfrentar. Pena que não tenho habilidades para ciências ocultas para os amaldiçoar. Depois desse comentário e sabendo os defeitos do filme, querendo, insista.

Um comentário:

  1. Gostei do texto.O comentário é melhor que o filme.Indiscutível que existem pessoas ditas normais propensas a atos de crueldade terríveis.

    O Livro de Jó relaciona todas as formas imagináveis de sofrimento que se pode infligir a uma pessoa, dos mais sutis, tais como distorcer o conteúdo do que alguém fala, até o padecimento de doenças de pele que deixam o paciente em carne viva.

    Considero banalidade a condenação do sofrimento infligido por meio de violência física, por óbvia, constatado que nem os torturadores e criminosos de guerra se apresentam como tais.

    Existem inflições indiretas que causam enorme dor sem que no entanto o carrasco toque em sua vítima, por exemplo, a traição perpetradas por ingratos ou supostos amigos.

    Destas inflições cominadas por meios simbólicos a sociedade pouco cuida, mas nem por isso elas são menos danosas que o castigo físico.

    O assédio moral perpetrado por superiores hierárquicos, os famosos chefes, contra subordinados, humilhando-os, espezinhando-os, expondo-os ao ridículo, bem como a malícia de comentários sobre supostos defeitos físicos, características "raciais" já têm suas consequências conhecidas e estudadas, as doenças de cunho somáticos e a depressão são as mais comuns.

    Do meu ponto de vista, o que merece um estudo são os meios de defesa a serem oportunizados às vítimas deste tipo de agressão, pois se defender do próximo é uma arte que qualquer um precisa desenvolver, constatado que a vida de um ser humano entre outros seres humanos é aquilo que os místicos chamam de milagre, um efeito sem causa.

    Os estrategistas, aqueles que pensam os caminhos da vitória em uma situação de confronto, já desenvolveram alguma coisa que pode ser de utilidade.

    Sun Tzu ensina que na arte da guerra a primeira coisa que se deve fazer para se começar uma batalha com chances de vitória é conhecer o inimigo, seus pontos fortes, suas fraquezas, características típicas, o palco em que se desenvolverá a batalha e as armas apropriadas para o combate, bem como conhecer a si mesmo.

    Sun Tzu enfatiza o conhecimento de si mesmo como decisivo para uma batalha. Acredito que ele tem razão, pois existem pessoas que tem cara de vítimas, como uma presa pedindo um predador, donde, reforce a defesa, deixe claro que não vai ser vítima, tenha cuidado com as mensagens que você emite inconscientemente.

    Pessoas com cara de vítima não justificam atos de crueldade contra si, mas nestes casos a vítima precisa se cuidar, pois é como disse um personagem da peça de Jean P. Satre (Entre quatro paredes), que torturava sua mulher psicologicamente, ao ser perguntado porque o fazia respondeu: porque era fácil.

    Denfender-se do próximo que está próximo - pois o próximo longe é sempre uma pessoa maravilhosa -, é uma arte que precisa ser desenvolvida rápidamente por quem não tem vocação para predador nem para vítima, uma arte que se desenvolve pensando e trabalhando com antedência as respostas, estudando e conhecendo os algozes e seus meios para sempre que possível fazê-los imediatamente amargar a derrota de predador frustrado.

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